MST deve começar a sair de áreas ocupadas em Petrolina e Aracruz


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Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) devem começar a desocupar na próxima semana áreas pertencentes a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), e da empresa multinacional Suzano, em Aracruz (ES).

O MST recebeu a notificação do mandado de reintegração da área de 46 hectares da Embrapa na quinta-feira (20). Em reunião entre representantes do MST, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Incra, ficou definido que a condição para a desocupação é que o governo crie assentamentos para 800 famílias, em áreas a serem indicadas para desapropriação em Petrolina e Lagoa Grande (PE). Nos próximos dias, o movimento confirmou que fará a desocupação gradual da área da Embrapa.

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No caso das 200 famílias que ocuparam áreas da Suzano, no Espírito Santo, a desocupação da área de 8.039 hectares será concluída até o final da semana que vem, seguindo os protocolos legais necessários para a saída das famílias. O protocolo prevê a definição do local para onde as famílias serão levadas, a presença de ambulância e serviços da ação social e de direitos humanos. Em nota, o MST do Espírito Santo declarou que compreende que tais providências são medidas necessárias para a preservação da integridade física das famílias acampadas.

Reunião com ministro da Fazenda

Na última quinta-feira (20), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com lideranças do MST. Segundo o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, o ministro fez um apelo para que o grupo desocupe as áreas invadidas da Embrapa, em Pernambuco, e da empresa Suzano, no Espírito Santo. “Temos um compromisso que nós vamos desocupar a área da Suzano, e também a área referente à Embrapa. Só estamos procurando um local para levar as famílias”, disse Rodrigues.

O coordenador do movimento social também afirmou que o ministro Fernando Haddad prometeu aumentar de 250 milhões para 400 milhões de reais o orçamento dedicado ao assentamento de famílias acampadas. Segundo o dirigente do MST, existem 5 milhões de hectares de devedores da União nas mãos de menos de mil proprietários que, em conjunto, devem R$ 40 bilhões para o estado brasileiro.

Brasil e Portugal querem se preparar em conjunto para novas epidemias


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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse neste sábado (22) que Brasil e Portugal vão firmar acordo para preparação conjunta para futuras epidemias e urgências em saúde. A ministra faz parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita de Estado a Portugal.

“Tanto Brasil quanto Portugal compartilham uma visão comum que é a resiliência dos sistemas de saúde que precisam ser fortalecidos para enfrentar esse tipo de adversidade, que, naturalmente, não esperamos que se configure com a gravidade da pandemia de covid-19, mas também com a capacidade de autonomia na produção de vacinas, de medicamentos e outros insumos para a saúde”, disse Nísia.

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A ministra destacou que os dois países têm como cooperar para o fortalecimento dos seus sistemas universais de saúde. “São dois países com sistemas universais, abertos, há muito o que compartilhar de experiências”.

Segundo Nísia, também é possível avançar na mobilidade e no intercâmbio de profissionais de saúde dos dois países. “Comentei sobre o Programa Mais Médicos no Brasil e a possibilidade de aprender com as experiências da promoção da saúde em Portugal. Há uma análise da dificuldade de Portugal de fixação de profissionais de saúde no país. Então, também é um campo em que poderemos avançar muito”.

A titular da pasta também destacou a assinatura do memorando de entendimento para cooperação entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e os ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Saúde, da Economia e do Mar de Portugal.

Carol Santiago é ouro em etapa do World Series de natação paralímpica


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A brasileira Carol Santiago conquistou a medalha de ouro da prova dos 50 metros livre, da classe S12 (baixa visão), na etapa do World Series de natação paralímpica que é disputada em Mineápolis (Estados Unidos). A nadadora pernambucana garantiu a primeira posição após terminar a prova com o tempo de 26s72 na última sexta-feira (21).

Esta foi a terceira medalha da brasileira na competição. No primeiro dia de disputas, quinta-feira (20), a pernambucana conquistou uma prata nos 100 metros peito, com o tempo de 1min16s82, e um bronze nos 100 metros livre, cumpridos em 59s68.

Outra atleta a brilhar na etapa dos World Series disputada na localidade norte-americana foi Lídia Cruz, bronze nos 50 metros peito com o tempo de 1min24s53.

As disputas no World Series são multiclasses e a premiação é feita de acordo com o Índice Técnico da Competição (ITC). Esta é a terceira etapa da competição com presenças de nadadores paralímpicos brasileiros em 2023. Antes, o Brasil esteve representado nas disputas em Sheffield (ING) e Lignano (ITA).

Começa em Lisboa Cimeira Luso-Brasileira

Na manhã deste sábado (22), pelo horário de Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido pelo presidente português, Marcelo Rabelo, com honras militares, na Praça do Império, em Lisboa. Em seguida participou da cerimônia de deposição de flores no túmulo do Luís de Camões, no Mosteiro dos Jerônimos.

Lula chegou a Portugal nesta sexta-feira (21), onde assina 13 acordos, e depois segue para a Espanha, país com o qual serão assinados outros quatro acordos.

Pela tarde, Lula será recebido pelo primeiro-ministro portugues, António Costa, por ocasião da XIII Cimeira Luso-Brasileira. A previsão é que a Cimeira seja encerrada às 20h, pelo horário local.

Pelo Twitter, Lula se manifestou sobre a visita a Portugal.

“É sempre com grande prazer que me reúno com amigos portugueses. Hoje é especial: minha primeira visita de estado a Portugal neste terceiro mandato. E retribuo a visita que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa fez ao Brasil na nossa posse”. 

Volkswagen deixa negociação em caso de trabalho escravo

Um trabalhador amarrado sendo carregado pelo empreiteiro de uma fazenda: “Ele tinha fugido”, explicou. Esta cena, certamente, remonta aos anos da escravidão com as perseguições dos capitães do mato. O fato, no entanto, ocorreu na década de 1980 em uma propriedade da montadora alemã Volkswagen, em Santana do Araguaia, no estado do Pará. Este é um dos relatos reunidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que busca reparação de R$ 165 milhões para o crime de trabalho análogo à escravidão nesta fazenda. A empresa deixou a mesa de negociação em 29 de março e, agora, o caso deve parar na Justiça.

A exploração de trabalhadores ocorreu entre as décadas de 1970 e 80, na Fazenda Vale do Rio Cristalino, localizada no Pará, que tinha cerca de 140 mil hectares, o equivalente à área da cidade de São Paulo. A negociação envolvia o pagamento de R$ 165 milhões em indenizações a 14 trabalhadores identificados como vítimas, às centenas de outros escravizados que teriam que ser localizados para serem indenizados e às famílias daqueles que foram assassinados segundo relato dos trabalhadores.

O procurador do trabalho responsável pelo caso, Rafael Garcia, disse em entrevista à Agência Brasil que o MPT pretende ajuizar ação e auxiliar os organismos que querem levar o caso às instâncias internacionais. Ao todo, foram quatro reuniões de negociação, iniciada no ano passado.

Segundo depoimentos, trabalhadores viviam no local em situação degradante de trabalho, submetidos à violência e a violações de direitos humanos. As investigações demonstraram que tais violações incluíam falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas – o que caracterizaria servidão por dívidas –, alojamentos em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária.

Em 2019, o padre Ricardo Rezende, que foi integrou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região sul do Pará na época dos fatos e recebeu as denúncias, entregou documentação ao MPT sobre as violações ocorridas dentro da fazenda. Com isso em mãos, o órgão criou um grupo de trabalho e passou a investigar o caso.

“Conseguimos levantar vários documentos e depoimentos de trabalhadores da época que foram escravizados e que comprovam que durante a década de 70 e 80, naquela fazenda, conhecida como fazenda Volkswagen, na atividade de desmate e da constituição de pasto foram utilizados centenas de trabalhadores, todos eles numa condição semelhante à de escravos”, disse o procurador. Ele ressaltou que a fazenda foi dada à Volkswagen pela ditadura militar e que foi desmatada ali uma área correspondente ao município de São Bernardo do Campo.

O MPT conseguiu acesso a ações judiciais, inquéritos policiais e certidões e depoimentos prestados em cartório que comprovam a ocorrência dos fatos denunciados. “Existe uma ação judicial cujos depoimentos dos trabalhadores prestados à época deixam clara a condição análoga a de escravos que eles viviam e que a época não foi prosseguida porque vivíamos a ditadura militar, as denúncias não foram não foram devidamente apuradas”, disse Garcia.

Para as atividades na fazenda, a empresa contratava os empreiteiros, também conhecidos como “gatos”, que eram agenciadores de mão de obra de trabalhadores de regiões muito pobres, que eram aliciados com falsas promessas, levados até a fazenda e lá descobriam que teriam que pagar pela alimentação, pelo transporte, pelo material que utilizariam no trabalho, e eram obrigados a comprar tudo isso na venda do próprio aliciador e não poderiam sair sem pagar suas dívidas.

“Isso tudo sob vigilância armada de pistoleiros, submetidos a tortura física e psicológica porque dormiam ao relento em barracões improvisados sem qualquer tipo de assistência médica e muitos adoeciam de malária. Os trabalhadores contam que as tentativas de fuga eram castigadas por esses pistoleiros, inclusive que trabalhadores foram mortos, segundo relatos dos trabalhadores, dentro da fazenda”, relatou o procurador.

Garcia avalia que, além da compensação às vítimas diretas das violações, a empresa deve reparação à sociedade, já que recebeu incentivos fiscais do poder público na época, totalizando R$ 700 milhões em valores atuais, para gerir seu negócio de criação de gado que provocou danos sociais profundos. Na proposta do MPT, o valor da indenização seria destinado à reparação dos trabalhadores vitimados já identificados e para a criação de um programa de levantamento histórico, identificação e busca de outros trabalhadores que também foram submetidos ao mesmo tratamento naquela fazenda.

“[Na atuação da empresa] ocorrer gravíssimas violações de direitos humanos, deixando marcas não só individualmente nas pessoas, mas também naquela própria sociedade que se insere, em uma região paupérrima, ela contribuiu para manutenção das condições sociais miseráveis e vulneráveis de trabalhadores e da própria região. Diante da dimensão e da gravidade do caso, há necessidade de a empresa compensar não só os trabalhadores, mas também a sociedade brasileira que foi agredida por conta da sua conduta.”

Denúncia na época

Ricardo Rezende, que também é professor e coordena o Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo no Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chegou a relatar as violações, no ano de 1983, em uma denúncia pública à imprensa ao lado de um dos trabalhadores explorados.

“No dia seguinte, abrimos os jornais, o Jornal do Brasil não tinha publicado nada, Correio Brasiliense nada, Folha de São Paulo nada, Estadão nada, a imprensa tinha feito silêncio, salvo o jornal O Globo que tinha dado uma pequena notícia na parte interna, que teve uma repercussão internacional imediata”, contou. Ele começou a receber denúncias por conta de sua atuação na Pastoral da Terra na região.

Após desdobramentos dessa repercussão internacional, a empresa teria convidado parlamentares para uma visita à fazenda, a fim de demonstrar que as denúncias não procediam. Foi nesta visita que a comitiva – composta por três parlamentares, um repórter e um fotógrafo do Estadão – se deparou com um dos empreiteiros carregando um trabalhador amarrado para dentro da fazenda após tentativa de fuga. Rezende também participou da visitação.

“Quando nós, dentro da fazenda, constatamos diversos problemas e tínhamos então mais elementos, porque comprovava os crimes cometidos pela Vale do Rio Cristalino, o senhor [Frederico] Brügger [que gerenciava o local] gritou comigo e me desafiou ‘me dê o nome de uma fazenda que faça diferente’”, contou Rezende, que respondeu que todos que cometiam esse crime estavam errados e que ninguém tinha direito de utilizar mão de obra escrava.

Colaboração com a ditadura

O presidente da Volkswagen Região América do Sul e Brasil, Pablo Di Si, admitiu em 2017 que havia pessoas, dentro da empresa, que colaboravam com o regime militar (1964-1985). “Nós reconhecemos o que aconteceu na ditadura militar e que foram anos difíceis”, disse Di Si, em evento no qual foi divulgado o resultado da investigação interna que apurou a relação da empresa com a ditadura.

O relatório com as conclusões do historiador Christopher Kooper, contratado pela matriz da Volkswagen na Alemanha, foi produzido após instauração de inquérito civil pelo Ministério Público Federal para apurar a responsabilidade da montadora em “graves violações de direitos humanos”. A investigação foi iniciada após representação assinada pelas centrais sindicais brasileiras, sindicatos e ex-trabalhadores da empresa, em setembro de 2015. O pedido foi feito com base nas conclusões da Comissão Nacional da Verdade, que apontam a colaboração da empresa com a repressão, além de discriminar trabalhadores com atuação sindical.

Entre as condutas da empresa investigadas estavam, por exemplo, permitir a prisão de funcionários no interior de suas unidades; perseguir trabalhadores por atuação política e sindical, criando “listas negras” para impedir contratação desses profissionais; produzir informações para encaminhamento aos órgãos de repressão; colaborar financeiramente com o regime e permitir práticas de tortura na sede da montadora.

O promotor explicou que as ocorrências – na fazenda e nas fábricas – são distintas, no entanto, avalia que isso só ressalta a necessidade de que a empresa reafirme a sua responsabilidade com o país. “Na fábrica, ocorreram graves violações de direitos humanos durante a ditadura com trabalhadores sendo entregues aos serviços de repressão e tortura do estado. Numa fazenda, que é independente da fábrica, distante milhares de quilômetros também ocorreram graves violações de direitos humanos, escravizando trabalhadores.”

“Apesar dos fatos serem da mesma época, eles são distintos, eles não se confundem, mas eles fazem com que nós cheguemos à conclusão de que a empresa precisa reassumir a sua responsabilidade com o país. Não é possível uma mesma empresa perpetrar tantas violações de direitos humanos num mesmo território”, finalizou.

De acordo com padre Rezende, o historiador Kopper reconheceu que havia trabalhadores submetidos ao sistema de servidão por dívida e que, se houvesse problemas quanto ao pagamento de salário e tentativa de fuga, eles seriam capturados e punidos. Kopper sabia que a empresa era acusada de utilizar-se de escravização de homens, mas, apesar dos fatos sobre os quais ele discorreu com detalhes, divergia quanto à categoria empregada pelos denunciantes. Para o historiador, escravidão era uma “metáfora”, um exagero. As pessoas não eram escravizadas pois não eram “mercadorias”.

“Segundo o historiador alemão, houve na fazenda gravíssimos problemas de não pagamento, de pessoas armadas e que houve servidão por dívida e disse que era exagero falar em trabalho escravo. Eu não sei exatamente o que é trabalho escravo para o historiador alemão, mas para nós [pela lei brasileira] servidão por dívida é escravidão”, disse Rezende.

“Pelo artigo 149 do código penal brasileiro hoje, bastava muito menos do que a Volks fez para ser considerado trabalho análogo a de escravo. Porque a lei brasileira não exige que tenha privação de liberdade ou violência para ser caracterizado crime. E, no caso da Volks, houve privação de liberdade, houve ameaça, houve espancamento e possivelmente houvesse assassinato”, acrescentou.

A Volkswagen do Brasil disse, em nota, que “o Ministério Público Federal do Trabalho iniciou um processo administrativo contra a Volkswagen do Brasil, em 2019, e notificou a empresa apenas três anos após o início das investigações. A Volkswagen do Brasil rejeita todas as alegações apresentadas nos registros da presente investigação sobre a Fazenda Vale do Rio Cristalino e não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros.”

“A empresa reforça o compromisso com a responsabilidade social, continua comprometida com os valores éticos e continuará participando e contribuindo para as adequadas condições de trabalho dos seus empregados, bem como para a evolução positiva da sociedade”, finaliza a empresa.

LGBTQIA+ negros relatam agressões recorrentes na internet


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“Eles só pegam aquilo que historicamente o Brasil criou das nossas imagens e produzem fake news contra a gente”. A percepção foi um dos relatos registrados por uma pesquisa que ouviu pessoas LGBTQIA+ negras do Rio de Janeiro sobre o ecossistema de informação em que estavam inseridas, nas redes e fora delas, antes e depois da disputa eleitoral de 2022. O resultado aponta uma frequência elevada de agressão por discurso de ódio, especialmente na internet, canal considerado a principal fonte de informação por 74% dos entrevistados.

O estudo foi realizado pelo Data_Labe, um laboratório de dados do Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. Em entrevista à Agência Brasil, o antropólogo e coordenador do trabalho, Flávio Rocha, explica que a exposição ao discurso de ódio afeta a saúde mental, causa medo e faz com que essas pessoas temam inclusive exercer sua cidadania.    

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“Uma das narrativas mais emblemáticas era de uma pessoa que, durante o período eleitoral, disse que tinha medo de ir votar”, conta. ” Muita gente precisa recorrer a terapia, se desligar das redes sociais e acaba tendo medo de sair na rua. A gente recebeu muitos relatos sobre esse medo, sobre esse impacto na saúde mental e no emocional. Isso foi bem relevante na nossa percepção”, diz o coordenador.

A equipe responsável pelo estudo contou com quatro pesquisadores e pesquisadoras negros e LGBTQIA+, o que Rocha considera que permitiu maior empatia e sensibilidade ao abordar os temas e elaborar as perguntas. Além do antropólogo, participaram a psicanalista clínica Roberta Ribeiro, a graduanda em Conservação e Restauração Joyce Reis e o doutorando em Saúde Coletiva e especialista em Gênero e Sexualidade Leonardo Peçanha.  

Os pesquisadores aplicaram questionários e realizaram grupos focais e entrevistas individuais com pessoas do público-alvo e chegaram a um total de 175 participantes. Os dados estatísticos, portanto, não podem ser extrapolados para toda a população LGBTQIA+ negra, mas as respostas e relatos colhidos na pesquisa qualitativa indicam como os entrevistados percebem e se apropriam das informações disponíveis em seus círculos.

A maioria dos entrevistados é mulher, cisgênera e das zona norte e oeste do Rio. Quase metade (45%) dos respondentes afirmou receber até R$1.212,00 por mês e 81% disse já ter entrado em contato com discurso de ódio. Para uma em cada quatro pessoas, as violências racial ou de gênero ocorrem de forma recorrente.

Confira a entrevista com o pesquisador:

Agência Brasil: Em termos quantitativos, os dados não podem ser extrapolados para toda a população negra LGBTQIA+. Mas, em termos qualitativos, quais sinais apontados pela pesquisa você destacaria?

Flávio Rocha: Um primeiro ponto que eu destacaria é uma das narrativas mais emblemáticas, que era de uma pessoa que, durante o período eleitoral, disse que tinha medo de ir votar. Tinha medo por ser uma pessoa trans, uma pessoa LGBTQIAP+ e por ser uma pessoa negra. Esse é um primeiro aspecto, o medo de ir votar pelo discurso de ódio produzido a respeito de vários grupos. Em um segundo ponto, eu entraria na falta de representatividade. Tanto nos meios de comunicação, quanto na política. Nessa última eleição, a gente teve um crescimento de candidaturas trans e LGBTQIAP+ e, na mesma medida, a gente percebeu um aumento do discurso de ódio contra essas candidaturas. Em um dos grupos focais, há uma fala sobre como foi produzida a desinformação sobre essas candidaturas. Diziam que “essa galera não pode ser eleita, porque não sabe gerir dinheiro público”. A gente entrevistou também candidatos dessa eleição, e a maioria trouxe algum relato sobre discurso de ódio no decorrer dessa campanha ou no decorrer dos mandatos, quando já tinham mandatos.

Agência Brasil: Por que você acredita que desinformação, fake news e discurso de ódio estão sempre de mãos dadas nos relatos dessa população?

Flávio Rocha: Eu acredito que esses três elementos aparecem como estratégias políticas, sobretudo de candidaturas de extrema direita. Parece que é a estratégia que foi impulsionada, principalmente num contexto em que a gente tem as redes sociais como ferramentas do jogo político. Foi a forma como as candidaturas de extrema direita souberam desarticular as candidaturas ditas progressistas ou de esquerda. Sempre trazendo um discurso sobre aborto, criminalizando movimentos sociais e criando uma narrativa de que esses grupos são contra as igrejas, algo que o neopentecostalismo abomina. A desinformação sobre o uso de kit gay nas escolas foi um discurso muito forte na campanha de 2018, por exemplo. Esses elementos são uma estratégia política.

Agência Brasil: Nos relatos da pesquisa, a violência nas plataformas digitais é mais recorrente que a “violência offline”?

Flávio Rocha: Sim, porque cada vez mais a gente está mais conectado. A todo momento, existe a exigência de a gente está online. A pessoa offline está em contato com os lugares em que circula. Mas online, o discurso de alguém que está no Amapá chega na pessoa no Rio de Janeiro em segundos. O Twitter é a rede mais nociva nos relatos da nossa pesquisa, por ser um lugar em que as pessoas publicam as opiniões. Apesar de o Instagram ser a mais utilizada pelos nossos pesquisados, ele não chega a ser tão nocivo, por ser uma plataforma imagética em que o discurso é produzido de uma outra forma.

Agência Brasil: Um número grande de pessoas relatou ser vítima do discurso de ódio de forma recorrente. O que a parte qualitativa da pesquisa contou para vocês sobre o impacto dessa violência constante?

Flávio Rocha: A gente percebeu que há um impacto muito grande na saúde mental dessas pessoas. Muita gente precisa recorrer a terapia, se desligar das redes sociais e acaba tendo medo de sair na rua. A gente recebeu muitos relatos sobre esse medo, sobre esse impacto na saúde mental e no emocional. Isso foi bem relevante na nossa percepção.

Agência Brasil: A pesquisa indicou que, de certa forma, as limitações de pacotes de dado de celular aumentaram a exposição dessas pessoas ao discurso de ódio. Pode explicar esse mecanismo?

Flávio Rocha: Se uma pessoa pode usar só WhatsApp e Facebook e não consegue buscar uma informação no Google porque está sem dados, ou se chega uma informação e a pessoa não consegue pesquisar e acessar plataformas em que consiga verificar essa fato, ela vai ficar só com aquela informação. No nosso grupo pesquisado, o meio mais confiável não são suas redes de contato nas plataformas, mas as organizações da sociedade civil e mídias alternativas. Mas se a pessoa fica refém dessas plataformas, se está limitada pelo pacote de dados, ela vai ter dificuldade em buscar novas informações ou diferentes formas de informação.

Agência Brasil: E o que a pessoa tem disponível gratuitamente é a desinformação?

Flávio Rocha: É isso.

Agência Brasil: A pesquisa detectou uma baixa confiança no governo entre os entrevistados, e essa é uma população que precisa ser alcançada por políticas públicas. Como os governos podem calibrar melhor essa comunicação?

Flávio Rocha: A falta de confiança no governo eu associo ao fato de a primeira parte dela ter sido feita antes do segundo turno das eleições, antes de saber quem seria eleito, porque havia uma alta rejeição ao governo Jair Bolsonaro entre os entrevistados. Foi um governo que desmontou políticas públicas para a população negra e a população LGBTQIAP+, então, havia uma descrença. E o Estado Brasileiro tem a função de prover informação e políticas públicas considerando a diversidade de todo o Brasil, e tem também o papel de regular a mídia para não haver essa produção de discurso de ódio e desinformação. A gente viu massacres no ambiente escolar sendo promovidos através das redes sociais.

Laboratório desenvolve projetos para monitorar mudança climática em PE

As chuvas que atingiram Recife e São Paulo este ano tem colocado a vida de milhares de pessoas que vivem em áreas vulneráveis ainda mais em risco e acendido o alerta da sociedade em busca de soluções possíveis. Com isso, a Casa Criatura, de Olinda (PE) e o Instituto Procomum, de Santos (SP), organizações de inovação social, se uniram para conectar pessoas, com diferentes saberes e experiências, para colaborarem e criarem soluções para os desafios climáticos locais, por meio do projeto Lab Tempestade.

O Lab Tempestade Olinda é um laboratório de inovação cidadã que visa prototipar soluções pautadas na temática das mudanças climáticas. No local, pessoas de diferentes áreas e contextos sociais trabalham no desenvolvimento de soluções climáticas criativas,  uma oportunidade para discutirem sobre os desafios enfrentados com a mudança climática e colaborarem para um futuro mais sustentável em Pernambuco. O projeto tem apoio da rede internacional Global Innovation Gathering e conta com o apoio da fundação alemã Nord-Süd-Brücken e do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha.

Cada participante recebe uma bolsa de R$ 400 e ajuda de custo para transporte e alimentação em todas as atividades presenciais. As equipes têm acompanhamento técnico e apoio financeiro para compra de materiais, visando o desenvolvimento de seus protótipos. A participação no laboratório acontece em três encontros presenciais na Casa Criatura, localizada no sítio histórico de Olinda.

Os encontros para imersão e prototipação já aconteceram no final de semana passado. “Esse projeto tem como meta desenvolver cinco protótipos, então não são produtos finais, são protótipos de uma ideia, de um método e de um processo que possa ser desenvolvido numa escala menor, de forma a atestar a ideia para ver se tem efetividade, se pode ser implementada, se é exequível”, explicou a coordenadora do Lab Tempestade em Olinda, Rayane Aguiar, consultora e pesquisadora que trabalho com análise de políticas públicas e construção de metodologias para investigação e construção de soluções para desafios socioambientais complexos.

“Ao final dessas três semanas de mentoria, os participantes vão apresentar esses protótipos. Temos a expectativa de renovar esse investimento que foi feito pela instituição financiadora para que a gente dê continuidade ao Lab Tempestade e implementar algumas ou até todas essas ideias que estão sendo desenvolvidas”, completou Rayane.

Os resultados e processo criativo do Lab Tempestade serão apresentados em um encontro de encerramento no dia 6 de maio. O processo criativo não é competitivo e todos os participantes terão a oportunidade de contribuir com os resultados gerados para enfrentar os desafios climáticos em nível local e servir de exemplo para outras localidades com ideias e saberes vindos da comunidade.  

Grupos

Os grupos focais se encontraram nos dias 14 e 15 de abril para desenvolverem os projetos.  Durante os encontros, os participantes trabalharam no desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios climáticos locais.

O gestor de projetos Renato Zerbinato, de 46 anos, é um dos participantes do Grupo 4: Observatório Tempestade, em que participam também Havana Andrade, Tulio Seabra, Estevão Souza, Cleo Nascimento e Flacinete Duarte. Ele explica qual o foco do grupo. “A ativação de um observatório ambiental em Pernambuco, iniciando por Olinda, Recife e Região Metropolitana de Recife vai nos ajudar a mapear pontos críticos para o meio ambiente em diversas regiões, assim como divulgar boas práticas no enfrentamento à crise climática e ao racismo ambiental [termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações periferizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental]”.

Renato afirma que os mapeamentos, pesquisas e demais ações oferecidas pelo observatório poderão subsidiar diversas instituições ambientalistas na facilitação de parte de seus objetivos.

Dispositivo de proteção

A estudante de Serviço Social e ativista socioambiental Dálethe Melissa, de 20 anos, que faz parte do Grupo 2: Dispositivo para proteger bens materiais durante enchentes, conta que a ideia do grupo, composto ainda pelo Rafael Rangel, Ciro Silva, Dyego Digiandomenico, Julia Santana, Ture e Vera Maria, consiste na criação de um dispositivo impermeável para proteger bens em áreas de inundação.

“Alguns dos principais efeitos da crise climática é a maior frequência dos alagamentos e cheias em comunidades vulneráveis, resultando na insegurança de vidas e na perda de bens. Sendo assim, a proposta surge a partir da necessidade de garantir a dignidade das pessoas a partir da minimização das perdas materiais, que foram conquistadas através de muito esforço por parte das famílias afetadas”.

A ativista, que ainda é gestora de Comunicação do Fórum Popular do Rio Tejipió, completa que o objetivo é que o dispositivo seja prático e aplicável em diferentes escalas de tamanho, possibilitando que as pessoas possam salvar os seus bens e saírem com segurança o mais rápido possível de suas casas. “Somado a isso, a meta é que ele seja de baixo custo, oportunizando que as famílias possam confeccionar futuramente, transformando suas casas mais resilientes às inundações”.

Cuidado

A pedagoga Débora Paixão, de 25 anos, está no Grupo 3: Clima de Cuidado, com os colegas Gabi Feitosa, João Paulo Oliveira, Nathália Araújo e Rayana Burgos. O foco do grupo é acolher e proporcionar um momento de cuidado para as pessoas ativistas que estão à frente das soluções climáticas no dia a dia, e que por falta de recursos e acessos, não conseguem cuidar de si.

“Entendemos que, as soluções são feitas por pessoas que estão diretamente nos territórios, e que por muitas vezes, por olhar tanto para os outros e para as problemáticas, esquecem de cuidar de si próprio”, explicou Débora.

O objetivo, completa a pedagoga, é oferecer cuidado para aqueles que estão na linha de frente do combate da mudança do clima. “E fortalecer o senso de comunidade através da cultura do bem viver e encorajar os ativistas a continuarem na luta, para que possamos, além de cuidar do clima, atuar nas soluções diárias das problemáticas que enfrentamos em diversos territórios, e assim propor que as pessoas ativistas através desta vivência, possam se sentir acolhidas e cuidadas”.

Comunicação

Educadora e cientista social, Joice Paixão, de 38 anos, está no Grupo 5: Plano de Comunicação,  Adaptação e Mitigação das Chuvas na Região Metropolitana do Recife, que conta ainda com a participação de Joyce Arai, Maria Clara Araújo, Esdras Silva, Winston Spencer e Vitoria Passos. No plano, Joice explica, tem ações informativas, treinamentos até a preparação de brigadas para atuar em casos de incêndios ou de desastres.

“Dentro dessas brigadas teremos a brigada de saúde física, de saúde mental, de cuidado com as crianças, de gestão de crise, de logística – que é responsável receber as doações, triagem e fazer a entrega – e brigada de social media”.

Segundo a educadora, o grupo está realizando um mapeamento georreferenciado na comunidade junto com o departamento de geografia da Universidade Federal de Pernambuco. “É um mapeamento dos locais mais afetados na enchente do ano passado,  para criar não só um perfil socioeconômico, mas também um perfil estrutural das famílias atingidas.”

O objetivo, ela completa, é ‘salvar vidas’. “Nosso objetivo com esse plano é fazer com que o máximo de pessoas estejam preparadas fisicamente, estruturalmente, emocionalmente para lidar com as fortes chuvas em Recife e com a possibilidade de alagamentos, enchentes ou deslizamento de barreiras”.

Casa Guardiã

A realizadora audiovisual Carol Canuto, de 26 anos, participante do Grupo 1: Casa Guardiã, em que faz partes ainda os integrantes Kadu Tapuya, Raama Santana, Daniel Guedes, Gil Acauã e Jhenifer , contou que o projeto do grupo aborda os desafios climáticos sob dois eixos: “primeiramente, visa propor uma reparação direta, a curto prazo para a má alimentação consequente do racismo ambiental, com a utlização de uma farmácia com ervas, cura espiritual e ancestral e uma horta. E no segundo tempo, o projeto atua a longo prazo, com os desafios climáticos, por incorporar uma construção de uma arquitetura sustentável, que poderá ser um exemplo ou inspiração para futuras construções na Comunidade do Coque [em Recife], onde será implantada”.

Carol, que também é pesquisadora de práticas de rezas e curas ancestral e articuladora social, o objetivo do grupo é fazer um espaço de conservação de manutenção de saberes ancestrais, “para sensibilizar a comunidade, crianças e adolescentes a aprender com esses saberes locais de mulheres, já que elas são, em maioria, indígenas que compartilham suas ideias e sua ancestralidade”.

Bolsa Família para NIS de final 6 já está disponível no aplicativo

A Caixa Econômica Federal paga neste sábado (22) a parcela de abril do novo Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 6. Essa é a segunda parcela com o adicional de R$ 150 a famílias com crianças de até 6 anos.

Embora o calendário oficial preveja o pagamento apenas na segunda-feira (24), a Caixa antecipa o depósito para o sábado anterior no aplicativo Caixa Tem.

O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 670,49, o maior da história do programa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 21,2 milhões de famílias, com um gasto de R$ 13,9 bilhões.

Desse total, 8,9 milhões de crianças recebem R$ 1,33 bilhão relativos ao benefício Primeira Infância, como se chama o adicional de R$ 150. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, são 17 mil crianças a mais que em março.

Neste mês houve uma novidade. O governo unificou para o primeiro dia do calendário o pagamento a beneficiários de municípios em situação de emergência ou calamidade reconhecida. Na última sexta-feira (14), foram contempladas todas as famílias atingidas pelas chuvas em São Paulo, no Espírito Santo, no Acre e as atingidas pela estiagem no Rio Grande do Sul, além dos povos indígenas Yanomami.

Com a revisão do cadastro, que eliminou principalmente famílias constituídas de uma única pessoa, 1,42 milhão de beneficiários foram excluídos do Bolsa Família e 113,84 mil famílias foram incluídas em abril, das quais 17 mil com crianças de até 6 anos.

Desde o início do ano, o programa social voltou a chamar-se Bolsa Família. O valor mínimo de R$ 600 foi garantido após a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que permitiu o gasto de até R$ 145 bilhões fora do teto de gastos neste ano, dos quais R$ 70 bilhões estão destinados a custear o benefício.

O pagamento do adicional de R$ 150 começou em março, após o governo fazer um pente-fino no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), para eliminar fraudes. Em junho, começará o pagamento do adicional de R$ 50 por gestante, por criança de 7 a 12 anos e por adolescente de 12 a 18 anos.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

Calendário do Bolsa Família

Calendário do Bolsa Família – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Auxílio Gás

O Auxílio Gás também será pago neste sábado às famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com NIS final 6. Com valor de R$ 110 em abril, o benefício segue o calendário do Bolsa Família.

Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia 5,69 milhões de famílias neste mês. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg. Apenas neste mês, o governo gastará R$ 626,2 milhões com o benefício.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

 

Brasileiro Feminino: Cruzeiro bate Ariquemes na abertura da 8ª rodada


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O Cruzeiro assumiu a 6ª posição da Série A1 do Brasileiro Feminino após derrotar o Real Ariquemes por 3 a 0, na noite desta sexta-feira (21) no SESC Alterosas, na partida que abriu a 8ª rodada da competição. Com o triunfo, as Cabulosas chegaram aos 14 pontos. Já a equipe de Rondônia permanece na vice-lanterna, sem ponto algum.

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A vitória do Cruzeiro começou a ser construída aos 41 minutos do primeiro tempo, quando Isa Fernandes levantou na área para Vanessinha, que não perdoou. A equipe mineira continuou melhor e ampliou na etapa final. Aos 16 minutos Mari Pires cobrou falta e Ambrózio deixou o dela. O terceiro saiu aos 37 minutos com Carol Baiana, após receber passe em profundidade de Tipa.

O Cruzeiro volta a entrar em campo no dia 30 de abril no Parque São Jorge para medir forças com o Corinthians. Já o Real Ariquemes recebe o Avaí/Kindermann um dia antes no estádio Valerião.

Portugal pode ser importante aliado no acordo Mercosul-EU, diz governo


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O Itamaraty afirmou, hoje (21), que Portugal pode ser um importante aliado do Brasil no contexto das negociações para a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo português tem se mostrado um defensor do tratado. O primeiro-ministro português Antônio Costa disse, em outubro do ano passado, que eventual não ratificação do acordo seria um “erro histórico”.

Aprovado em 2019, após 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-União Europeia de livre comércio precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor, uma tramitação que envolve 31 nações. Ele cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.

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Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o acordo entre os dois blocos será tratado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas conversas com portugueses e espanhóis na visita à Europa que começou nesta sexta-feira (21).

Comércio e investimentos

O comércio entre Brasil e Portugal foi de US$ 5,26 bilhões em 2022, aumento de 50,8% em relação ao ano anterior. As exportações brasileiras totalizaram US$ 4,27 bilhões. O petróleo representa 59% do volume total das exportações do Brasil para Portugal. Já os produtos agrícolas constituem 20% do total exportado. Os produtos agrícolas portugueses representam cerca de 45% das importações feitas pelo Brasil.

Portugal é o 16º país com mais investimentos no Brasil, com US$ 10,7 bilhões, segundo dados do Banco Central. Os setores de energia – exploração e produção de petróleo e gás, além de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia – concentram a maior parte do volume investido.

O volume de investimentos brasileiros em Portugal é de US$ 4,2 bilhões, especialmente nos setores aeronáutico, siderúrgico, turismo, hotelaria, hospitalar e infraestrutura.

Visita oficial

Os compromissos oficiais começam amanhã (22), quando o presidente Lula participará de uma cerimônia de boas-vindas na Praça do Império, em frente ao Mosteiro do Jerônimo, e da deposição de flores junto ao túmulo do poeta português Luís de Camões, no interior do mosteiro. Na sequência, Lula tem encontro bilateral com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

Em seguida, haverá almoço oferecido pelo primeiro-ministro Antônio Costa e, à tarde, ocorre a 13ª Cúpula Luso-Brasileira, no Centro Cultural de Belém, com a assinatura dos acordos bilaterais. Inicialmente, os dois chefes de governo têm reunião reservada, seguida de uma plenária com as duas delegações.

Segundo o Palácio do Planalto, serão assinados pelo menos 13 acordos e parcerias com o governo português.