Áudio e vídeo acelerados podem afetar capacidade de reter informação

O hábito de acelerar a velocidade de áudios e vídeos pode causar efeitos negativos na saúde. Psicólogos e pesquisadores afirmam que pessoas expostas frequentemente a estímulos frenéticos podem desenvolver dificuldade em reter informações.

“É como se você desenvolvesse, com a passagem do tempo, uma incapacidade de se aprofundar nos temas. Não é necessariamente que você fica ansioso, mas você não sabe mais o que fazer com uma informação que demora um pouco. Tem que associar, mas você perdeu a habilidade de associar”, explica o psicólogo Cristiano Nabuco em entrevista à TV Brasil.

Uma pesquisa do Conselho Nacional de Secretários de Saúde aponta que 31,6% dos jovens, entre 18 e 24 anos, já receberam diagnóstico de ansiedade.

Os especialistas alertam para os sinais que indicam efeitos do uso excessivo da internet e seus recursos, como aceleração da velocidade. Entre eles o uso de aplicativos e redes sociais por muito tempo, sensação de angústia ao identificar que a bateria do celular está acabando ou sem acesso à internet e retomada do bem-estar somente quando está conectado.

Veja a reportagem completa da TV Brasil:

Órgãos de estudante atingida por ultraleve são doados para transplante

O Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), na Baixada Fluminense, informa que a cirurgia de captação dos órgãos da paciente Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos, foi realizada na manhã desta segunda-feira (11) e concluída no início da tarde. Foram captados os dois rins e o fígado da paciente, que teve morte cerebral constatada neste domingo (10).  

A vítima foi atingida pela asa de um ultraleve no sábado (9), enquanto corria no entorno da pista do Aeroclube de Nova Iguaçu. A aeronave teve um problema mecânico e não conseguiu decolar, atingindo Caroline, que era aluna da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP).

Os órgãos serão destinados aos hospitais com pacientes em lista de espera por transplante. O procedimento foi possível após a autorização dos familiares de Caroline, que já havia manifestado em vida seu desejo de ser doadora de órgãos. Um helicóptero do Programa Estadual de Transplante da Secretaria de Estado de Saúde já encaminhou os órgãos doados para pessoas que aguardam na fila de transplantes no estado do Rio.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou, por meio de nota, que o Aeroclube de Nova Iguaçu não é uma entidade certificada pela Anac para oferta de cursos de formação de pilotos e não consta no cadastro de aeródromos privados da Agência, portanto, não pode operar como aeródromo. Isso significa que não são permitidas operações com aeronaves no local.

Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) disse que investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos foram acionados para realizar a ação inicial da perícia da ocorrência no aeroclube. 

Em nota de pesar, a Escola Preparatória de Cadetes do Exército informou que a aluna estava em folga no feriado e confirmou a morte. “A aluna foi conduzida ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, onde apesar de todos os esforços da equipe médica, constatou-se, oficialmente, neste domingo (10), por volta das 15h30, o óbito da militar”.

O enterro de Caroline foi realizado na tarde desta segunda-feira (11) no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, na Baixada Fluminense.

MMA quer evitar licença ambiental de longo prazo no Cerrado


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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, disse, nesta segunda-feira (11), que as licenças ambientais no Matopiba são, muitas vezes, usadas para especulação de venda das terras.  A região é formada por áreas de Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e grande produtora de grãos, como soja e milho. 

“Foram identificadas, no passado, as licenças dadas com um período muito estendido, de três até quatro anos. Essas licenças não eram imediatamente usadas, mas estavam sendo usadas para especulação de venda dessas terras. Quando você tem uma área com uma licença já concedida, eleva muito o valor daquela propriedade, então, eram licenças especulativas.” 

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Diante do uso das licenças de forma especulativa, Marina Silva informou que a pasta avalia o prazo das licenças concedidas. 

“Estamos trabalhando um caminho para evitar essas licenças [ambientais] por um período muito longo. E o esforço de disputar outros usos para essas áreas, que não seja o de converter o Cerrado com atividades que façam a sua remoção”, diz a ministra.

Marina Silva destacou ainda que a Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem dialogado com os secretários de meio ambiente estaduais e municipais, da região. “Eles já estão nos passando todas as informações do que é desmatamento legal e do que é ilegal”, adiantou a ministra. 

A declaração da ministra Marina Silva foi dada durante a celebração do Dia Nacional do Cerrado, comemorado hoje, no Parque Nacional (Parna) de Brasília.

Na ocasião, a ministra Marina Silva plantou uma muda de ipê na unidade de conservação, juntamente com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, e com a secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, Rita de Cássia Mesquita. 

“Todos os biomas são importantes e, nós sabemos disso. Mas, sem o Cerrado nós vamos perder a principal fonte de alimentação hídrica do nosso país”, declarou a ministra Marina Silva. 

Redução do desmatamento

A ministra recordou que o governo tem trabalhado, desde janeiro deste ano, para reduzir os níveis de desmatamento do bioma, que vêm aumentando, impactado, sobretudo, pelo agronegócio. “Nós tivemos um crescimento no início do ano. A partir de julho e agosto, nós notamos uma diferença. Tivemos em julho, um aumento muito significativo e, em seguida, uma série de medidas foram tomadas junto com os governos dos estados, as secretarias de meio ambiente e já conseguimos dar uma estabilizada. A partir de agora é fazer [o desmatamento] cair também [no cerrado], como já aconteceu na mata atlântica e na Amazônia,” planeja a ministra Marina Silva. 

Marina Silva defendeu o uso sustentável do Cerrado, a partir do aumento da produtividade do agronegócio sem a necessidade de exploração de novas áreas do bioma, como forma de frear o desmatamento e degradação. 

“O que nós podemos fazer é aumentar a produção, por ganho de produtividade. O bom é que nós já temos tecnologia suficiente para dobrar a produção e até triplicar, sem precisar abrir novas áreas.” 

Dia do Cerrado

Como parte da comemoração do Dia Nacional do Cerrado, o MMA planeja lançar, nesta quarta-feira (13), na Câmara dos Deputados, a consulta pública do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado, o PP Cerrado. Após a avaliação do MMA sobre as sugestões apresentadas na consulta pública, o ministério prevê o lançamento do PP Cerrado, ainda, em outubro.  

O cerrado é um dos seis biomas do Brasil e cobre cerca de 25% do território nacional. O bioma perfaz uma área de aproximadamente 2 milhões de km², em 11 estados: Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e pequenas porções de São Paulo e do Paraná. 

O cerrado é a segunda maior formação vegetal do país, atrás somente da floresta amazônica. Hoje, 7,5% das terras do bioma estão protegidas em unidades de conservação coordenadas pelo ICMBio, porém, o órgão estuda ampliar essa cobertura de proteção em todos os biomas, inclusive o cerrado. 

O cerrado se concentra, principalmente, no Planalto Central brasileiro, o bioma é importante na questão hídrica brasileira. 

A área abriga, também, as nascentes de grandes bacias hidrográficas do continente, com as dos rios São Francisco, na Serra da Canastra (MG); e Araguaia, na Serra de Caiapó, na divisa do Mato Grosso e Goiás. 

A secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, Rita Mesquita, defendeu a preservação do bioma. “O cerrado tem importantes repositórios da biodiversidade e, também, são o que chamamos de berços das águas. É importante ter essas áreas protegidas e ter a conexão com a sociedade, com os usuários para que todos compreendam a importância da conservação da natureza para o nosso próprio bem-estar”, afirmou Rita. 

Plano de Manejo 

Ainda como celebração do cerrado, o ICMBio aprovou, nesta segunda-feira, o novo Plano de Manejo do Parque Nacional de Brasília, situado no Distrito Federal, no centro do bioma.  

A unidade de conservação, apelidada de Água Mineral, foi criada em 1961, inicialmente com 30 mil hectares. Em 2006, na primeira gestão de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente, os limites do parque nacional foram ampliados em 12 mil hectares e, atualmente, ocupa a área total de 42.355 hectares.  

Agora, o novo plano de manejo da unidade vai permitir, também na área incorporada, além da realização de pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, bem como o turismo ecológico do público em geral, em atrações como as piscinas de águas correntes naturais e as trilhas para prática de caminhada e de mountain bike

“Com o novo plano de manejo do parque, nós vamos poder ampliar os usos, as bases sustentáveis. Quando mais a população tiver contato, de forma respeitosa com o parque, mais ele se torna importante para a comunidade e mais será preservado”, destacou a ministra 

O presidente do ICMBio, Mauro Pires, vê vantagens no contato do público com a natureza. “Quem conhece, conserva” A importância de o parque estar aberto para receber a visitação é exatamente aproximar a população da região. O Parque Nacional de Brasília está no coração da cidade. Portanto, é um parque urbano. É importante que as pessoas conheçam as belezas do cerrado, tenham contato com a natureza, com a paisagem, com as árvores, com os animais.” 

“A nossa expectativa é que com a educação ambiental, as pessoas estejam mais engajadas na conservação do próprio parque, mas na verdade, com a conservação do próprio bioma”, diz o presidente do ICMBio, Mauro Pires. 

Brasília (DF), 11/09/2023, Andrey Silva (PPI-Casa Civil), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o presidente do ICMBio, Mauro Pires, durante assinatura do Plano de Manejo do Parque Nacional de Brasília.  Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF), 11/09/2023, Andrey Silva (PPI-Casa Civil), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o presidente do ICMBio, Mauro Pires, durante assinatura do Plano de Manejo do Parque Nacional de Brasília. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil – Antônio Cruz/Agência Brasil

Cartilha 

No mesmo evento de celebração do Dia Nacional do Cerrado, o Instituto Semeia, com a colaboração do ICMBio, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal, lançou a cartilha “Parques naturais e parcerias: perguntas e respostas para a sociedade”.   

A publicação explica o que são os parques naturais, como funciona a gestão desses espaços, esclarece dúvidas sobre as parcerias privadas, principalmente as concessões de parques naturais. 

No formato de perguntas e respostas para a sociedade, a cartilha ainda apresenta um breve histórico das áreas protegidas e aponta a importância de conservá-las. A gerente de projetos do Instituto Semeia, Bárbara Matos, menciona como surgiu a necessidade de produzir o documento. “A gente foi vendo algumas perguntas recorrentes da sociedade e de gestores públicos sobre o que é a concessão. Nós entendemos ser interessante e pontual fazer um documento que esclarecesse essas perguntas, com uma linguagem de fácil acesso ao usuário do parque, ao gestor e a quem mais se interessar na sociedade”. 

MPF investigará ação da PRF que deixou menina de 3 anos baleada no Rio


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O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação criminal para apurar a ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que deixou uma menina de 3 anos gravemente ferida, após ser atingida, no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense. O caso ocorreu na noite da última quinta-feira (7).

Segundo parentes da menina Heloísa dos Santos Silva, agentes da Polícia Rodoviária Federal abriram fogo contra o veículo da família, atingindo a criança na cabeça e na coluna. Além de Heloísa, estavam no carro o pai, a mãe, a irmã de 8 anos e uma tia. A menina está internada em estado grave.

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Na sexta-feira (8), o MPF instaurou o procedimento investigatório requisitando à Superintendência da PRF a identificação do autor ou dos autores dos disparos, o afastamento de todos os envolvidos na operação por 30 dias e o recolhimento imediato das armas utilizadas na ação para realização de perícia. O órgão pede, ainda, acesso ao procedimento investigatório interno aberto na Corregedoria da PRF.

No sábado (9), representantes do MPF estiveram no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias (RJ), onde a menina de 3 anos está internada. Segundo o procurador da República responsável pela abertura da investigação, Eduardo Santos de Oliveira Benones, o objetivo foi verificar o estado de saúde da vítima e obter a identidade da equipe médica que prestou os primeiros atendimentos e segue acompanhando o tratamento.

O MPF também vai apurar uma informação que recebeu durante ao hospital: um agente da PRF à paisana teria entrado no centro de terapia intensiva onde está a criança, sem autorização da segurança do centro de saúde. O procurador responsável pela investigação solicitou, ainda, informação sobre eventual assistência prestada pela PRF à família nos cuidados com a menina.

Com o procedimento, o MPF busca apurar suposto crime de lesão corporal ou tentativa de homicídio qualificada pela idade da vítima, sem prejuízo de outras condutas criminosas verificadas no curso das apurações.

Segundo relatos do pai da criança baleada, o veículo com a família passou perto do posto da PRF sem ser abordado e, em seguida, foi seguido de perto por um carro da polícia. O homem conta que, ao diminuir a velocidade e dar seta, indicando que iria parar, os disparos foram efetuados pelos agentes em direção ao veículo, atingindo a menina.

A PRF diz que realizou a abordagem por suspeita de que o veículo dirigido pela família fosse roubado.

Defesa Civil do RS pede prioridade na doação de kits de limpeza


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A Defesa Civil do Rio Grande do Sul solicitou, nesta segunda-feira (11), prioridade na doação de kits de limpeza. Desde a semana passada, dezenas de famílias no estado perderam ou tiveram de deixar suas casas destruídas pelas fortes chuvas e enchentes.

“A principal necessidade no momento é de materiais de limpeza, especialmente nessa fase em que o Poder Público, a comunidade e voluntários realizam a limpeza de casas e ruas”, esclarece.

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Entre os produtos solicitados estão baldes, rodos, vassouras, luvas e botas de borracha.

Em relação a itens de uso pessoal, as famílias afetadas precisam de fraldas, roupas íntimas, lençóis e cobertores, informa a Defesa Civil.

De acordo com a Defesa Civil, não é necessária, no momento, a doação de peças de roupas e alimentos perecíveis, pois os estoques estão completos.

“A Defesa Civil agradece imensamente a corrente de solidariedade que se formou e permitiu rapidamente acumularmos grandes estoques. Mas, no momento, roupas e alimentos, principalmente perecíveis, não se fazem necessários. Pedimos que a população direcione esse grande mutirão de ajuda para sermos mais assertivos nos itens que mais precisamos para auxiliar na reconstrução”, explicou o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Luciano Boeira.

Mais de 150 mil gaúchos foram afetados pelas chuvas. Até o momento, 46 mortes foram confirmadas. 

Doações em dinheiro

As doações também podem ser feitas em dinheiro. O Banco do Brasil informou que, em quatro dias de campanha, conseguiu arrecadar cerca de R$ 1 milhão. A instituição, por meio da Fundação BB – braço social do banco -, doou R$ 500 mil.

Segundo o banco, os valores arrecadados serão destinados a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, instituição sem fins lucrativos que comprará e distribuirá alimentos, kits de higiene e limpeza.

O banco informou que avalia a necessidade, caso a caso, da renegociação dos financiamentos de 115 mil pessoas físicas e empresas que estão em áreas afetadas pelas chuvas.

Quem quiser doar pela Fundação BB, os dados bancários são:

Enchentes Rio Grande do Sul
Banco do Brasil 001
Agência: 1607-1
Conta: 51.000-9
Chave PIX: pix.enchentesrs@fbb.org.br

O governo estadual criou uma chave PIX de conta bancária para receber as doações em valores. Os dados são:

PIX para a conta SOS Rio Grande do Sul
CNPJ: 92.958.800/0001-38
Banco do Estado do Rio Grande do Sul

Câmara realiza sessão em homenagem à Marcha das Mulheres Indígenas


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A Câmara dos Deputados realizou, nesta segunda-feira (11), uma sessão solene em homenagem à III Marcha das Mulheres Indígenas. Convidadas a participar do evento, centenas de mulheres de todo o país lotaram o plenário da Casa, ocupando os assentos destinados a parlamentares e discursando no palanque em defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos originários.

Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), a marcha deve reunir, em Brasília, até quarta-feira (13), cerca de 5 mil representantes dos povos indígenas, além de convidadas de outros países. Com o tema Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade Através das Raízes Ancestrais, a marcha marca também a continuação da luta do movimento indígena contra o garimpo ilegal e em favor da demarcação das terras da União de usufruto exclusivo indígena.

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“O tema da nossa marcha não é só um tema. É uma luta pela nossa existência; pela nossa vida”, explica a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. “Nossa marcha é em defesa da biodiversidade, para que possamos não só manter nossos direitos, mas também o respeito aos nossos modos de vida”, acrescentou a ministra ao avaliar os últimos 6 anos como um “período tenebroso para os direitos dos povos indígenas”.

Brasília, DF 11/09/2023  III Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorre no Complexo Cultural Funarte.  O tema do evento é “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

III Marcha das Mulheres Indígenas, no Complexo Cultural Funarte – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“As mulheres indígenas estão aqui, em Brasília, para colocar suas demandas e continuar contribuindo para o bem-estar de todos os seres vivos”, disse a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, durante a sessão solene, cuja abertura contou com a cantora amazonense Djuena Tikuna entoando os versos do Hino Nacional adaptados à língua de seu povo.

Autora do requerimento para que Câmara homenageasse a Marcha das Mulheres Indígenas, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) leu o discurso enviado pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-MG). No texto, Lira defende que a marcha representa não só às comunidades originárias, “mas a todos os brasileiros que zelam pela diversidade ambiental e cultural e pelo país e pelo planeta”.

Brasília, DF 11/09/2023  III Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorre no Complexo Cultural Funarte.  O tema do evento é “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

III Marcha das Mulheres Indígenas, no Complexo Cultural Funarte – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“A Câmara dos Deputados está atenta às demandas das mulheres indígenas. Acreditamos no diálogo e compartilhamos a certeza de que a preservação dos biomas e a exploração sustentável de suas possibilidades de [geração de] emprego e renda estão fundamentalmente ligadas à manutenção de nossa própria existência como seres humanos”, sustentou Lira. Ainda no texto lido por Célia Xakriabá, Lira é categórico ao afirmar que “o Parlamento também deve proteger, na forma da lei, o direito que assegura a integridade do território com dignidade de seus habitantes”.

Uma das representantes dos povos do bioma Mata Atlântica, a cacica Eliara Antunes, da aldeia Yaka Porã, da Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Santa Catarina, destacou a importância da representatividade indígena no Parlamento, em uma legislatura que conta com cinco indígenas eleitos deputados federais.

“Este é um dia muito importante para nós, mulheres indígenas. É uma honra e imensa alegria estarmos aqui, ocupando este espaço, [que] por muitas vezes tentaram violar nossos direitos”, disse a cacica.

Rio Grande do Sul tem sete rodovias bloqueadas


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Sete trechos de rodovias encontram-se bloqueados, parcial ou totalmente, no Rio Grande do Sul, por causa dos temporais que têm assolado o estado. Há também vários casos de alagamento de pistas devido ao transbordamento de rios.

Segundo o governo gaúcho, duas pontes foram destruídas, causando bloqueio total da rodovia. Uma das pontes é localizada no Km 37 da ERS-448, entre os municípios de Farroupilha e Nova Roma do Sul.

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A outra ponte é localizada na ERS-431, em Bento Gonçalves, no limite com São Valentim do Sul. A pista ficou alagada, resultando também no bloqueio total entre o Km 10 e o Km23. No Km 26 da mesma rodovia, em São Valentim do Sul, houve, além de alagamento, queda de barreira.

Há também bloqueio total no Km 40 da ERS-130 em Cruzeiro do Sul, após a queda de cabeceira de uma ponte. No Km 9 da VRS-851, em Serafina Corrêa, há bloqueio total devido aos danos causados pela chuva em uma ponte que chegou a ficar submersa.

Trânsito interrompido também no Km 40 da ERS-566, em Alegrete. Os motoristas, no entanto, têm usado como alternativa estradas municipais adjacentes.

Ainda segundo o governo estadual, há um bloqueio parcial na ERS-110, entre Jaquirana e Bom Jesus (próximo ao Km 78), devido a uma queda de barreira. A passagem foi parcialmente liberada após a retirada dos materiais que cederam da encosta.

Previsões meteorológicas

Boletim meteorológico divulgado pela Sala de Situação do Governo do Rio Grande do Sul alerta sobre “altos volumes de chuva e temporais esperados para os próximos dias, sobretudo na metade sul” do estado. Até o momento, 46 mortes foram confirmadas em decorrência dos temporais e do ciclone extratropical que atingiram o estado.

“Entre segunda-feira (11) e sexta-feira (15), há risco de tempo severo em grande parte das regiões. Os volumes de chuva podem variar entre 100 milímetros e 200 milímetros nas regiões sul, campanha, oeste, centro, sudeste, leste e noroeste e ultrapassar 250 milímetros em alguns pontos. Além disso, o risco é alto para queda de granizo, descargas elétricas e vento forte”, informa o boletim.

O risco de “tempo severo” esperado até esta terça-feira (12) na metade sul do estado deverá se espalhar pela maioria das regiões já na quarta-feira (13), em especial na região dos vales e no leste, além de se manter na metade sul.

Na quinta-feira (14) a expectativa é de “chuva moderada a forte com vento, sobretudo na metade sul e nas regiões dos vales, noroeste, norte, leste e nordeste”, informa o boletim meteorológico divulgado pela Sala de Situação. “Não são descartados transtornos associados aos temporais isolados e aos elevados acumulados”, acrescenta o boletim.

Protesto toma conta de Israel antes de decisão sobre reforma judicial


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Centenas de manifestantes antigoverno aos gritos de “Democracia” e agitando bandeiras nacionais fizeram um protesto em frente à casa do ministro da Justiça de Israel nesta segunda-feira, antes de uma audiência na Suprema Corte sobre uma proposta da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para restringir os poderes judiciais da Casa.

A polícia arrastou alguns manifestantes em meio a empurrões e brigas, tendo como pano de fundo o barulho de buzinas de carros. Os manifestantes também bloquearam o carro do Ministro da Justiça Yariv Levin, um dos principais formuladores do plano de reforma do judiciário.

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A polícia disse ter detido seis pessoas.

Na terça-feira (12), toda a bancada de 15 juízes da Suprema Corte se reunirá pela primeira vez na história de Israel em uma audiência sobre um recurso contra a emenda judicial aprovada pela coalizão do governo em julho.

Críticos da reforma afirmam que ela prejudica a independência do tribunal, abre as portas para a corrupção e enfraquece a democracia, enquanto partidários políticos de Netanyahu afirmam que ela impedirá que o judiciário extrapole seus poderes.

As tentativas de se chegar a um acordo sobre o plano entre Netanyahu e seus oponentes foram infrutíferas até o momento, aumentando os temores de que a crise só se aprofunde.

Apesar da retórica exacerbada, uma decisão da Suprema Corte poderá ser tomada ainda apenas em janeiro, dando tempo para que as partes cheguem a um acordo sobre as mudanças, concedendo um possível alívio após meses de protestos e sinalizando estabilidade para os mercados.

As brigas desta segunda-feira (11) começaram quando a polícia tentou controlar as multidões que se reuniam do lado de fora da casa de Levin.

Os recorrentes na audiência de terça-feira — parlamentares da oposição e grupos civis — afirmam que a emenda elimina controles e equilíbrios democráticos vitais e convida a abusos de poder. Eles também argumentam que o processo legislativo apressado em si foi falho.

Em sua resposta jurídica às petições, o governo afirmou que a Suprema Corte não tem autoridade nem mesmo para analisar a chamada emenda de “razoabilidade” a uma Lei Básica quase constitucional e disse que o debate poderá “levar à anarquia”.

O protesto também se infiltrou nas forças armadas, com alguns reservistas dizendo que não se apresentariam para o serviço voluntário, o que levou alguns chefes militares a advertir que a prontidão de Israel para a guerra poderia entrar em risco se o descontentamento se espalhasse.

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ABI lembra 50 anos da morte e resistência de Salvador Allende no Chile


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A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) recebe, nesta segunda-feira (11), a partir das 16h, o ato Allende não se rende, em memória dos 50 anos da morte de Salvador Allende, presidente do Chile, em 11 de setembro de 1973. O evento é organizado pela Fundación Salvador Allende e pela ABI.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da ABI, Octávio Costa, disse que o ato se soma aos eventos que estão sendo realizadas nesta data, com o mesmo objetivo, no Chile. “São atos em homenagem à resistência heroica e ao simbolismo todo de Salvador Allende para a América do Sul”, disse Octávio Costa. Para ele, o ato em memória de Allende tem tudo a ver com a própria história da ABI de defesa do estado democrático de direito, que marca a entidade desde sua criação e com alguns momentos marcantes, como a resistência à ditadura e as campanhas pela anistia e pelas Diretas Já – “todos momentos importantes na história da ABI e por toda a simbologia representada por Allende”. “

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A ABI se sentiu honrada ao ser escolhida para sediar esse evento no Brasil, destacou Costa. Segundo o jornalista, Allende era um símbolo de luta social. “Era um socialista histórico no Chile quando foi eleito presidente, enfrentou a resistência imediata da burguesia chilena e, principalmente, dos Estados Unidos.” Costa ressaltou que hoje existem documentos que comprovam a interferência do governo americano na política do Chile na época, inclusive financiando o movimento de conspiração contra Allende. De acordo com Costa, partiu do então presidente americano Richard Nixon a ordem para derrubar Allende, porque não aceitava um governo popular e, pessoalmente, a resistência de Allende.

Com o Palacio La Moneda sendo bombardeado, o presidente Salvador Allende pediu um salvo conduto aos militares para que os assessores mais próximos e sua filha pudessem deixar o local. Quando os militares lhe ofereceram um avião para que saísse do país na companhia da família, Allende recusou, dizendo que só sairia morto do palácio. “Infelizmente, ele cumpre sua palavra. Depois que todos os assessores se retiram, no dia 11 de setembro, ele vai para o gabinete e grita: ‘Allende não se rende’, repetindo o que havia falado no rádio para o povo chileno. Quando o médico ouve o grito e chega ao local, o encontra caído em uma poltrona, morrendo. Tinha se suicidado”, lembrou Costa.

Para o jornalista, foi um ato heróico de um homem que tinha uma causa, que era o bem-estar da população chilena. “É um exemplo para todos nós, não só para a América do Sul, mas para quem acredita na democracia, para quem acredita que é possível, sim, governar buscando a justiça social”. Allende era médico e dedicou toda a vida ao povo chileno. “Daí, a ABI sediar esse ato, com toda uma simbologia para nós, brasileiros, uruguaios, argentinos, povos que viveram esse tipo de tragédia em um momento muito perto na história. Foi ditadura aqui, na Argentina, no Uruguai e, por fim, no Chile. Nós sofremos tudo isso. Temos essa página sombria na nossa história e daí, a total adesão da ABI a um evento que homenageia o presidente Salvador Allende.”

Modelo

Para o superintendente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) no Rio de Janeiro, o escritor, tradutor e jornalista Eric Nepomuceno, o evento Allende não se rende é “importantíssimo”. Nepomuceno esteve no Chile, de forma clandestina, em 1974, para fazer uma série de reportagens sobre a resistência não armada no Chile. “E isso foi divulgado mundo afora, junto com texto do [escritor colombiano]) Gabriel Garcia Márquez sobre os últimos momentos da democracia e do Allende. Então, meu vínculo com o Chile é muito forte”, disse Nepomuceno à Agência Brasil. A avaliação de Nepomuceno sobre Allende é a melhor possível. ”Eu tenho o Allende não como um exemplo, mas como um modelo de democracia. No seu tempo, havia pouquíssimos homens como ele.”

Em artigo publicado em jornais do México e Argentina nos dois últimos dias e cedido à Agência Brasil, Eric Nepomuceno conta como se tornou um clandestino no Chile, na ditadura de Augusto Pinochet. “No final de 1973, Gabriel García Márquez escreveu uma crônica, contando com detalhes como tinham sido os últimos dias da democracia no Chile, bem como da vida de Salvador Allende, antes do golpe sangrento de 11 de setembro daquele ano. A crônica seria vendida para veículos de imprensa do mundo inteiro, e o dinheiro arrecadado, destinado a grupos defensores de direitos humanos no Chile.”

Ao terminar o texto, García Márquez pensou em mandar, em uma viagem clandestina, algum escritor mais jovem para entrevistar Jaime Gazmurri, dirigente máximo do Movimiento de Acción Popular Unitaria (MAPU), principal grupo de resistência civil, não armada, à ditadura. Ele indicou o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano para a missão, mas os chilenos recusaram, alegando que seria impossível alguém tão conhecido como ele ser clandestino em Santiago. Galeano, por sua vez, indicou Eric Nepomuceno que, desde março daquele ano, vivia em Buenos Aires. Era correspondente do Jornal da Tarde e escrevia artigos contra a ditadura brasileira.

“Houve uma longa ligação telefônica de García Márquez, que me interrogou exaustivamente até aprovar-me. Logo, recebi em minha casa, junto com Galeano, os escritores chilenos Ariel Dorfman e Antonio Skármeta, que me passaram instruções precisas sobre como viajar e contactar-me com Gazmuri e o MAPU. O que fiz, então, foi dirigir-me à Embaixada do Chile em Buenos Aires, apresentando-me como correspondente do jornal conservador brasileiro O Estado de S.Paulo, algo que jamais fui, e pedir uma entrevista a Pinochet. Na manhã seguinte, em fevereiro de 1974, embarquei rumo a Santiago.”

Eric Nepomuceno conta que foram cinco dias inigualáveis. “Havia toque de recolher por todo o Chile. A partir das 5h da tarde, quem fosse pego na rua seria levado preso. A tortura selvagem era rotina. O dia a dia era estranho. Os restaurantes começavam a oferecer almoço às 10h30, e os clubes noturnos apresentavam espetáculos de strip-tease a partir do meio-dia. A plateia reunia amigos que, mais que apreciar as garotas despindo-se, aproveitavam para trocar informação sobre o quadro brutal vivido pelo país.”

E segue a narrativa : “O pessoal do MAPU encarregado da segurança de Jaime Gazmuri estabeleceu em quais dias nossos encontros seriam pela manhã e quais à tarde. Minha rotina então passou a ser absurda: quando, pela manhã, era levado clandestino para me reunir com ele, à tarde, ia ao palácio presidencial para esperar a entrevista com Pinochet, que jamais ocorreu.”

Microfilmes

Eric Nepomuceno recorda que, a partir do terceiro dia, uma jovenzinha, vestida com uniforme de um colégio público, aparecia no hotel para entregar-lhe canetas que não escreviam. “Em seu interior, havia microfilmes que eu deveria, ao voltar a Buenos Aires, despachar para Roma, onde se realizaria o Tribunal Russell, organizado, entre outros nomes, por Julio Cortázar [escritor argentino]. No penúltimo dia de minha estada em Santiago, e faltando muito pouco para o toque de recolher, a garota apareceu com uma pilha de papéis, mais de 100 páginas, explicando que não tinham conseguido fazer o microfilme. Eu deveria tirá-las do Chile.”

O jornalista colocou os papéis na maleta de mão, espalhou roupa usada por cima e comprou vários livros de elogio ao golpe de setembro e biografias que exaltavam Pinochet. “Quando, na aduana, abriram minha bagagem e viram os livros, não se preocuparam com o resto. Eu disse que era jornalista e que meu jornal apoiava com firmeza o que ocorria no país desde a derrubada ‘do comunista que ameaçava todo o continente’”. Além da entrevista com Gazmuri, Eric Nepomuceno escreveu duas longas crônicas contando como eram os primeiros tempos da resistência à ditadura. Esse material, junto com o texto soberano de García Márquez, foi publicado em mais de 30 países. “E meu nome entrou na lista dos “inimigos do Chile”, junto à ordem de prender-me se tentasse retornar ao país.”

Gazmuri permaneceu na clandestinidade durante sete anos. Em 1980, aceitou exilar-se e foi para Roma. Quatro anos depois, foi para Buenos Aires. Em 1985, voltou ao Chile, entrou no Partido Socialista, foi senador entre 1990 e 2010 e, em seguida, embaixador no Brasil. Nepomuceno voltou ao Chile em 1990. “Guardo no mais profundo da minha memória minha visita ao país, em 1972, e todas as muitas outras que fiz depois. Nenhuma, porém, com a intensidade com que recordo aqueles cinco dias. Mais que a memória, aquela viagem me presenteou duas amizades fraternas, a de Paulina e de Jaime Gazmuri”, encerra o artigo de Eric Nepomuceno.

Agradecimento

Filha do poeta Thiago de Mello, nascida quando ele estava exilado no Chile, no governo de Salvador Allende, a roteirista Isabella Thiago de Mello disse à Agência Brasil que seu pai foi adido cultural na Bolívia de 1959 a 1960 e de 1961 a 1964, no Chile. Após o golpe cívico-militar de 1964 no Brasil, ele entregou o cargo ao Itamaraty, mas continuou trabalhando no Chile como jornalista e editor de revistas, e recebendo a primeira leva de exilados brasileiros que chegavam ao Chile, entre os quais Fernando Henrique Cardoso e José Serra. “Foram três levas de exilados: no primeiro momento do golpe de 1964; depois do Ato Institucional Número 5 (AI5), em 1968; e em 1970, no governo Garrastazú Médici”, citou Isabella.

Quinze dias depois do golpe, o poeta recebeu a notícia, no Chile, da prisão, pela Polícia Militar, do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony na redação do jornal. “Ele ficou desesperado porque estava longe, sem poder fazer nada para ajudar o amigo. Morando naquela época na casa do poeta chileno Pablo Neruda La Chascona, em Santiago, Thiago de Mello escreveu ali Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente), que dedicou a Cony. Colocou o poema dentro de um envelope e enviou para o jornal Correio da Manhã, que o publicou no dia 30 de maio de 1964.

O poeta enviou uma série de poemas, artigos e crônicas também publicadas pelo mesmo jornal. Voltou ao Brasil em maio de 1965 e, no mesmo ano, em setembro, lançou o livro Faz Escuro mas Eu Canto. O verso acabou servindo de base e inspiração para uma canção Manhã de Liberdade, musicada por Mansueto e cantada por Nara Leão.

Expectativa

11/09/2023, Lourdinha e Isabella bebê, Santiago, 1970. Foto: Thiago de Mello

Isabella, filha de Thiago de Mello, e a mãe, Lourdinha, em Santiago, onde a menina nasceu, em1970 – Foto: Thiago de Mello

Em 1965, havia ainda a expectativa de realização de eleições para a Presidência da República, que não se concretizaram. Quando veio o AI5, acabando com os pedidos de habeas corpus, autorizando a invasão de domicílios sem autorização judicial, Thiago de Mello e sua esposa Lourdes Rodrigues entraram para a clandestinidade. Em 1969, ela foi presa, junto com o irmão Carlito, de 12 anos, que acabou sendo solto. A mãe de Lourdes, com a ajuda do diretor do Jornal do Brasil à época, Odylo Costa, Filho, conseguiu encontrar a filha, que estava grávida. Ela e Thiago, então, exilaram-se no Chile, Como os aeroportos estavam vigiados, eles foram de carro até o Rio Grande do Sul, atravessaram a fronteira para Montevidéu e daí seguiram para o Chile, através da Cordilheira dos Andes, narrou Isabella.

Já como exilado, Thiago recebeu a segunda leva de brasileiros integrada por Glauber Rocha, Carlos Minc, Silvio Tendler e Regina Linhares, entre outros. Quando Isabella nasceu, em Santiago, em 1970, a primeira pessoa a visitar a maternidade em San Isidro, “com flores na mão para Thiago e Lourdinha, foi Salvador Allende”. Em 1973, com o golpe no Chile, os exilados brasileiros foram considerados subversivos. “Foi a volta do terror”, comentou Isabella. Thiago de Mello conseguiu um salvo-conduto para a Alemanha, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU), e viajou com o filho mais velho Alexandre Manuel, o Manduka, do seu casamento com a jornalista Pomona Politis.

“Estou, realmente, muito emocionada e grata à ABI e à Fundação Salvador Allende por poder agradecer tudo o que Allende fez para proteger centenas, milhares de brasileiros exilados no Chile, inclusive meu nascimento, meu pai Thiago e minha mãe Lourdinha”. Isabella definiu o evento em memória de Allende como uma homenagem à democracia, “porque são histórias como essa que não podem mais acontecer”, afirmou. Durante o evento, Isabella vai declamar poemas de Thiago de Mello.

Testemunha

“Eu estava lá e vi o Rio Mapocho rubro do sangue de estudantes e operários”, contou o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Carlos Minc, em mensagem enviada à Agência Brasil.

Na mensagem, Minc convida a população e aqueles que defendem a democracia a participar do ato na ABI que homenageia a resistência de Salvador Allende à ditadura chilena. “A gente escapou de um golpe aqui, há pouco tempo, graças à nossa resistência. Vamos apoiar nossos irmãos chilenos que, agora, inclusive, estão prendendo os torturadores, coisa que a gente não fez e deveria ter feito aqui no Brasil. Vamos celebrar a democracia com música, com emoção, juntos”.

Minc acentuou que este é um momento importante. “Não podemos deixar isso passar em branco.”

Luta

A cantora Javiera Parra, neta da compositora chilena Violeta Parra, interpretará músicas compostas pela avó, que eram cantadas por todos aqueles que festejavam a vitória da democracia no Chile com Salvador Allende e o avanço social que ele desejava para o país. Javiera disse à Agência Brasil que é preciso continuar lutando pela causa de todas aquelas pessoas que perderam a vida e por suas famílias, “gente que desapareceu e até os dias de hoje não foi encontrada”.

Para Javiera, houve, até certo ponto, um “retrocesso no Chile”. Segundo ela, o retrocesso foi na capacidade de o país aceitar o que aconteceu: a derrubada da democracia, o genocídio, os crimes cometidos. “Até os últimos 15 anos, não havia negacionismo no Chile. Hoje em dia, existe negacionismo. Isso é muito duro para se ver e se assumir.”

A cantora ressaltou que, apesar disso, a figura de Allende só faz crescer a cada ano em sua dignidade, em sua força, em sua constância e consequência, “porque ele foi um presidente eleito pelo povo do Chile, e isso o transforma em um presidente legítimo, que decidiu ficar em La Moneda e enfrentar o golpe com valentia. Sua figura cresce ano a ano para as novas gerações, que seguem vendo Allende como um ser humano íntegro e que merece respeito”. Para aqueles que, como ela, tinham 5 anos de idade à época do golpe no Chile, Javiera afirmou que “o único que podemos continuar fazendo são homenagens à sua humanidade e à sua valentia”.

Violeta Parra é considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados. É autora de clássicos como Volver a los 17, La Carta, cantada em momentos de enorme comoção revolucionária, nas barricadas e nas ocupações, e a lírica Gracias a la Vida, gravada no Brasil por Elis Regina, que renovou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos.

Quase xarás, Ferroviária-SP e Ferroviário-CE decidem a Série D


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O primeiro campeão brasileiro profissional masculino de 2023 será conhecido nesta semana, com a decisão da Série D. Os finalistas foram definidos no último domingo (10). A Ferroviária-SP eliminou o Athletic-MG, enquanto o Ferroviário-CE passou pelo Caxias-RS. Os jogos foram transmitidos pela TV Brasil.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve anunciar, ainda nesta segunda-feira (11), os dias e horários dos jogos da final. A previsão, conforme a tabela preliminar, é de que a partida de ida na quarta-feira (13) ou quinta-feira (14) e a de volta no sábado (16) ou no domingo (17). Por ter a melhor campanha, o Ferroviário decide o título em casa. Os duelos serão exibidos pela TV Brasil, ao vivo.

Notícias relacionadas:

A Ferroviária foi a primeira equipe a se classificar no domingo, ao derrotar o Athletic no Independência, em Belo Horizonte, por 2 a 0. O time paulista já havia ganhado o jogo de ida, na Arena da Fonte Luminosa, em Araraquara (SP), na última quarta-feira (6), por 1 a 0.

A Locomotiva aumentou a vantagem no placar agregado aos 27 minutos do primeiro tempo, com Vítor Barreto. O atacante chutou, de primeira, dentro da área, a bola que veio da esquerda. Os paulistas ampliaram no começo do segundo tempo. Aos oito minutos, o goleiro Saulo cobrou falta desde a defesa. O centroavante Pilar fez o pivô e ajeitou para o também atacante Felipinho dominar e arrematar da intermediária, marcando outro golaço.

Aos 38 minutos, o Athletic descontou com Allan Dias. O atacante recebeu o lançamento do meia Carlos Eduardo, às costas da defesa, e tocou a bola na saída de Saulo. Os mineiros pressionaram, mas não conseguiram a reação.

Em seguida, o Ferroviário recebeu o Caxias no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza. Único time ainda invicto na Série D, o Tubarão da Barra venceu por 1 a 0. No duelo anterior, no Centenário, em Caxias do Sul, na quinta-feira passada (7), as equipes ficaram no 1 a 1.

A partida teve vários gols anulados no segundo tempo. O primeiro, aos sete minutos, seria de Ciel, do Ferroviário, mas o árbitro de vídeo (VAR) detectou toque de mão na jogada. Aos 15, o também atacante Vitor Feijão marcou para o Caxias, mas o lance foi invalidado por impedimento, novamente com participação do VAR. Nos acréscimos, o centroavante Eron, artilheiro da Série D, balançou as redes para o time gaúcho, mas adiantado em relação à zaga. A irregularidade, desta vez, foi assinalada em campo.

Quando o jogo caminhava para os pênaltis, Ciel aproveitou cruzamento do meia Thiaguinho pela esquerda e completou de cabeça para as redes. A arbitragem, a princípio, anulou o lance, mas o VAR observou que o jogador estava em posição legal e o gol foi validado. O atacante Abner, do Ferroviário, chegou a fazer o que seria o segundo dos anfitriões, mas o tento foi invalidado por impedimento. Após 24 minutos de acréscimos, o apito final fez a alegria da torcida cearense.