Atos em SP relembram 50 anos do assassinato de Alexandre Vannucchi

O Instituto Vladimir Herzog, a Comissão Arns e o Núcleo de Preservação da Memória Política realizaram no final da tarde de hoje (17) um ato em memória aos 50 anos do assassinato do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto durante a ditadura militar brasileira. O ato, chamado de Alexandre Vive! 50 Anos, ocorreu na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro da capital paulista, e encheu a Sala dos Estudantes.

Além da homenagem, o ato também serviu para cobrar das autoridades brasileiras uma revisão da Lei da Anistia para que os agentes do Estado responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura possam finalmente ser punidos por esses crimes.

“Chegamos 50 anos depois da morte do Alexandre com muitas inconclusões sobre as circunstâncias que levaram ele e outras milhares de vítimas da ditadura à morte, à tortura ou ao desaparecimento forçado. A principal lacuna, 50 anos depois, é a questão da responsabilização desses perpetradores”, disse Gabrielle Abreu, coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog.

O caso

Alexandre Vannucchi  Leme tinha apenas 22 anos e era um estudante de Geologia da Universidade de São Paulo (USP), recém operado do apêndice, quando foi preso, torturado e morto por agentes do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) paulista, um órgão subordinado ao Exército.

Nascido em Sorocaba, ele era filho de professores e militava na Ação Libertadora Nacional (ALN) na época de sua prisão. Segundo a Comissão Estadual da Verdade, ocorrida na Assembleia Legislativa de São Paulo, Leme foi visto pela última vez no dia 15 de março de 1973, assistindo aulas na USP. No dia 16 de março, ele foi preso por agentes do DOI-Codi e submetido a intensas sessões de tortura. Um inquérito policial instaurado na época informava que ele foi preso “para apurar atividades subversivas da ALN”. No dia seguinte à sua prisão, Leme morreu em decorrência das torturas.

Em entrevista hoje à EBC, Maria Cristina Vannucchi Leme, irmã do meio de Alexandre, lembrou da angústia da família ao saber que ele havia sido preso. “Só viemos a saber que alguma coisa havia acontecido quando ele não apareceu no final de semana em Sorocaba. Temos aniversários seguidos. Temos irmãs que fazem aniversário nos dias 21, 24 e 26 [de março]. E no dia 21 de março ele não veio e não ligou. Isso foi muito estranho porque ele sempre foi um irmão muito presente. Foi então que recebemos um telefonema informando que ele estava preso. Meu pai percorreu uma via sacra buscando o Alexandre. Mas a gente buscava o Alexandre vivo. Jamais passou pela nossa cabeça que ele já estava morto e enterrado como indigente”, contou ela.

“A ditadura tinha pressa em apagar os vestígios dos seus crimes. Então ele foi sepultado às pressas, com a cova coberta por cal para acelerar a decomposição [do corpo]”, completou.

Em um depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade, em novembro de 2012, Marival Chaves Dias do Canto, ex-servidor do DOI-Codi admitiu que Alexandre Vannucchi  Leme foi morto nas dependências daquele órgão. “O Vannucchi, a história que contam no DOI é que ele foi levado para a enfermaria, para fazer um curativo, se apossou de uma gilete e cortou o pulso, essa é a versão, mas isso não é verdadeiro. Essas pessoas morreram todas no pau de arara, todas sob interrogatório”. Antes disso, depoimentos prestados por presos políticos em 1973 já haviam negado a versão de suicídio.

“O Carlos Alberto Brilhante Ustra [comandante do DOI-Codi], que tinha como nome de guerra Major Tibiriçá, me falou: ‘Você é da Faculdade de Geologia [da USP]? Acabei de mandar o Minhoca [como era conhecido o Alexandre Vannucchi Leme] para a Vanguarda Celestial. Acabei de matar aquele [ele diz um palavrão] do Minhoca e é para lá que vou te mandar também”, contou hoje Adriano Diogo, que foi colega de faculdade de Vannucchi Leme e preso político, tendo chegado ao DOI-Codi poucos dias depois da morte de Vannucchi. Diogo esteve presente no ato realizado na USP.

Uma segunda versão dada pelos torturadores na época afirmava que ele teria morrido após um atropelamento ocorrido na rua Bresser, em São Paulo. Essa foi causa da morte colocada na certidão de óbito entregue à família.

Um ano depois do depoimento de Marival Canto à Comissão da Verdade, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a retificação da causa de morte de Alexandre Vannucchi Leme, com a retirada da causa da morte como provocada por “lesão traumática crânio-encefálica” causada por atropelamento. No lugar, o documento deveria atestar que Vannucchi foi morto por lesões decorrentes de torturas e maus-tratos sofridos quando estava nas dependências do DOI-Codi.

“Passaram-se longos 40 anos para que a família conseguisse retificar o atestado de óbito constando que ele foi morto em decorrência das sevícias praticadas pelo Estado brasileiro”, falou a irmã de Alexandre.

Também em 2013, a Caravana da Anistia declarou Leme como um anistiado político.

Ato

O ato realizado hoje na Faculdade de Direito da USP contou com a presença de familiares, ex-presos políticos, estudantes e diversas personalidades como o jornalista Juca Kfouri, o político José Genoíno e o ex-ministro Paulo Vannucchi.

Durante o evento foi inaugurada a exposição virtual Alexandre Vannucchi Leme: Eu Só Disse o Meu Nome, que apresenta fotografias, imagens, áudios e textos que narram a vida, a morte e o legado deixado pelo estudante para a luta por direitos humanos.

O encontro também promoveu a pré-venda do livro Eu Só Disse o Meu Nome, escrito por Camilo Vannuchi, jornalista e primo de segundo grau do estudante. O lançamento da obra está previsto para o meio do ano.

“É um livro biográfico, que conta a história da vida dele e também a morte, em detalhes, e tudo o que aconteceu depois, na luta pela memória, pela verdade, pela justiça. [O livro trata também] da retificação do atestado de óbito e da busca pelos restos mortais, que haviam sido ocultados e também um pouco também de como é crescer em uma família em que tem essa pessoa [morta pela ditadura]”, falou ele, em entrevista à Agência Brasil.

O nome do livro, segundo o autor, se refere à última frase que os presos políticos ouviram a vítima falar, já nas dependências do DOI-Codi. “É a última frase que ouviram dele, quando ele voltou da tortura para a cela solitária onde ele foi deixado”, contou.

Lei da Anistia

Assinada em agosto de 1979 após pressão popular, a Lei da Anistia pavimentou o caminho para a redemocratização do Brasil. Por meio dela, os presos políticos foram anistiados e os exilados por causa da ditadura militar puderam retornar ao país. No entanto, essa mesma lei permitiu a interpretação de que os torturadores jamais pudessem ser condenados por seus crimes. É por isso que as famílias clamam por uma revisão na norma, para que os torturadores, sequestradores e assassinos desse período possam ser responsabilizados criminalmente.

“A Anistia ampla, geral e irrestrita foi uma conquista do povo brasileiro e uma vitória. Os presídios foram abertos, todos os presos [políticos] soltos. Os exilados voltaram. E retomamos a luta pela democracia no Brasil. A Anistia é isso: a luta do povo pela sua liberdade. Mas impunidade não. Nós queremos que essas pessoas [os agentes do Estado responsáveis pelas mortes e torturas no período] sejam julgadas, processadas, condenadas e presas. Não há anistia para torturadores”, defendeu Luiz Eduardo Greenhalgh, que atuou como advogado na defesa de presos políticos da ditadura militar.

Para Gabrielle Abreu, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) julgar a revisão na interpretação da Lei da Anistia. “O STF é uma instituição central para reinterpretar essa lei. É uma lei à qual cabe revisão”, disse ela.

Enquanto a Lei da Anistia não é revista, a luta por responsabilização continua sendo uma bandeira para os familiares. “No Brasil não houve [responsabilização] por conta de uma interpretação da Lei da Anistia, equivocada, que foi ratificada e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2010. Então, [essa responsabilização] é uma busca ainda, uma construção que precisa ser feita”, disse Camilo.

“Essa é uma questão muito sentida não só pelos familiares do Alexandre, mas também pelos familiares dos 434 mortos ou desaparecidos políticos do Brasil. Enquanto não houver uma responsabilização desses atos, estaremos fadados para que eles voltem a ocorrer”, falou a irmã de Alexandre.

Depois do ato realizado hoje na USP, foi realizada uma missa em memória de Alexandre na Catedral da Sé, relembrando uma celebração ocorrida há 50 anos, pelo arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, que desafiou o cerco policial para denunciar a morte de Leme pela ditadura militar.

Leis frágeis ajudam expansão de garimpo ilegal na Amazônia, diz dossiê


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Um dossiê divulgado nesta semana aponta que o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia está relacionado à falta de fiscalização, omissão das autoridades, leis frágeis e vulnerabilidade das áreas exploradas.

Elaborado pela Aliança em Defesa dos Territórios, o dossiê “Terra Rasgada: como avança o garimpo na Amazônia brasileira” diz que os garimpos na região quadruplicaram entre 2010 e 2020.

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“Quando a gente fala de garimpo na Amazônia, logo a gente pensa em garimpo ilegal. E garimpo ilegal é igual a crime organizado. Quando a gente pensa em crime organizado, a gente está falando de ilegalidades, de crimes cometidos também pelo Estado brasileiro. Em quatro anos de governo, observamos vários tipos de envolvimento do governo em incentivar o garimpo”, afirmou a líder indígena Maial Kayapó, em entrevista à Rádio Nacional de Brasília.

Segundo o relatório, a pouca fiscalização e a ausência de um sistema eletrônico de controle têm facilitado a atuação de garimpeiros irregulares, que passam a ter em mãos a Permissão da Lavra Garimpeira (PLG). Concedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a PLG é a autorização para exploração de uma área pelo garimpo, limitada a 50 hectares para pessoas físicas e a 10 mil hectares para cooperativas.

A aliança, que reúne representantes dos povos kayapó, munduruku e yanomami, diz que várias licenças estão ociosas, ou seja, o permissionário não iniciou a operação no prazo de 90 dias como prevê a legislação.

Pesquisa mineral

A PLG não exige a realização de uma pesquisa mineral prévia para o licenciamento, o que, conforme o dossiê, facilita o surgimento de “garimpos fantasmas”, que servem para “esquentar” o ouro extraído ilegalmente em terras indígenas ou unidades de conservação.

O dossiê afirma, ainda. que houve uma “omissão institucional notória e generalizada” da ANM nos últimos anos. “O volume de ouro esquentado em garimpos fantasmas atesta a razão para o estabelecimento do limite de 90 dias. Segundo o estudo da UFMG, 6,3 toneladas de ouro (aproximadamente R$ 1,2 bilhão) foram produzidas em áreas ociosas. Esse tipo de esquentamento (ou lavagem) de ouro – em que o número do processo minerário declarado no ato de venda do minério remete a áreas sem evidência de exploração – será doravante chamado de lavagem grosseira”, diz o documento.

Em nota, a ANM afirmou estar comprometida com a fiscalização da mineração, observando as determinações técnicas e legais.

“Todas as nossas ações institucionais são no sentido de assegurar o pleno funcionamento do setor mineral. Recentemente, foram implementadas medidas que visam aprimorar a fiscalização e a transparência do setor. Entre elas, estão a criação de um painel de inteligência fiscalizatória, que permite a identificação de irregularidades e fraudes; o painel de fiscalização do ouro, que fornece informações sobre a produção e o comércio de ouro; e o sistema de primeiro adquirente, que garante maior transparência na alocação de recursos oriundos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral”, disse a ANM.

Os indígenas também relatam falha na supervisão das Distribuidoras de Títulos e Valores Imobiliários (DTVMs), instituições autorizadas pelo Banco Central a comprar e revender ouro por meio de Postos de Compra de Ouro (PCO). Segundo a Aliança, o Banco Central não pune instituições envolvidas na aquisição de ouro ilegal.

“A legalidade da origem do ouro é presumida: depende apenas da palavra do vendedor e da boa-fé do comprador, segundo a Lei 12.844/2013. Ainda que obrigadas a prevenir a lavagem, as DTVMs contam com relativa blindagem quanto à verificação das informações”, diz o texto.

Marco legal

O Banco Central informou, em nota à Agência Brasil, que não compete a bancos centrais, no Brasil e em outros países, fiscalizar atividades relacionadas ao garimpo e à extração de ouro. Mas que a instituição colabora para melhorar a ação do Estado no setor, como interação dentro da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e a Lavagem de Dinheiro (ENCCLA).

“Nesse sentido, o BC apoia iniciativas que possam aprimorar o marco legal para a fiscalização do comércio do ouro tais como, por exemplo, a revogação da presunção de legalidade na aquisição do ouro por instituição financeira e a exigência de nota fiscal eletrônica. O BC também apoia a criação de mecanismos privados que aumentem a rastreabilidade da cadeia produtiva do ouro”, afirmou.

A solução para o controle do garimpo, segundo o relatório Terra Rasgada, passa pela proteção integral das terras indígenas, como, por exemplo, o aumento da fiscalização, o bloqueio de estradas, a destruição de pistas de pouso clandestinas, de meios de transporte e maquinário e a interrupção de serviços como o de internet para os garimpos dentro das terras indígenas.

* Com informações da Rádio Nacional de Brasília

 

Petrobras cumprirá contratos assinados em processos de desinvestimento


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A direção da Petrobras não encontrou, até o momento, fundamentos que justifiquem a suspensão de projetos com contratos já assinados. A estatal, através de sua diretoria executiva, tem feito um estudo preliminar sobre processos de desinvestimentos em andamento iniciados no governo passado.

O Ministério de Minas e Energia (MME) havia solicitado formalmente à Petrobras a suspensão da venda de ativos por 90 dias, em razão da reavaliação da Política Energética Nacional que se encontra em curso e da instauração de nova composição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). “Os processos em que não houve contratos assinados seguirão em análise”, informou a empresa ao Conselho de Administração.

Regras

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A suspensão deveria respeitar as regras de governança da companhia e compromissos assumidos com entes governamentais, além de não colocar em risco interesses intransponíveis da Petrobras.

Em nota divulgada no dia 1º deste mês, a empresa informou que o Conselho de Administração ia analisar os processos em curso, “sob a ótica do Direito Civil e dentro das regras de governança, bem como eventuais compromissos já assumidos, suas cláusulas punitivas e suas consequências”.

O objetivo é que as instâncias de governança avaliem “potenciais riscos jurídicos e econômicos decorrentes, observadas as regras de sigilos e as demais normas de regência aplicáveis”. A companhia informou, na ocasião, que fatos julgados relevantes continuarão a ser divulgados ao mercado.

Lula recebe detalhes de nova âncora fiscal do governo


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Os detalhes da nova âncora fiscal que substituirá a regra do teto de gastos foram apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta sexta-feira (17), em reunião no Palácio do Planalto com integrantes da equipe econômica do governo federal. O encontro durou pouco mais de duas horas e contou com as presenças do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Ester Dweck (Gestão e Inovação) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento). 

Nenhuma das autoridades se pronunciou após o encontro. De acordo com o Palácio do Planalto, o presidente Lula ainda vai definir os próximos passos da elaboração do projeto e a data de divulgação do mesmo. Na última quarta-feira, Haddad disse não saber se as medidas serão divulgadas antes ou depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nas próximas terça (21) e quarta-feira (22). Daqui a uma semana, Lula embarca para uma visita de Estado oficial à China, e será acompanhado por uma comitiva com diversos ministros, incluindo o próprio Haddad. 

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A Emenda Constitucional da Transição, que liberou do teto de gastos R$ 145 bilhões do Bolsa Família e até R$ 23 bilhões em investimentos caso haja excesso de arrecadação, estabeleceu a obrigação de o governo enviar um projeto de lei complementar que substitua o teto de gastos até agosto. A equipe econômica, no entanto, antecipou o envio para março para dar espaço para o Banco Central (BC) baixar os juros ainda este ano e para dar tempo ao Ministério do Planejamento de elaborar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 conforme as novas regras.

Concluída pelo Ministério da Fazenda há duas semanas, a proposta do novo arcabouço fiscal também já foi analisada pelo Ministério do Planejamento, na semana passada.

Fazenda reduz previsão oficial de crescimento do PIB para 1,61%


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A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu de 2,1% para 1,61% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país). A estimativa para a inflação aumentou. As previsões estão no Boletim Macrofiscal divulgado nesta sexta-feira (17).

Segundo o Ministério da Fazenda, a projeção anterior, divulgada em novembro do ano passado, minimizava os efeitos dos juros altos sobre a economia e sobre o mercado de crédito. “Esses efeitos [desaceleração econômica] já foram parcialmente verificados durante o último trimestre de 2022, quando a economia teve retração de 0,2% na margem, e as concessões de crédito passaram a desacelerar de maneira mais acentuada”, destacou o relatório.

Segundo a SPE, tanto o setor de serviços quanto a indústria deverão ser afetados pela queda da demanda provocada pela alta nos juros e pela contração do crédito. “A desaceleração da economia deve ocorrer tanto no setor de serviços como no industrial. O elevado endividamento e o comprometimento de renda da população devem afetar o ritmo das atividades no setor de serviços.”

De acordo com o Ministério da Fazenda, a desaceleração da indústria e dos serviços deve ocorrer, mesmo com as medidas de proteção social previstas, como elevação real do salário mínimo, aumento da faixa de isenção de Imposto de Renda, o novo Bolsa Família e o Desenrola, programa de renegociação de dívidas.

Inflação

A projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 4,6% para 5,31%. A estimativa está acima da meta de inflação para o ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%.

Segundo a SPE, a inflação dos alimentos e de bens industriais deverá desacelerar nos próximos meses. No entanto, os preços monitorados (administrados) devem subir mais que o inicialmente previsto, o que justificou a revisão para cima da projeção para o IPCA.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para estabelecer o valor do salário mínimo e corrigir aposentadorias, deverá encerrar este ano com variação de 5,16%, conforme previsão da SPE, contra 4,9% previstos no boletim anterior, divulgado em novembro do ano passado. Na projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui o setor atacadista, o custo da construção civil e o consumidor final, caiu de 4,55% para 3,85%.

Outros parâmetros

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O relatório também atualizou as previsões para as contas públicas. A projeção de déficit primário (resultado negativo nas contas do governo sem os juros da dívida pública) caiu de R$ 125,99 bilhões, valor previsto no início do ano, para R$ 99,01 bilhões.

O valor incorpora o pacote de medidas fiscais anunciadas em janeiro. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que esperava uma queda do déficit para cerca de R$ 100 bilhões neste ano.

Quanto à Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), principal parâmetro usado para comparar o endividamento dos países, a previsão caiu de 79,1% para 77,6% do PIB.

Médio prazo

Apesar de reconhecer a desaceleração da economia em 2023, a SPE espera recuperação do crescimento em 2024, caso seja aprovada a nova âncora fiscal que vai substituir o teto de gastos, e a reforma tributária, o que permitiria a queda estrutural dos juros e estimularia o investimento e o consumo. A secretaria também prevê que a economia pode crescer mais nos próximos anos com a transição para um modelo de desenvolvimento baseado nas preocupações ambientais.

“O foco da expansão deverá ser a transição para uma economia sustentável de baixas emissões, com grande potencial a ser explorado nos próximos anos. Considerando esses fatores, a projeção é de aceleração do crescimento em 2024, para 2,3%. Nos anos seguintes, a atividade deve crescer entre 2,40% e 2,80% ao ano”, destacou o relatório.

BNDES bloqueia financiamento a 58 proprietários rurais que desmataram


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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bloqueou R$ 25 milhões em recursos de financiamento de 58 proprietários rurais envolvidos com desmatamentos irregulares.

Para verificar quem são os desmatadores ilegais, o banco tem usado dados de monitoramento do desmatamento do MapBiomas desde fevereiro deste ano. A ferramenta dotada de mapas de georreferenciamento aponta com precisão como está a cobertura e o uso do solo, em cada um dos biomas do país. A tecnologia permite detectar diariamente a derrubada de árvores.

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O BNDES cruza, então, as informações do MapBiomas com os registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para localizar os imóveis rurais. Antes de determinar o bloqueio, o BNDES confere, também, se existe autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o desmatamento legal da área identificada. Em caso negativo, o bloqueio do financiamento é realizado imediatamente.

Em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, avaliou as vantagens da tecnologia empregada.

“É inquestionável porque é imagem. Como questionar? É muito mais eficiente usar a tecnologia do que simplesmente mandar o fiscal descer na área, andar na propriedade, identificar problemas. A imagem de satélite é um salto revolucionário, é uma tecnologia disruptiva”.

Mercadante adiantou que os bloqueios de financiamentos vão ser a linha do banco, daqui para frente. “O BNDES vai ser implacável. Nós não aceitamos mais empresários criminosos que desmatam e têm financiamento em bancos públicos e também privados, porque estamos trabalhando com vários parceiros”.

Brasília (DF), 17/03/2023 - Entrevista exclusiva com o Presidente do BNDS Aloizio Mercante.

Entrevista exclusiva com o Presidente do BNDS Aloizio Mercante. – Antônio Cruz/Agência Brasil

Valores

Somente no primeiro mês da parceria com o MapBiomas, o BNDES bloqueou cerca de R$ 25 milhões destas 58 propriedades rurais, equivalentes a 1,3 mil campos de futebol. Os nomes dos proprietários não foram divulgados porque os processos seguem em sigilo bancário.

Contudo, o BNDES confirma que a maior parte das terras são unidade produtoras de soja e milho. De acordo com o banco, em fevereiro, os estados com os maiores bloqueios de crédito rural foram Tocantins, Pará, Rondônia, Paraná e Minas Gerais, com ocorrências em outras unidades da federação.

Do total de proprietários que perderam a concessão de crédito rural, três recorreram da decisão. As defesas alegam que possuíam licenças estaduais para desmatar. O BNDES vai analisar as documentações apresentadas nos recursos. Se houver fundamento legal, o financiamento volta a ser autorizado.

O presidente Mercadante destaca que a próxima etapa é, justamente, firmar parcerias com os governos estaduais para receber essas informações.

“Temos o desafio de ter acesso às informações de autorizações de desmatamento dos órgãos estaduais. Na próxima etapa, em um primeiro momento, vamos fazer um acordo com os estados da Amazônia, depois, com os outros biomas para a gente ter uma checagem completa”.

O BNDES envia ao Ibama as imagens de satélite do MapBiomas com a identificação das irregularidades. O objetivo é dar suporte ao instituto para tomar as providencias cabíveis para enfrentar o desmatamento ilegal, como multas e exigência de reparação dos danos.

Para voltar a ter acesso ao crédito rural, a propriedade onde foi detectada a ilegalidade precisará regularizar e reparar os danos à área devastada, perante os órgãos de controle ambiental.

Mercadante revelou que o pioneirismo da ação está sendo apresentado pela diretoria do BNDES, durante assembleia anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que ocorre no Panamá entre 16 e 19 de março.

“Nós estamos dispostos a assessorar, repassar e trabalhar em parceria. Seria muito bom, por exemplo, para os países da região amazônica usassem o mesmo instrumento. Isso seria um impacto muito grande, inclusive muito bem recebido pela comunidade internacional”.

“A crise climática não vai ser revertida, se o sistema financeiro não mudar. Se quem tem dinheiro e financia a economia não mudar os critérios de financiamento, a humanidade está em risco”.

BNDES verde

Em sua gestão à frente do BNDES, Aloizio Mercadante quer aumentar os investimentos do BNDES para o Brasil reduzir os impactos ambientais das mudanças climáticas. Ele citou o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES.

“Nós temos uma responsabilidade única. Ao mesmo tempo que nós temos que ter rigor e combater o desmatamento no Brasil, as emissões dos gases de efeito estufa, isso vai permitir atrair mais financiamentos, investimentos e alternativas. É o caso do Fundo Amazônia”.

O Fundo Amazônia já recebeu R$ 3,3 bilhões em doações, com R$ 1 bilhão da Noruega e R$ 200 milhões vindos da Alemanha. Mercadante ressalta que o Reino Unido e os Estados Unidos já manifestaram interesse em colaborar para o fundo.

No total, o fundo acumula cerca de R$ 5,4 bilhões, com R$ 1,8 bilhão já contratados para financiar projetos de preservação socioambiental. O restante ainda está disponível, conforme edital do banco. )

Liga dos Campeões: definidos os confrontos das quartas e o chaveamento


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A União das Federações Europeias de Futebol (Uefa) definiu por sorteio nesta sexta-feira (17), os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões, e o chaveamento dos times até a grande final, em 10 de junho, em Istambul (Turquia).  

O atual campeão Real Madrid, comandado pelo técnico Carlo Ancelotti, enfrentará o Chelsea (vencedor em 2021), do treinador Graham Stephen Potter.  Em busca do título inédito na competição, o Manchester City, de Pep Guardiola, medirá forças com o Bayern de Munique (campeão em 2021).  Milan e Napoli farão o primeiro clássico italiano na história das quartas do torneio, e a Internazionale de Milão disputará com o Benfica uma vaga nas semifinais.

Ao todo, 11 jogadores brasileiros entrarão em campo nesta fase da competição. A equipe do Real reúne Vinícius Júnioor, Roddrygo e Éder Militão, que disputaram a Copa do Catar com a seleção brasileira. No elenco do Benfica está o maior número de atletas brasileiros: David Neres, Gilberto, Morato e Lucas Veríssimo. O Brasil também estará representado com Thiago Silva (Chelsea), Juan Jesus (Napoli), Junior Messias  (Milan) e Ederson (Manchester City).

Chaveamento

Nas semifinais, o vencedor de Milan x Napoli disputará com quem triunfar no duelo Benfica x Inter de Milão. Na sequência, quem avançar no duelo City x Bayern pegará o vencedor de Real x Chelsea.

Calendário de jogos

Quartas de final

ida – 11 e 12 de abril

volta – 18 e 19 de abril

Semifinais

Ida – 9 e 10 de maio

Volta – 16 e 17 de maio

Final

10 de junho (sábado) – Estádio Olímpico Atatürk – em Istambul.

Ministra da Saúde diz que é preciso discutir o financiamento do SUS


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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro, que é preciso discutir o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Para ela, o tema é importante para que se garanta a efetivação do direito de toda a população à saúde.

“O gasto per capita da iniciativa privada é quatro vezes superior ao gasto per capita público do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse fato torna-se mais agudo com os aprendizados da pandemia, em que o próprio papel do sistema foi tão abordado de forma positiva”, disse, durante evento na Fundação Getulio Vargas (FGV).

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“Temos um sistema de saúde universal com problema de financiamento e com os desafios de estar encarando uma transição demográfica e epidemiológica”.

A ministra disse que é importante também haver investimentos contínuos em ciência, tecnologia e inovação em saúde.

“Em todo o mundo, falou-se muito que as vacinas [contra a covid-19] foram desenvolvidas em tempo recorde. Na verdade, se não houvesse investimentos anteriores [não haveria essas vacinas]. O caso da Universidade de Oxford [que produziu a vacina com o laboratório AstraZeneca] foi fruto de investimentos de dez anos contínuos no desenvolvimento de vacinas”, explicou.

Para Nísia Trindade é necessário que os cientistas mudem a forma de se comunicar com as pessoas, a fim de diminuir a desconfiança que parcelas da população têm em relação à ciência.

“Há uma necessidade de mudarmos a própria forma de comunicarmos a ciência. Ciência não é matéria de opinião. É matéria de construção a partir de evidências e consensos entre os pares [cientistas]. Isso é fundamental para a relação entre saúde e democracia. Nós nos baseamos na evidência científica mas precisamos fazer uma construção coletiva”.

Iphan recomenda novo estudo sobre impacto de parque eólico no RN e PB


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Parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recomenda estudos complementares sobre os impactos da construção do Complexo Eólico da Pedra Lavrada nos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

O parecer pede que a empresa explique o uso de explosivos e aponta o risco de soterramento de bens arqueológicos situados nos cursos d’água.

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A medida surge após entidades apontarem falhas em estudo ambiental da empresa responsável pela obra. Eles identificaram possíveis danos ao patrimônio histórico, arqueológico e paisagístico da região.

O empreendimento vai ocupar 1.600 hectares com a instalação de 372 aerogeradores, distribuídos em 27 parques eólicos em oito municípios.

O coordenador-geral de Licenciamento Ambiental do Iphan, Roberto Stanchi, explica que o processo de licenciamento do complexo eólico está na fase de estudos técnicos. Ele conta que o parecer do técnico é uma recomendação. “O que consta nesse documento são recomendações para que o Iphan verifique se de fato essas informações procedem ou não. E caso haja concordância com esse parecer técnico, que é a primeira etapa do processo de avaliação, o que o Iphan irá fazer é questionar o empreendedor sobre essas informações, se são verídicas ou não ou eventualmente solicitar estudos complementares, o que é natural também no processo de licenciamento.

Para o arqueólogo Joadson Silva, voluntário do Instituto Seridó Vivo, grupo responsável pela nota técnica que baseou o parecer do Iphan, a obra pode causar desmatamento, prejuízos às comunidades tradicionais e danos à fauna e à flora. 

Em nota, a Casa dos Ventos, responsável pela obra, esclarece que, durante a fase de implantação dos parques, as atividades de desmonte de rochas e de movimentação de terra seguem as melhores práticas da engenharia, sendo todas elas validadas com o Iphan no processo de licenciamento arqueológico.

Ouça na Radioagência:

 

Acidente com ônibus em rodovia paulista deixa três mortos e 21 feridos

Três pessoas morreram em um acidente com ônibus no quilômetro (km) 512 da Rodovia Régis Bittencourt, no município de Cajati, na região de Registro, interior paulista. As vítimas são dois adultos, um homem e uma mulher, e uma criança de 7 anos. O grupo de 50 passageiros e dois motoristas saiu do município de Lapa, no Paraná, e seguia para Aparecida, onde fica o santuário da padroeira do Brasil.

O motorista, que saiu ileso, informou à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que perdeu o controle na curva e acabou tombando sobre a faixa da esquerda. Além dos passageiros mortos, seis ficaram gravemente feridos e foram socorridos no Hospital Regional de Pariguera-Açu. Quinze pessoas tiveram ferimentos leves receberam atendimento no Pronto Socorro de Cajati.

Ainda de acordo com a PRF, o ônibus de turismo tinha autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O disco tacógrafo estava com problemas e, por isso, não foi possível verificar a velocidade no momento do acidente. O ônibus foi removido para o km 500-N, no Posto Real de Cajati.