Covid-19: vacina bivalente está disponível para públicos prioritários


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A partir desta segunda-feira (21), todos os grupos prioritários já podem ser vacinados com a vacina bivalente contra a covid-19. Segundo orientação repassada na sexta-feira (17) pelo Ministério da Saúde, os estados e municípios devem começar a chamar as pessoas para se vacinar com a dose complementar.

O imunizante bivalente da Pfizer começou a ser aplicado no fim de fevereiro, dentro do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado no último dia 27, nos idosos com mais de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

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De acordo com avaliações locais, a vacinação poderia avançar para os outros públicos prioritários, desde que os primeiros tivessem atingido uma boa cobertura. Até o momento, segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas mais de 4,1 milhões de doses de reforço com a vacina bivalente, disponível apenas para quem completou o ciclo básico com duas doses e recebeu os dois reforços iniciais há pelo menos 4 meses.

As vacinas bivalentes da Pfizer oferecem proteção contra a variante original do vírus causador da covid-19 e contra as cepas que surgiram posteriormente, incluindo a Ômicron, variante de preocupação no momento. A Agência Nacional de  Vigilância Sanitária (Anvisa) já atestou a segurança das doses disponíveis no Brasil

Público prioritário

Podem se vacinar contra a covid-19 com a quinta dose bivalente os idosos de 60 anos ou mais de idade, população privada de liberdade, adolescentes cumprindo medidas socioeducativas, funcionários do sistema de privação de liberdade, gestantes e puérperas e trabalhadores da saúde.

A vacina também está disponível para adolescentes e adultos a partir dos 12 anos dentro dos grupos prioritários: pessoas vivendo em instituições de longa permanência e seus trabalhadores; pessoas imunocomprometidas; indígenas, ribeirinhos e quilombolas; e pessoas com deficiência permanente.

O Ministério da Saúde reforça a necessidade de vacinação para proteger contra as formas graves da covid-19, que matou quase 700 mil pessoas no Brasil desde o início da pandemia, em 2020.

Comércio Exterior fixa taxa para importação de pneu de carga e resina


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A volta da tarifa de 16% para importação de pneus de carga deve ser publicada até terça-feira (21) no Diário Oficial da União. A decisão foi tomada na última semana pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em sua primeira reunião no novo governo.

De acordo com o órgão, a decisão revoga a resolução Gecex nº 148, de 20 de janeiro de 2021, norma que havia zerado a tarifa para a importação de cinco modelos de pneus de carga. O órgão destaca, em nota, que a medida incentiva a fabricação nacional dos produtos.

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“A medida é uma boa notícia para os fabricantes de pneus nacionais, que vinham enfrentando queda na produção causada pelo aumento de importados e, com os estoques cheios, ameaçavam paralisar a produção e realizar demissões. Com o fim da isenção tributária aos pneus de carga importados, a indústria já sinalizou com o recuo em seus planos de demissão”, diz a nota.

Resinas plásticas

Em outra medida, o Gesex decidiu recompor as alíquotas de importação de quatro resinas plásticas, elevando as tarifas de importação para 11,2% com a retirado dos produtos da Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec).

A redução das taxas de importação haviam sido impostas por resoluções publicadas em julho e agosto do ano passado para os copolímeros de etileno, copolímeros de propileno, PVC obtido por processo de suspensão e Politereftalato de etileno, o PET.

“A imposição das reduções das alíquotas teve consequências danosas para o setor químico brasileiro, com o aumento das importações e queda de preço de venda das resinas nacionais. O segmento já havia registrado paralisação em, pelo menos, uma linha de produção de resina PET, em Pernambuco”, afirmou o Gecex.

A íntegra das deliberações da reunião da Camex está disponível no site da Camex.

Com pódio 100% mineiro, Cruzeiro conquista sul-americano de vôlei


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O Sada Cruzeiro conquistou, pela nona vez, o título sul-americano de vôlei masculino. Neste domingo (19), a equipe celeste superou o Itambé Minas Tênis Clube por 3 sets a 1, com parciais de 25/21, 25/19, 23/25 e 25/17, no Ginásio General Mário Brum Negreiros, em Araguari (MG), cidade que recebeu a competição. A vitória assegurou à Raposa uma vaga no próximo Mundial de Clubes da modalidade.

A decisão repetiu a de 2022, também vencida pelo Cruzeiro, que é o maior campeão sul-Americano. Na ocasião, a Raposa bateu o Minas por 3 a 0, no Ginásio Poliesportivo do Riacho, em Contagem (MG). Neste ano, os cruzeirenses já haviam conquistado a Copa Brasil, ao derrotarem o Farma Conde Vôlei, de São José dos Campos (SP), na final, por 3 a 0, na Arena Jaraguá, em Jaraguá do Sul (SC).

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Antes de encarar o Minas na final, o Cruzeiro passou por Bohemios (Uruguai) e Policial Vóley (Argentina), na primeira fase, ganhando de ambos por 3 sets a 0. Nas semifinais, a Raposa derrotou o anfitrião Araguari, também sem ceder sets. Os vice-campeões, por sua vez, derrotaram UPCN (Argentina) e Murano (Chile) por 3 a 0, na etapa de grupos, e se classificaram à decisão ao fazerem 3 a 1 no Ciudad Vóley (Argentina).

A conquista reforça o bom momento do Cruzeiro, que lidera a primeira fase da Superliga Masculina, com 18 vitórias em 21 jogos. Curiosamente, duas das três derrotas foram justamente para o Minas – ambas por 3 a 1. O time minastenista, segundo colocado da Superliga, buscava seu terceiro título sul-americano, o primeiro desde 1985, mas acabou amargando o quinto vice-campeonato.

O pódio do Sul-Americano acabou 100% formado por times de Minas Gerais. No duelo pelo terceiro lugar, o Araguari bateu o Ciudad Vóley por 3 sets a 2, com parciais de 25/22, 20/25, 25/16, 18/25 e 15/13. Foi a primeira participação do clube do interior, que disputou o evento como convidado. A equipe ocupa o nono lugar na Superliga e tenta classificação às quartas de final.

Embrapa promove orientações sobre uso eficiente de fertilizantes


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A Região Sudeste recebe nos dias 21, 22, 23 deste mês a Caravana Embrapa Fertbrasil, que vai divulgar, nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, a importância do manejo sustentável dos solos para o uso adequado de fertilizantes, visando a boa produtividade das lavouras. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site.

Segundo informação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Rede Fertbrasil, os participantes receberão informações sobre planejamento agrícola, boas práticas para uso eficiente de fertilizantes, novas tecnologias para suprimento de nutrientes às plantas, utilização de ferramentas digitais e sistemas de informação, e tecnologias e prática de manejo para sustentabilidade agroambiental.

Atividades

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As atividades acontecerão sempre no período da manhã, das 8h às 12h30. No estado do Rio de Janeiro, os eventos serão realizados em Nova Friburgo, no Espaço da Moda da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), no dia 21 e, em Campos dos Goytacazes, no dia 22, no auditório do Sindicato Rural de Campos. A Caravana encerra as atividades na Região Sudeste na quinta-feira (23), no município de Venda Nova do Imigrante (ES), no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Se o interesse for específico para um dos eventos, as inscrições podem ser feitas nos endereços, em Nova Friburgo; Campos dos Goytacazes; e em Venda Nova do Imigrante.

Caravana

A Caravana Embrapa Fertbrasil já passou por 31 cidades em nove estados brasileiros, tendo iniciado sua caminhada em 2022. Este ano, continuará percorrendo as principais regiões agrícolas do país para levar informações e conscientizar os técnicos e produtores sobre o manejo adequado das culturas. O objetivo é potencializar a eficiência econômica e agronômica dos fertilizantes e insumos, itens que contribuem para elevado custo de produção das culturas, segundo a Embrapa.

Rio de Janeiro vai investir R$ 5,5 milhões em 110 projetos literários


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A Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro abre nesta segunda-feira (20) as inscrições para o edital Literatura Resiste RJ. A chamada pública vai investir R$ 5,5 milhões no financiamento de até 110 projetos literários de fomento à cadeia literária do estado.

As inscrições começam às 18h de na segunda e se estendem até as 18h do dia 10 de abril, pelo site da Secretaria de Cultura. O edital vai premiar propostas em três categorias e cada projeto será premiado com R$ 50 mil.

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A primeira categoria premiará 50 projetos com foco na continuidade de projetos literários, como contação de histórias, oficinas, concursos literários, saraus, publicação de livros em coleções literárias existentes, entre outros.

“Se você tem um projeto de continuidade, não importa a linguagem, pode ser projeto literário teatral, audiovisual, sonoro ou textual, a gente quer te ajudar a continuar fazendo”, explica o superintendente de Leitura e Conhecimento da Secretaria Estadual de Cultura, Yke Leon.

Já a segunda categoria vai incentivar 20 projetos de criação de feiras literárias. “Tem muita gente aqui no Rio que fala ‘meu sonho é ter um festival literário aqui na minha cidade, uma festa literária aqui na minha comunidade’. A gente quer que você realize esse sonho e faça esse festival”, afirma Leon.

Por fim, a terceira categoria será voltada para estimular 40 projetos de manutenção de bibliotecas comunitárias.

“As bibliotecas comunitárias são um importantíssimo braço. Sobretudo nos lugares onde o Estado não dá conta de chegar, a biblioteca comunitária está lá, dialogando com 300, 400, 500 crianças, jovens e adultos”.

Após cortes, Yuri Alberto e Bremer são chamados à seleção brasileira


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O zagueiro Bremer, da Juventus (Itália), e o atacante Yuri Alberto, do Corinthians, foram convocados à seleção brasileira masculina que enfrenta Marrocos em amistoso no próximo sábado (25), às 19h (horário de Brasília), no Estádio Ibn Batouta, na cidade marroquina de Tânger. Eles substituem Marquinhos, do Paris Saint-Germain (França), e Richarlison, do Tottenham (Inglaterra), ambos lesionados.

Presente na última Copa do Mundo, Bremer esteve em duas partidas no Catar: a derrota por 1 a 0 para Camarões (titular) e a goleada por 4 a 0 sobre a Coreia do Sul (entrou na etapa final). O zagueiro de 25 anos defendeu o Brasil em três ocasiões. Yuri Alberto, por sua vez, recebeu a primeira oportunidade na seleção principal. Ele já havia sido chamado às equipes sub-20 e pré-olímpica. O atacante fez 22 anos no sábado (18), justamente quando foi informado da convocação.

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Marquinhos sofreu uma lesão abdominal no último dia 8 de março, na derrota do PSG para o Bayern, por 2 a 0, na Allianz Arena, em Munique (Alemanha), pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. Segundo o time francês, o zagueiro ainda está em recuperação e treinando separadamente do elenco.

Richarlison, por sua vez, saiu de campo chorando, logo aos cinco minutos do primeiro tempo, no empate do Tottenham com o Southampton, por 3 a 3, no St. Mary’s Stadium, na casa do adversário, pela 28ª rodada do Campeonato Inglês. O clube do atacante não divulgou qual a lesão, mas informou ao médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, que o atleta não teria condições de atuar no sábado.

O duelo contra Marrocos será o primeiro compromisso do Brasil desde o Mundial do Catar. Ainda sem técnico após a saída de Tite, a equipe será comandada por Ramon Menezes, treinador da seleção sub-20, que foi campeã sul-americana da categoria.

Hip Hop fará parte de rodadas de negócios culturais fora do Brasil


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Estão abertas, até as 18h do dia 31 de março, as inscrições para seleção de empreendedores culturais que representarão o Brasil na 7ª edição do Mercado de Indústrias Culturais Argentinas (MICA). O evento ocorre entre os dias 1º e 4 de junho, no Centro Cultural Kirchner, em Buenos Aires, e pela primeira vez, o governo brasileiro levará realizadores do hip hop para rodadas de negócios e atividades formativas fora do país.

No início deste mês, o Ministério da Cultura (MinC) lançou edital para selecionar 90 empreendedores culturais e criativos de nove setores — audiovisual, circo, dança, teatro, design (incluindo moda), editorial, hip hop, música e jogos eletrônicos. O edital destinará R$ 793 mil para viabilizar a ida e permanência dos selecionados na capital argentina, bem como o seu retorno ao Brasil.

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Os interessados em participar da seleção devem se inscrever na plataforma Mapa da Cultura. Até a última sexta-feira (17), foram recebidas mais de 300 inscrições.

“Com o evento, os ministérios da Cultura do Brasil e da Argentina esperam impulsionar encontros entre os desenvolvedores, programadores, editores, diretores, produtores, técnicos e demais gestores culturais de todos os setores. A proposta de trabalho conjunto quer levar adiante uma valiosa agenda bilateral que vincule os setores das indústrias culturais, que dinamize os intercâmbios comerciais, artísticos e intelectuais entre os dois países, e que promova a associação e complementação das cadeias de valor da economia da cultura”, informou o MinC, na ocasião da abertura do edital.

No ato da inscrição, os empreendedores culturais deverão escolher o perfil de participação, como vendedor ou comprador. Entre os critérios de avaliação estão a diversidade, a representatividade, a inclusão e a criatividade das propostas. O edital obedecerá, ainda, ao critério de distribuição regional, de forma a contemplar, pelo menos, um vendedor por região brasileira, em cada setor.

O MinC também estabeleceu critérios regionais para liberação dos recursos, ou seja, cada pessoa selecionada receberá o valor de apoio correspondente à região em que mora, devendo apresentar comprovante de residência para verificação da informação. Os valores variam de R$ 7.740 para Região Sul a R$ 9.639 para selecionados da Região Norte.

Novidades

O edital está disponível na plataforma Mapa da Cultura. Na área do hip hop, por exemplo, podem concorrer produtores, grupos, companhias, coletivos, associações, cooperativas, redes, agentes, corpo técnico e artistas, performance e projetos multidisciplinares envolvendo os elementos do hip hop, que são breaking individual ou grupo; DJ individual, grupo ou beatmakers; graffiti; MC e beatbox individual ou grupo; batalhas de MC’s, beatbox, beatmakers, breaking e DJ´s; e outros projetos multidisciplinares como debate, exposição, intervenção artística, vivência em podcast, literatura, palestra, sarau ou slam.

Em comunicado, o MinC explicou que outra novidade é que, pela primeira vez em editais de Mercados Criativos voltados à seleção de empreendedores culturais, as artes cênicas estão em setores separados. “A mudança pretende garantir a mesma quantidade de vagas dos demais setores para o teatro, a dança e o circo, que até então ‘competiam’ pelas vagas dentro do setor das artes cênicas”, diz.

Criado em 2011, o MICA é o evento central do sistema de políticas públicas voltado, exclusivamente, para a comercialização de produtos e serviços e para o fortalecimento dos diversos setores da indústria cultural na Argentina, em nível internacional. O mercado tem uma programação pensada para o fortalecimento dos vínculos institucionais, comerciais e artísticos entre os países. Ele visa, ainda, estimular reuniões entre instituições governamentais de cultura da Argentina e de outras nações, além de incentivar a celebração de acordos de cooperação entre instituições culturais públicas e privadas.

Piso histórico soterrado vira mistério no Palácio do Catete, no Rio


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Crianças uniformizadas de azul se sentam na grama com pranchetas debaixo de enormes palmeiras. Com a orientação de uma professora, elas desenham o cenário: um jardim tropical de um palácio, com lagos, chafariz e um enorme coreto.

Idosos caminham e casais passeiam de mãos dadas no parque. A poucos metros dali, outros desenhos intrigam uma arqueóloga, uma museóloga e uma arquiteta: ladrilhos hidráulicos com mais de 150 anos, pintados à mão na Inglaterra pelo mais nobre fabricante de pisos vitorianos emergiram de um buraco cavado para a passagem de tubulações de esgoto.

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Não há registro desses ladrilhos em nenhuma planta daquele palácio, mesmo que ele já tenha sido o centro do poder no Brasil, como a sede da Presidência da República e residência oficial de presidentes por mais de meio século.

“Tem muita camada de história nesse lugar”, disse a museóloga Isabel Portella, figurativamente. “Um período vai suplantando um outro, e, além de a gente ter a história que aconteceu aqui dentro, abaixo também tem muita história. Camadas de história para cima, e outras camadas históricas para baixo”.

Sonho de JK

Isabel é servidora do Museu da República, criado no Palácio do Catete depois que a capital do Brasil foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília em 1960. Enquanto planejava a mudança, era nesse palácio que o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK) sonhava com a capital do futuro.

Antes disso, Getúlio Vargas morou e governou o país do palácio durante seu governo e também terminou nele sua vida, ao se suicidar no dia 24 de agosto de 1954, aos 72 anos. Também foi desse palácio que Venceslau Brás declarou guerra à Alemanha em 1917, já no fim da Primeira Guerra Mundial, depois que a Marinha Imperial Alemã afundou navios mercantes brasileiros. 

Diante de tanta história documentada, nenhum registro dá qualquer pista de qual possa ser a origem dos ladrilhos hidráulicos encontrados um dia antes do carnaval de 2023, no dia 16 de fevereiro. Isabel Portella é especialista no assunto, tendo mapeado todas as 47 padronagens de ladrilhos que existem no Palácio do Catete. Ela pode garantir que a descoberta tem a mesma qualidade que os pisos usados no hall de entrada e em outras áreas do museu, importados da Inglaterra na época da construção, entre 1858 e 1867. 

Chefe do núcleo de arquitetura e diretora substituta do Museu da República, Ana Cecilia Lima Santana contou que a presença de descobertas arqueológicas nos subterrâneos do Museu da República na verdade não é tão surpreendente. Mas algo da dimensão do que foi achado dessa vez deixou todos os especialistas da casa sem respostas.

Escavações

“A gente sabe que, nos jardins do palácio, a gente pode encontrar qualquer coisa nas escavações. Por isso, sempre tem que ter um arqueólogo junto em qualquer interferência que se faça, para qualquer mínima passagem de tubulação. É um jardim histórico que passou por muitas modificações. A gente só não imaginou que ia encontrar algo desse tamanho”, afirmou.

“A gente não tem nenhum relato do que pode ter sido isso. As plantas mais antigas que não mostram nada construído aqui. Os documentos mais antigos não mostram nada nessa área”, acrescentou.

As escavações feitas no jardim para a passagem das novas tubulações de esgoto já haviam se deparado com pedaços de louça, vidro e cerâmicas, mas todos minúsculos, contou a arqueóloga Beth Modesti Simões, que foi quem encontrou o ladrilho cavando com uma picareta.  

“Percebi que tinha alguma coisa e disse: espera aí, vamos devagar”, lembrou ela. “Quando achei esse ladrilho, reparei a qualidade. Ele tem as iniciais do fabricante, então, não temos dúvidas que é Minton. Esse fabricante era renomadíssimo, ele fez um restauro na Catedral de Westminster [no Reino Unido]”, disse Beth. 

A catedral em questão é famosa pelos casamentos, coroações e funerais da família real britânica. Beth agora trabalha na confirmação do que foi encontrado, escavando mais para descobrir qual é a dimensão real da área ladrilhada, já que apenas pouco mais de um metro já foi revelado. Depois que toda a área for aberta, ainda faltará a resposta sobre qual estrutura havia recebido um ladrilho tão nobre no meio do jardim. 

“É um trabalho de arqueologia histórica, em que você cruza os artefatos que você encontrou, a cultura material dessa época, com os documentos que você descobre em arquivos e plantas”, detalhou ela, que trabalha no Instituto de Arqueologia do Brasil, acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

As três pesquisadoras têm suas próprias especulações. Elas vão desde testes feitos para mostrar as padronagens ao antigo dono do casarão até a possibilidade de um pórtico, com uma entrada alternativa para o jardim, que já foi ampliado diversas vezes. Há ainda relatos pouco esclarecedores de que pode ter havido ali uma casa construída para a sogra do Barão de Nova Friburgo, o responsável por construir aquele palácio luxuoso com um jardim que terminava na areia da praia.

Nobreza escravocrata

Mas como um casarão tão suntuoso a ponto de ser um palácio presidencial foi construído para ser a residência de uma família nobre no século 19? Entre ladrilhos hidráulicos ingleses, vitrais alemães e colunas de mármore, o luxo e o requinte da residência exemplificam o poder econômico da elite cafeicultora e escravista, da qual o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, era um destacado representante.

Barão e Baronesa de Nova Friburgo ao lado de maquete do Palácio do Catete, em retrato em óleo sobre tela de Emil Bausch (1867)

Barão e Baronesa de Nova Friburgo ao lado de maquete do Palácio do Catete, em retrato em óleo sobre tela de Emil Bausch (1867) – Arquivo

“Ele construiu a maior parte da fortuna dele com o tráfico de pessoas escravizadas”, definiu a arqueóloga Beth Modesti. “Era uma atividade que gerava uma fortuna enorme para todos eles”.

Um estudo publicado na Revista Maracanan, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pelo historiador Rodrigo Marins Marretto, contabiliza que, em apenas quatro anos, de 1827 a 1830, o Barão de Nova Friburgo foi responsável pela vinda forçada de mais de 3,3 mil pessoas escravizadas da África para o Brasil, em oito viagens. 

Os principais portos em que o barão comprou pessoas escravizadas foram Quilimane, Cabinda, Luanda e Inhambane, e os desembarques eram sempre realizados no Rio de Janeiro. 

Ao todo, 306 pessoas morreram no percurso pelo Oceano Atlântico, e as demais foram vendidas ou compuseram o enorme contingente de escravizados, o que o transformou em um dos maiores cafeicultores do interior do Rio, garantindo um título de nobreza a um homem que poucos anos antes trabalhava no comércio.

“Era o tráfico de escravos que permitia um primeiro ciclo de enriquecimento que, através dos capitais acumulados, transbordava para as áreas agrícolas da Província fluminense e contribuía para a montagem de um sistema agrário complexo e variado”, explicou  artigo publicado pelo historiador.

Sob sua propriedade, o barão chegou a acumular 2.180 pessoas escravizadas e 15 fazendas. Sua riqueza e influência fizeram com que buscasse um lugar de destaque para morar na capital, mais perto da sede do Império Brasileiro, cuja sustentação política era inseparável da elite escravista.

Foi, então, que iniciou a construção do Palácio do Catete, no qual o barão e a baronesa residiram por pouco tempo. A imponente construção neoclássica de três andares ficou pronta em 1867, e o barão morreu em 1869. Sua esposa, a baronesa, em 1870. O palácio permaneceu na família até 1889, quando foi vendido por um dos filhos do casal, o conde de São Clemente. 

Nos sete anos seguintes, ele mudou de mãos até chegar ao Banco da República do Brasil, em 1895, e ser requisitado para ser sede da Presidência da República no ano seguinte.

O Palácio do Catete foi a sede do Poder Executivo até 1960, quando a capital federal foi transferida para Brasília. Hoje, ele está aberto à visitação, como Museu da República, e seu jardim de 12 mil metros quadrados é uma área de lazer que funciona como uma praça para os moradores do Catete, bairro caracterizado por ruas estreitas e prédios antigos.

Kenzaburo Oe deixa legado para literatura contemporânea

Kenzaburo Oe morre aos 88 anos

Kenzaburo Oe morre aos 88 anos – Divulgação/Estação Liberdade


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Um dos mais importantes expoentes da literatura contemporânea, Kenzaburo Oe morreu no dia 3 de março, aos 88 anos de idade, mas a notícia só foi divulgada esta semana. De acordo com a editora Kodansh, o escritor, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1994, a causa de morte foi velhice.

O escritor nasceu em 1935, na ilha japonesa de Shikok, em um vilarejo de nome Ose, que nem sequer aparece mais em mapas, atualmente. Ao longo de quase nove décadas de vida, Oe deixa para o mundo um conjunto de obras em que aborda relações de poder, entre outros temas.

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Com traumas causados pela Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, deixava transparecer sua posição pacifista e antinuclear. No Brasil, suas obras são publicadas pelas editoras Estação Liberdade e pela Companhia das Letras.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Editora Estação Liberdade (@eeliberdade)

Para o diretor editorial da Estação Liberdade, Angel Bojadsen, a firmeza nas posturas políticas de Oe acabaram por conferir a ele destaque de abrangência nacional. “De certa forma, ele era a consciência da nação”, diz o editor.

Conforme lembra Bojadsen, as reflexões de Oe tinham tanta notabilidade que o escritor chegou a ser processado por difamação, após criticar excessos cometidos por autoridades. “Seus escritos mais diretamente políticos, mas também sua obra literária, têm o mérito de abordar estes temas sensíveis na atualidade política japonesa com delicadeza, brio e profundidade, sem maniqueísmos”, afirma. “Oe foi uma figura profundamente humana que deixa um grande vácuo”.

Um mês após tragédia, famílias de São Sebastião vivem incerteza


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Um mês após fortes chuvas e deslizamentos deixarem 65 pessoas mortas e uma desaparecida no litoral Norte do estado de São Paulo, as famílias atingidas enfrentam o luto pela perda de seus entes queridos e a incerteza sobre o futuro. Aproximadamente mil pessoas que tiveram suas casas destruídas, ou tornadas inabitáveis pelo mar de lama, vivem hoje temporariamente em pousadas e hotéis conveniados ao governo do estado. O convênio, de 30 dias, termina nas próximas semanas. 

Muita gente preferiu ir para casa de parentes ou se estabelecer em quartos emprestados, e não sabe até quando terá um teto. “Eu estou de favor em um quarto em Juquehy, em tempo de enlouquecer, de sair sem destino, sabe? Estou abalado, não sei qual o destino da minha vida. Não sei o que vai acontecer. Assim, é muita incerteza, só promessa”, conta Edvaldo Guilherme Santos Neto, de 39 anos, que teve que abandonar a casa em que morava em São Sebastião, na Vila Sahy, o bairro mais atingido pela catástrofe.

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Entre a noite de 18 de fevereiro e a manhã seguinte, dia 19, choveu na região mais de 600 milímetros. O acumulado, segundo o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), foi o maior já registrado no país. O grande volume de água devastou parte das cidades da região, causou mortes, deslizamentos de encostas, alagamentos, destruiu casas e estradas.

Guilherme, sua esposa e filho, estão abrigados hoje em uma pousada no bairro de Juquehy, em São Sebastião, em um quarto emprestado, pelo período de um mês, por uma amiga. A casa dele, na Vila Sahy, resistiu aos deslizamentos, mas está interditada pelas autoridades. Na casa vizinha, todos morreram, com exceção de um familiar, salvo pelos próprios moradores.

A casa de Guilherme recebeu da Defesa Civil o selo de risco laranja – usado quando a moradia não poderá voltar a ser habitada até uma avaliação das autoridades. O adesivo amarelo é utilizado para construções em situação de monitoramento, e o vermelho, para casas condenadas, que deverão ser destruídas.

“Eu não tenho psicológico para voltar para minha casa, mesmo se eles liberarem. E a Defesa Civil não dá um prazo de quando vai ser liberada. Fiz um empréstimo no Itaú e já sujei meu nome. Não sei o que fazer. Estou endividado pela minha casa, onde eu não posso morar. Não recebi nenhum amparo, nenhuma garantia de que eu vou receber algum valor desse imóvel, se ele não for liberado.”

Ele afirma que, após a tragédia, fez cadastro tanto na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da cidade. “Fizemos uns dez cadastros que eu nem sei para que que é. Eu sei que cadastro foi o que eu mais fiz e, até hoje, ninguém nunca me ligou nem para perguntar se eu preciso de um acompanhamento psicológico. Até agora estamos sobrevivendo da doação de cestas básicas.”

Guilherme diz que ele e a esposa tinham deixado os empregos pouco antes do desastre, para tentar iniciar um negócio próprio de comércio pela internet. As mercadorias compradas por eles ficaram dentro da casa e foram perdidas. Ele conta que nunca recebeu nenhum tipo de aviso das autoridades de que sua casa estava em área de risco. Além das casas que foram destruídas pelos deslizamentos, a Defesa Civil condenou outras 230 moradias no município, que serão derrubadas nos próximos dias. 

“Se hoje está essa situação em São Sebastião é porque, infelizmente, o poder público não fez um programa de habitação para o município. Isso quem paga é a gente. Eu moro na Vila Sahy há 25 anos e a prefeitura nunca fez um programa de drenagem das encostas, nunca fez um programa de habitação, nunca chegou na minha porta e falou assim: aqui é área de risco.”

Após enfrentarem a lama dos deslizamentos para tentar salvar os vizinhos, a esposa de Guilherme começou a sentir sintomas de leptospirose: diarreia e dores nas articulações. Ela procurou um serviço médico e recebeu o diagnóstico de virose.

“Minha esposa ainda está com diarreia, o corpo doendo, porque ela teve contato com a água contaminada. A gente tirou lama, tirou corpo dos escombros e da lama”.

A prefeitura de São Sebastião afirma que não existe surto da doença na cidade. A administração municipal reconhece, no entanto, que houve um “aumento de notificações de casos da doença” após as fortes chuvas. “Em fevereiro, foram notificados 19 casos e, em março, 17 casos, que aguardam resultado. Até o momento, não há casos confirmados de leptospirose.”

A Secretaria de Saúde do município disse que chegou a registrar um aumento de aproximadamente 30% nos atendimentos a pacientes com gastroenterite – uma irritação no sistema digestivo que causa, entre outros sintomas, diarreia – nas unidades de saúde do município, principalmente na Costa Sul. 

“No entanto, essa tendência não se consolidou. É comum nesta época do ano, devido ao clima quente, que as pessoas apresentem alguns problemas intestinais. O recente aumento de casos levantou um alerta no município, especialmente após as últimas chuvas.” 

A prefeitura orienta que, caso a pessoa apresente algum sintoma, deve procurar a unidade de saúde mais próxima, inclusive os hospitais de Clínicas da Costa Sul, localizado em Boiçucanga, e a unidade da região central.

Parcerias

A administração municipal informou que fez parcerias com o governo federal e estadual, por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e do programa Minha Casa, Minha Vida para a construção de mais de 900 imóveis, entre casas e apartamentos, que serão destinados às famílias que perderam suas casas. A Defesa Civil, diferentemente da prefeitura, diz que serão construídas 518 unidades habitacionais. 

Três terrenos já estão em fase de terraplenagem, nos bairros da Topolândia e Vila Sahy. Segundo a gestão estadual, as primeiras unidades habitacionais deverão ficar prontas em até 150 dias. Até lá, segundo a Defesa Civil, as pessoas que estão hoje abrigadas em cerca de 20 hotéis e pousadas serão instaladas temporariamente em vilas de passagem, unidades habitacionais de madeira, que estão sendo construídas em São Sebastião. As pessoas também serão alocadas temporariamente em unidades habitacionais já prontas na cidade vizinha de Bertioga (SP).

A prefeitura orientou que as famílias que estão enfrentando dificuldades procurem o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) mais próximo.