Argentinos submetidos a trabalho escravo são resgatados no RS


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Quatro trabalhadores argentinos em condição análoga à de escravo foram resgatados na noite deste sábado (1º) em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. Segundo a Polícia Federal e o Ministério do Trabalho e Emprego, responsáveis pela operação, uma das vítimas é menor de idade.

As pessoas resgatadas trabalhavam no corte de lenha em uma propriedade rural do município. Segundo a Polícia Federal, eles haviam sido abandonados pelos empregadores e estavam sem recurso para alimentação e estadia.

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A Polícia Federal foi acionada após receber denúncia da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que também participou da operação. Um homem, responsável pelas atividades, foi preso em flagrante por submeter trabalhadores à condição análoga à de escravo, crime previsto no Artigo 149 do Código Penal. Conduzido à Polícia Federal em Caxias do Sul (RS), ele será encaminhado ao Sistema Penitenciário e permanecerá à disposição da Justiça Federal.

Ao chegarem à propriedade rural, os policiais federais, brigadistas militares e auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego encontraram os trabalhadores acampados na mata em condições insalubres e totalmente desassistidos. Os argentinos estavam sem água potável, sem energia elétrica e sem acesso a banheiros.

Papa celebra missa do Domingo de Ramos


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O papa Francisco participou hoje (2) da missa do Domingo de Ramos, cerimônia que dá início à Semana Santa. A celebração foi Praça São Pedro, no Vaticano, com a tradicional e solene procissão de ramos

Francisco conclamou os presentes à cerimônia, estimados em 50 mil, a cuidar das pessoas abandonadas, que, segundo ele, estão com Cristo. Conforme a tradição, a maioria dos fiéis portava ramos de oliveira provenientes da região italiana da Úmbria.

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“Há povos inteiros explorados e deixados à própria sorte; há pobres que vivem nas encruzilhadas das nossas estradas e cujo olhar não temos a coragem de fixar; migrantes, que já não são rostos, mas números; reclusos rejeitados, pessoas catalogadas como problemas. Mas há também muitos cristos abandonados invisíveis, escondidos, que são descartados de forma ‘elegante’: crianças nascituras, idosos deixados sozinhos, doentes não visitados, pessoas portadoras de deficiência ignoradas, jovens que sentem dentro um grande vazio sem que ninguém escute verdadeiramente o seu grito de dor”, disse Francisco sobre aqueles que precisam ser cuidados.

Alta hospitalar

O pontífice teve alta e saiu do Hospital Gemelli, em Roma, na manhã de sábado (1º), após três dias de internação por causa uma infecção respiratória.

*Com informações do site Vatican News

RJ estuda implantação da primeira fábrica de fertilizantes no estado


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Pesquisadores da Embrapa Solos e da Embrapa Agrobiologia estão estudando com representantes do Poder Público a viabilidade técnica de construção de fábrica de fertilizantes em Macaé, no norte fluminense. A prefeitura de Macaé, em parceria com o governo fluminense e com apoio da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República, elaborou um projeto que está em fase de chamamento público para contratação de consultoria.

“Em três meses, o estudo de viabilidade técnica e socioambiental deverá estar pronto”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o assessor da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República, José Carlos Polidoro. A expectativa é que até o final do ano, a planta do projeto estará aprovada, de modo a se pensar no início da obra já no ano que vem.

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O anúncio foi feito durante passagem da Caravana Embrapa FertBrasil por Campos dos Goytacazes, na região, no último dia 22.

Polidoro destacou que o Plano Nacional de Fertilizantes, criado em março do ano passado, é uma das prioridades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Uma das principais metas é diminuir a dependência externa, porque importamos 85% dos fertilizantes. E o Brasil não faz agricultura em nenhum nível sem fertilizantes.”

Segundo Polidoro, que é um dos idealizadores da Caravana FertBrasil e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil precisa quadruplicar a produção de fertilizantes nos próximos 25 anos.

Ele ressaltou que a planta a ser construída em Macaé vai contribuir com até 10% de diminuição da dependência externa em nitrogênio, porque o município é o maior produtor de gás natural do país, respondendo por 60% da produção nacional. O gás natural é a principal matéria prima de fertilizantes nitrogenados.

O assessor informou que uma planta de fertilizantes nitrogenados exige investimento entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões e gera 5 mil empregos diretos e indiretos na fase de construção. Quando em operação, gera entre 500 a 600 empregos que exigem alta capacitação e oferecem bons salários. “É uma indústria que tem longa vida. Tendo gás, ela vai produzir aí fertilizantes por mais de 50 anos.”

Infraestrutura

O prefeito de Macaé, Welberth Rezende, disse à Agência Brasil que a construção de fábricas de fertilizantes é solução estratégica para o país e para o desenvolvimento da agricultura nacional. Para Rezende, Macaé reúne todas as condições necessárias para a instalação de uma fábrica semelhante.

Além da produção de gás natural, o município tem organização industrial, por conta do petróleo e gás na região, além de mão de obra qualificada. A cidade reúne ainda vantagens em termos de logística, localizada próximo a grandes rodovias do país, tem projeto de construção de um porto, além do aeroporto local com voos diários para Rio de Janeiro e São Paulo.

“Além de ter prioritariamente fatores como logística, mão de obra qualificada, gás natural, que é uma matéria-prima importante para a fabricação de fertilizantes, ainda possui uma infraestrutura secundária, no que diz respeito à saúde, educação, esgoto tratado, respeito ao meio ambiente que também são importantes para a tomada de decisões.”

Segundo o prefeito, Macaé pretende sediar uma das fábricas previstas no Plano Nacional de Fertilizantes. Será a primeira planta desse tipo do estado do Rio de Janeiro, para o qual a área de fertilizantes é uma das prioridades do atual governo fluminense.

Petrobras

José Carlos Polidoro explicou que a Petrobras, em 2016, interrompeu a produção de duas plantas de fertilizantes na Região Nordeste. Em 2018, arrendou as plantas para uma empresa privada, cuja produção foi reiniciada este ano, e contribuem com mais de 15% da produção nacional.

Em Mato Grosso do Sul, a Petrobras está estudando a melhor maneira de terminar a construção de uma nova fábrica de fertilizantes, que já tem 83% das obras concluídas. Será mais uma planta em produção no Brasil. “As decisões estão sendo tomadas no âmbito do novo governo.”

Localizada no Paraná, outra fábrica está “hibernada”, ou seja, com a produção paralisada. De acordo com Polidoro, esta unidade e a fábrica em construção no Mato Grosso do Sul estavam em processo de venda, que foi cancelado pela Petrobras. “Agora, está se revendo como a Petrobras vai reiniciar a produção no Paraná e terminar a obra no Mato Grosso do Sul.”

O modelo de negócio está sendo estudado pela Petrobras e pelo Ministério de Minas e Energia.

De acordo com o assessor, no caso do nitrogênio, o Brasil sairia de uma importação de 92% para cerca de 60% a 65%, o que significa cair para um terço a dependência externa.

“Tira o Brasil do risco de faltar fertilizante no mundo e faltar no Brasil. Produzir 30% a 40% já dá uma segurança para passar por esses suspiros e solavancos internacionais”. Em relação ao potássio, o Brasil importa 96% do que consome. “É mais crítico ainda”.

Segundo Polidoro, o potássio é um dos fertilizantes mais usados na agricultura e a fábrica da empresa privada Mosaic Fertilizantes, em Sergipe, pretende ampliar a produção até 2030, o que dará um pequeno alívio na dependência. Há também projetos no Amazonas, que ainda estão em estudos de viabilidade ambiental e social, por questões indígenas.

No caso do fósforo, a situação é mais tranquila. O Brasil importa em torno de 70% e pode cair para menos de 50% com investimentos, devido à existência de muito fósforo no país. Projetos relacionados a fósforo têm também questões sociais, porque se trata de atividade da mineração, que causa impacto.

“Tudo tem de ser feito com muito cuidado. Por isso, foi criado o Plano Nacional de Fertilizantes. Foi criado ainda o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), cuja função é ordenar e criar uma governança longa e forte para ter desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Com fortalecimento e melhoria do plano nacional, a perspectiva é tornar o Brasil seguro para a produção agrícola no que diz respeito a esses insumos.” 

Operação contra garimpo ilegal prende dois militares no Amazonas

Uma operação contra o garimpo ilegal de ouro prendeu cinco pessoas na Floresta Nacional de Urupadi, no sul do Amazonas. Entre os presos, estão dois militares do Exército.

Realizada pela Força Nacional de Segurança e pelo Instituto Chico Mendes, a operação durou cinco dias e desmantelou 34 acampamentos ilegais, equipados com televisão e acesso à internet. Além de queimarem as estruturas, os agentes destruíram máquinas e apreenderam armas e munições.

Duas pistas clandestinas de pouso foram destruídas. Segundo a Força Nacional de Segurança, cerca de 50 quilômetros quadrados foram devastados. Os garimpeiros presos foram multados em R$ 3,6 milhões e responderão criminalmente.

Ao todo, foram identificados cerca de 50 garimpeiros na região, mas só cinco foram presos. Em, nota, o Exército informou não compactuar com atos ilegais por parte de seus membros e ter aberto investigação interna, paralela às investigações na esfera civil.

Segundo o Exército, um militar não está lotado em nenhuma unidade por estar inativo desde 2011. O outro será alvo de processo para ser excluído do serviço ativo porque tem condenação na Justiça Militar superior a dois anos.

Cai a participação de mulheres em cargos no governo federal


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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançou o Observatório de Pessoal, um portal de pesquisa de acesso público sobre os dados de pessoal do governo federal. Lançada na última semana, a plataforma reúne dados estatísticos e informações sobre tabelas de remuneração dos servidores. 

Entre os dados, estão comparações sobre as presenças masculina e feminina em cargos de alta e média lideranças e o perfil dos ocupantes quanto à idade, estado civil e escolaridade. O Observatório de Pessoal também apresenta um recorte sobre pessoas com deficiência e de mulheres negras e indígenas na liderança pública.

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De acordo com a ministra Esther Dweck, na primeira versão do relatório de pessoal, foi constatada uma redução do número de mulheres em cargos efetivos do governo, que passou de 46%, em fevereiro de 2019, para 45% em fevereiro de 2023. 

Brasília 06/03/2023 - A ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, participa da solenidade de abertura da Semana da Mulher 2023 no auditório do Ministério do Planejamento.Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Com recorte de gênero, raça e etnia, Observatório de Pessoal vai consolidar política de transparência ativa e disponibilizar dados
de forma simples, diz a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dwek – Joédson Alves/Agência Brasil

“O período de ausência de concursos gerais e continuidade dos concursos em áreas predominantemente masculinas, como militares e segurança pública, foi um dos fatores que fizeram o percentual geral de mulheres no serviço público ficar estagnado”, explicou a ministra durante evento de lançamento da plataforma. “E quando olhamos sobre as mulheres no papel de lideranças, nem na média, nem na alta liderança, é proporcional à quantidade de servidoras na administração pública federal e mais abaixo ainda da média feminina da população brasileira”, acrescentou. 

De acordo com o recorte apresentado sobre o estado civil dos ocupantes em cargos de liderança, o relatório do Observatório de Pessoal mostrou que, estatisticamente, a chance de homens com filhos menores de idade exercerem cargos de média e alta gestão é 3,2 vezes maior do que entre mulheres nas mesmas condições. “Isso reflete a dificuldade das mulheres em aceitar o cargo ou de serem chamadas a assumir cargos de gestão, porque o trabalho de cuidados geralmente fica com a mulher, e ela não consegue, ou não pode, aumentar sua responsabilidade. Mas é importante que a mulher seja chamada e a decisão de assumir, ou não, a liderança seja um fator pessoal, e não de incapacidade técnica”, afirmou a ministra. 

Ainda segundo Esther Dweck, a ideia do observatório e do relatório sobre pessoal, por meio do recorte de gênero, raça e etnia, é consolidar uma política de transparência ativa e disponibilizar os dados de forma simples.

Como forma de ampliar a presença de pessoas negras em cargos de liderança, incluindo paridade entre homens e mulheres, o governo federal vai implementar um programa que reserva até 30% de vagas em cargos de comissão e funções de confiança na estrutura do Poder Executivo, incluindo administração direta, autarquias e fundações. O decreto foi assinado há pouco mais de 10 dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Mega-Sena acumula e próximo prêmio deve pagar R$ 37 milhões


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Ninguém acertou as seis dezenas sorteadas neste sábado (1º), em São Paulo, no concurso 2579 da Mega-Sena: 05, 10, 26, 35, 38 e 44, e o próximo prêmio deve pagar R$ 37 milhões. 

A quina teve 109 apostas ganhadoras e pagará prêmio de R$ 21.479,95 a cada ganhador. Com 5.186 acertadores, a quadra pagará a cada um prêmio de R$ 644,95.

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A aposta inicial, com 6 dezenas, custa R$ 4,50. A mais alta, em que a pessoa pode escolher 20 entre 60 dezenas (de 1 a 60) fica em 174.420.

O próximo sorteio da Mega-Sena será na quarta-feira (5).

Pesquisa constata que retirada de verbas fragiliza assistência social


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Levantamento de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas (PPGDH), da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), aponta que, por mais que o número de pessoas em situação de vulnerabilidade venha crescendo no Brasil, os recursos destinados à proteção social têm caído desde 2019.

“Na prática, o que se constata é o subfinanciamento do sistema de assistência social. O orçamento para o setor – aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA) – tem se mantido abaixo de R$ 2 bilhões ao ano desde 2019, quando o valor foi de R$ 1,9 bilhão. Em 2020, ficou em R$ 1,4 bilhão, enquanto em 2021 chegou a R$ 1,1 bilhão e, em 2022, a R$ 1 bilhão. A título de comparação, em 2014 o orçamento para assistência social foi de R$ 3,1 bilhões”, diz o estudo.

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No Brasil, a assistência social está organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e tem como meta garantir a proteção social aos cidadãos, prestando apoio a pessoas, famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, por meio de serviços, benefícios, programas e projetos. Segundo os pesquisadores, com um orçamento cada vez mais reduzido para o setor, a atuação da assistência social é enfraquecida. 

Para a professora do PPGDH da PUCPR, Jucimeri Isolda Silveira, a promulgação da Emenda Constitucional 95/2016 há seis anos, que estabeleceu o novo regime fiscal e o chamado “teto dos gastos”, contribuiu para essa situação, mas há outros fatores a serem analisados. 

“As mudanças de gestão estão gerando filas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de todo o país. É nos municípios que os cidadãos em situação de desemprego, informalidade, pobreza e insegurança alimentar buscam acesso para cadastramento e atualização de informações, na esperança de receber benefícios como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC)”, disse, em nota, a professora.

Maior vulnerabilidade social

Ao mesmo tempo que os recursos para assistência social são reduzidos, a pobreza cresce no país. Os recursos para a população de rua, por exemplo, caíram de R$ 88,4 milhões em 2019 para R$ 36,1 milhões em 2021, segundo o Projeto SUAS.

Em relação ao combate ao trabalho infantil, ações como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil deixaram de receber verbas federais.

“A retirada de recursos da assistência social, assim como da saúde, da educação e da segurança alimentar, penaliza a população que se encontra em situação de maior vulnerabilidade, que sofre com a desigualdade, e impacta negativamente os municípios que ofertam os serviços integrados aos benefícios. Esses serviços devem ser cofinanciados pela União e estados, de forma regular, por meio de fundos públicos, com critérios técnicos e transparentes e em volume suficiente para atender às demandas por proteção social”, completou Jucimeri.

Inclusão no ensino superior é desafio para pessoas autistas


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O universitário Silvano Furtado da Costa e Silva, de 23 anos, estava no 8º período da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), quando teve seu diagnóstico de autismo, em 2020. Neste domingo (2), é lembrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.

SÃO PAULO (SP) - Inclusão no ensino superior é desafio para pessoas autistas. - Silvano - Foto: Arquivo Pessoal

Silvano Furtado ajudou a construir Política de Acessibilidade Pedagógica (PAP) da Faculdade de Direito da USP – Arquivo pessoal

“No primeiro ano da pandemia, eu tive várias questões psicológicas, passei por alguns tratamento e tive meu diagnóstico de autismo. Fiquei um pouco vulnerável. Em uma reunião aberta entre os alunos e a representação discente da faculdade, eu disse à época que eu não pisaria nesse prédio novamente depois de  pegar meu diploma, caso a faculdade não mudasse a forma como lida com seus alunos neurodivergentes.”

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A manifestação de Silvano fez com que ele fosse convidado a integrar a representação dos estudantes. “Assim, começamos a desenhar uma política de avaliações alternativas de acessibilidades pedagógicas dentro do Largo de São Francisco [local da faculdade]”, contou.

O universitário colaborou na construção da Política de Acessibilidade Pedagógica (PAP) da Faculdade de Direito da USP, uma das mais antigas e tradicionais do Brasil. A PAP, implantada em agosto de 2022, é direcionada aos alunos diagnosticados com transtornos globais do desenvolvimento, como o transtorno do espectro autista (TEA).

“A São Francisco é a única faculdade pública do Brasil a ter uma política assim, o que por si só é genial, pois tais normas, se cumpridas, dão conta de realizar a inclusão. Mas, ao meu ver, o grande mérito dessa política foi ter atuado contra a invisibilização de pessoas autistas no mundo acadêmico e colocado o debate na mesa acerca da neurodiversidade”, aponta Guilherme de Almeida, presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Ania/BR).

Para o pesquisador, a Política de Acessibilidade Pedagógica é um potente regulamento em prol da garantia de direitos das pessoas neurodivergentes. Guilherme lembra que a PAP representa o cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão, da Constituição Federal de 1988, e dos tratados internacionais de que o Brasil é signatário, em especial a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de Nova York.

Segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2021, no Brasil, estão matriculados em cursos de graduação presenciais e a distância 4.018 pessoas com  transtorno global do desenvolvimento (TGD). O transtorno do espectro autista (TEA) é um dos cinco tipos do TGD. Sendo assim, todos aqueles que têm algum grau de TEA possuem um TGD.

O censo é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição vinculada ao Ministério da Educação.

Política

“A Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, como sendo a primeira faculdade do Brasil, teria que, em termos de tradição, mostrar que é possível quebrar o ‘antiquadrismo’. Então começamos a trabalhar”, relembra Silvano.

A PAP estabelece que os alunos que necessitem de atendimento pedagógico diferenciado poderão solicitar previamente adaptações de provas e demais atividades avaliativas e tempo adicional, local reservado ou assistência para realização das provas. Considerando as legislações brasileiras de inclusão, a política visa “superar limitações ordinárias e promover adaptações razoáveis destinadas a garantir condições de desempenho acadêmico”.

Para Silvano, a política é um dos passos para a inclusão das pessoas com o espectro autista. “É um elemento de permanência, existem outros, como o elemento avaliativo, que é necessário para terminar o curso. Mas eu creio que existem outras iniciativas que a gente ainda precisa lidar, por exemplo, o relacionamento discente. A gente sempre fala da relação professor-aluno, que é uma relação de poder, que pode ser conflituosa, mas existem conflitos horizontais entre os alunos, como o bullying, que para pessoas autistas é algo complicado, que nos atinge”, explica.

Para ele, a maior barreira ainda são as atitudes das pessoas com os autistas. “Não são barreiras de engenharia. Dependem de mudanças de atitudes, as pessoas têm mais dificuldades de mudar atitudes do que o formato de um prédio”, acrescenta. Silvano tem esperança de que as gerações futuras possam ser, de fato, incluídas no ensino superior.

“Espero que o número que a USP como um todo tem, de tão poucas pessoas com deficiência, se reverta em uma mudança real, que pessoas ocupem essas cadeiras e se sintam confortáveis em ocupar essas cadeiras, em ir à aula, em falar, em ser elas mesmas, sem o medo de serem ridicularizadas, sem o medo de serem tratadas como seres humanos de baixa qualidade, essa é uma das minhas esperanças.”

Ele ainda está indeciso em qual área do direito vai atuar quando se formar. “Tenho duas áreas em mente, a primeira é criminologia e a segunda é direito digital, para não abandonar essa minha aptidão com a computação.”

O universitário explica que o direito não foi sua primeira opção. “Estava no meio do processo seletivo do Consulado do Japão para tentar ciências da computação na Universidade Imperial de Tóquio até que eu decidi que não queria mais o curso, nem ir para Tóquio. Decidi que queria direito e como é um curso que radica muito nacionalmente, acabei optando pela USP como primeira e a melhor opção”, conta.

Inclusão com humanização

“A grande beleza de se discutir inclusão é que você não pode fazer isso de modo sectarista, identitário, afinal só se inclui envolvendo o todo”, afirma Guilherme de Almeida, presidente da Ania/BR, que também é pesquisador de educação inclusiva na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele tem 40 anos e se descobriu autista aos 37.

Guilherme explica que existem várias dificuldades que as pessoas autistas enfrentam para acessar o ensino superior.

“A começar pelo vestibular que não avalia de forma adequada e justa as habilidades e os conhecimentos dos alunos, pois se baseia em um único teste padronizado. A forma como autistas pensam e processam informação é absolutamente diversa do modo como pessoas não autistas o fazem.”

Outra barreira, segundo o presidente, “está em uma ideia contida na famosa frase ‘mas se você chegou até aqui, você não precisa de adequações’”. “Para mim, isso supera a ignorância e beira o criminoso. Qualquer professor universitário, com o mínimo de sensibilidade, compreende o quão desafiadora uma faculdade pode ser para qualquer pessoa. Ansiedade e depressão, transtornos alimentares, abuso de substâncias, síndrome de Burnout são apenas alguns exemplos da realidade nas universidades. Se isso já é complicadíssimo para qualquer pessoa, para indivíduos autistas tem um potencial destrutivo muito maior, vale lembrar que o suicídio é a maior causa de morte não natural entre pessoas autistas”, alerta.

Para o representante da Ania/BR, falta humanização para que haja, de fato, a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior. “A inclusão visa criar um ambiente onde todas as pessoas possam participar e se sentir bem-vindas. Para haver inclusão, falta humanização, falta comprometimento no desenvolvimento ético e social, falta partilha, falta união. Acessibilidade é ferramenta, inclusão é ‘inédito viável’, como queria Paulo Freire.”

Direito à diferença

Durante a última semana, a Faculdade de Direito da USP sediou o 2º Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior – O Direito à Diferença. Promovido pela Ania/BR, o evento reuniu especialistas de universidades de diversos países e pessoas com deficiência em mesas-redondas e palestras sobre o autismo e sua relação com a sociedade brasileira.

Presente no evento, o professor César Nunes, titular de filosofia e educação na Faculdade de Educação da Unicamp, falou sobre a pedagogia humanizadora como instrumento de inclusão das diferenças. “Os autistas não encontram no conjunto das pessoas com deficiência nenhuma política especial de acesso e de garantia da qualidade humanizada e de permanência na instituição”, afirmou o professor, em entrevista à Agência Brasil.

Ele explica que no ensino superior brasileiro há dificuldade de acesso para as pessoas autistas e, de modo geral, para as pessoas com deficiência. “O acesso é diferente às universidades públicas e universidades particulares. As universidades públicas mantêm uma tradição um pouco mais rigorosa e muitas vezes é extremamente excludente, e as universidades particulares, com suas diferenças, têm um modelo de ingresso mais voltado para a questão econômica, comercial, flexibilizando o processo seletivo, mas ao mesmo tempo, mercenalizando o processo formativo.”

Para Nunes, a sociedade brasileira precisa superar as marcas e os preconceitos históricos. “Quando a sociedade for mais democrática e acessível, as instituições educacionais e escolares também o serão. As políticas públicas de acesso ao ensino superior deverão apropriar-se das características jurídicas, filosóficas, pedagógicas e democráticas da Constituição brasileira para promover uma educação onde haja espaço e lugar para todos. E as políticas de inclusão deverão considerar a especificidade da condição do autista”, opina.

O professor explica que a pedagogia, por sua natureza, já é um instrumento de inclusão das diferenças. “A pedagogia é uma ciência múltipla que trabalha as diversas dimensões do ato educativo, ela já deveria ser inclusiva, porque a pedagogia consiste em buscar compreender a condição humana, que é diversa em cada ser humano, e a partir da diferença, da diversidade, promover a inclusão e a permanência digna e humanamente qualificada de todos”, afirma o especialista. 

Da várzea à final do Paulistão, Água Santa apresenta Diadema ao país


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“O sonho da gente é muito grande. Até de sermos campeões paulistas”. Em outubro de 2015, o comerciante Licanor Vieira, proprietário de um bar na Rua dos Manacás, em Diadema (SP), deu esta declaração à TV Brasil em uma reportagem sobre o Esporte Clube Água Santa. A equipe fundada em 1981 por migrantes nortistas, nordestinos e mineiros, para competir no futebol de várzea da cidade e que disputou seu primeiro torneio profissional somente em 2013, tinha acabado de garantir um lugar na elite do Campeonato Paulista após subir, de forma consecutiva (e inédita), as três divisões de acesso do Estadual mais antigo do país.

Corta para abril de 2023. Neste domingo (2), às 16h (horário de Brasília), o mesmo Água Santa começa a decidir o título do Paulistão contra o Palmeiras na Arena Barueri. O primeiro jogo da final será transmitido ao vivo pela Rádio Nacional, com narração de André Marques, comentários de Mario Silva, reportagens de Rodrigo Ricardo e plantão esportivo de Rodrigo Campos.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Aquele otimismo de Licanor tinha explicação. Na várzea de Diadema e da região do ABCD Paulista, o Netuno (como o time é conhecido) acostumou a levantar troféus, principalmente a partir dos anos 2000. Muitos enfeitavam as paredes do bar do comerciante, que foi a primeira sede do clube. O estabelecimento não funciona mais hoje, mas traz recordações a quem viu, de perto, a história ser construída.

“Era muito bom. O pessoal vinha, fazia festa, brincava, tinha churrasco à vontade”, conta o aposentado Givaldo Bezerra dos Santos, que mora na região há 50 anos, em frente à antiga sede do Água Santa.

“Aqui na rua, tinha o bar do meu pai e nós jogávamos em um campinho. Quando montou o time, até mesmo nós passamos a nos encontrar na sede. A maioria [de nós] era da própria rua”, afirma Marco Antônio Valentim, comerciante e ex-jogador do Água Santa nos anos de várzea.

“Era muito difícil [na várzea]. A bola era dura e tinha muito barro. Você chutava e vinha tudo na cara [risos]. Hoje tem gramado, está bom para jogar. Mas não perdíamos. Jogávamos para cima”, completa Valter Luiz Botelho, que defendeu o Netuno nos anos 1980 e 1990, também antes do profissionalismo.

Orgulho

Atualmente, o Água Santa manda os jogos no Estádio José Batista Pereira Fernandes, conhecido como Arena Inamar, em alusão ao bairro no qual está situado na cidade, o Jardim Inamar. Como o local não tem refletores e a capacidade é de apenas 10 mil lugares, menos que o exigido pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para as fases finais do Estadual, o Netuno não pôde atuar lá na semifinal contra o Red Bull Bragantino, nem teve como sediar a partida de ida da final. Não à toa, a diretoria do clube quer aproveitar o resto do ano para reformas estruturais no campo, pensando em 2024, quando também terá pela frente, de maneira inédita, a Copa do Brasil e a Série D do Campeonato Brasileiro.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Distância, porém, não foi problema à torcida, que já acompanhava a equipe pelos campeonatos amadores região afora. Mais de 40 ônibus, lotados, desceram a Serra do Mar em direção a Santos (SP), onde o time encarou o Bragantino. O público de 11.507 pessoas na Vila Belmiro foi superior à média do próprio Santos durante o Paulistão, além de ser o maior registrado pelo próprio Água Santa como anfitrião em uma partida oficial.

O escudo do Netuno aparece estampado nos carros que circulam por Diadema. A procura por camisas do time, que tem a cruz da Ordem de Cristo ao centro, cresce à medida que o sucesso nos gramados aumenta, para alegria de quem depende do comércio local. Orgulho de uma cidade que, no passado, foi considerada uma das mais violentas do Brasil (números do Datasus, de 1997) e que possui, atualmente, a segunda maior densidade demográfica do país, com quase 430 mil habitantes em um território de pouco mais de 30 quilômetros quadrados, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Diadema precisa ser mais conhecida pelo povo de fora. O Água Santa vai trazer essa curiosidade. É bom para nós que estamos aqui, desenvolvendo a cidade e a região”, afirma o ambulante Matheus Lima dos Santos.

“Depois que [o Água Santa] chegou à final, a população ficou bem ativa, empolgada. [Se for campeão] pode trazer [mais estoque de camisas], que é venda certa [risos]”, completa Adriano da Nóbrega Fernandes, também comerciante.

Otimismo

A última barreira no caminho do Água Santa é, simplesmente, o atual campeão brasileiro e estadual. Enquanto o Netuno disputa somente a quarta temporada na elite, o Palmeiras é o segundo maior vencedor do Paulistão, com 24 taças. As equipes se enfrentaram apenas quatro vezes, com três triunfos alviverdes e uma do Netuno – curiosamente, a mais marcante do confronto, uma goleada por 4 a 1 em 2016, em Presidente Prudente (SP).

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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A conquista inédita, se vier, faria do clube de Diadema o primeiro a ser campeão paulista sem estar em uma das quatro divisões do Brasileirão (Séries A, B, C ou D) na ocasião do título. Além disso, desde 2014, quando o Ituano levou o troféu, uma equipe fora das quatro principais do estado (Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras) não vence o campeonato.

“Garanto que a gente empata o primeiro [jogo] e ganha o segundo [no próximo domingo, dia 9, às 16h, no Allianz Parque, em São Paulo]. Se for campeão, tem que parar Diadema. Quando foi campeão metropolitano [no futebol amador] parou, imagina agora?”, projeta Valentim.

“Estarei lá [em Barueri] no domingo, com a torcida, prestigiando o Água Santa. A cidade está contente. Vamos ser campeões”, acredita Valter.

Flamengo sai na frente do Fluminense na final do Carioca


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O Flamengo saiu na frente do Fluminense na disputa do título do Campeonato Carioca. Diante de mais de 65 mil torcedores, o Rubro-Negro venceu por 2 a 0 no estádio do Maracanã na noite deste sábado (1). Com este resultado, a equipe da Gávea pode até mesmo perder por um gol de diferença, no dia 9 de abril (domingo), que ficará com o título.

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Em caso de vitória do Tricolor por vantagem de dois gols, o campeão será definido na disputa de pênaltis. Para conquistar o caneco nos 90 minutos a equipe das Laranjeiras tem que triunfar por superioridade de três ou mais gols.

O técnico português Vítor Pereira surpreendeu ao mandar a campo uma equipe sem um dos titulares habituais, o camisa dez Gabriel Barbosa. A intenção foi a de reforçar a marcação de sua equipe, com a entrada de Matheus França. Com isso, a partida ficou amarrada na primeira etapa, com poucas oportunidades claras de lado a lado.

O jogo mudou de figura após o intervalo, quando o lateral Ayrton Lucas foi decisivo. Primeiro aos seis minutos, quando, após receber de Everton Cebolinha, bateu de chapa para superar o goleiro Fábio. Depois, aos 22, o camisa seis arrancou pela esquerda e cruzou para Pedro, que deu números finais ao placar, que garante uma boa vantagem ao Flamengo diante do Fluminense.

Finais de estaduais pelo Brasil

Um estadual no qual um Tricolor saiu na frente foi o Cearense, no qual o Fortaleza bateu o Ceará por 2 a 1 na Arena Castelão. A equipe comandada pelo técnico argentino Juan Vojvoda abriu uma vantagem de dois gols graças a Lucas Sasha e Caio Henrique, mas o lateral Danilo Barcelos descontou em cobrança de pênalti.

Agora, na partida de volta, programada para o próximo sábado (8) no Castelão, o Fortaleza é campeão com uma nova vitória ou mesmo com um empate. Triunfo do Ceará por um gol de diferença leva para a disputa de pênaltis. Caso supere o Tricolor do Pici com dois ou mais de diferença, o Vozão leva o caneco.

Já no Mineiro, o Atlético viu Hulk viver uma tarde de altos e baixos para superar o América por 3 a 2 na Arena Independência. Após Pavón abrir o placar para o Galo e Hyoran ampliar, o Coelho empatou com dois gols de Benitez. O camisa sete do Atlético teve então a oportunidade de desempatar em cobrança de pênalti, mas ele desperdiçou. No final da partida o atacante marcou o gol da vitória em grande jogada individual.

Quem ficou muito próximo do título foi o CRB, que, com gols de Mike e Fábio Alemão, bateu o Asa por 2 a 0 no estádio Municipal de Arapiraca no primeiro confronto da final do Campeonato Alagoano. Com isso, na volta, no Rei Pelé no sábado, o Galo é campeão até mesmo em caso de derrota por um gol de diferença.

No Rio Grande do Sul tudo permanece indefinido após empate entre Grêmio e Caxias por 1 a 1 no estádio Centenário. Marlon abriu o placar para a equipe da casa e Vina deixou tudo igual. Na volta, em Porto Alegre no próximo sábado, o caneco fica com quem vencer nos 90 minutos. Novo empate leva a decisão para a disputa de pênaltis.

Em Santa Catarina o Criciúma venceu o Brusque pelo placar mínimo no primeiro jogo da decisão, disputado no Heriberto Hülse, graças a gol de Lohan. No confronto de volta, no sábado no Augusto Bauer, o Tigre passa a ter a vantagem do empate.

Já o Treze quebrou um tabu para ficar em vantagem na final do Paraibano. O Galo da Borborema derrotou o Sousa por 2 a 1 no Amigão após um hiato de 13 anos. O novo campeão do estado será definido no próximo sábado no Marizão.

Graças a um gol de Vitor Roque nos acréscimos o Athletico-PR superou o Cascavel por 2 a 1 no estádio Olímpico Regional. O novo campeão do Paranaense será conhecido na Arena da Baixada no dia 9 de abril.