Morre, aos 91 anos, o artista colombiano Fernando Botero

O artista colombiano Fernando Botero morreu nesta sexta-feira (15), aos 91 anos, em sua casa no principado de Mônaco. Nascido na cidade de Medellín, Botero foi o criador do movimento artístico “boterismo” caracterizado por personagens volumosos que o tornaram reconhecido em todo o mundo. 

“Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e dos nossos defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e da nossa paz. Da pomba mil vezes descartada e mil vezes colocada no seu trono”, escreveu o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, nas redes sociais. 

O prefeito de Medellín, Daniel Quintero, anunciou sete dias de luto para “homenagear a memória do maior artista colombiano de todos os tempos”.  

Com suas figuras corpulentas, Botero abordou uma ampla variedade de temas em sua obra, como reinterpretações de pinturas de artistas como Leonardo da Vinci e Edgar Degas, cenas de rua latino-americanas, vida doméstica e retratos satíricos de figuras políticas. 

15/09/2023, Fernando Botero Angulo (Medellín, 19 de abril de 1932 – Mônaco, 15 de setembro de 2023) foi um artista figurativista colombiano, cujo estilo é chamado por alguns de

Fernando Botero foi também escultor talentoso. Foto:  Wikipédia

A formação artística de Botero foi autodidata, embora tenha frequentado a Academia San Fernando, de Madrid, e a Academia San Marcos, de Florença. Suas primeiras obras conhecidas são as ilustrações que publicou no suplemento literário do jornal El Colombiano, de sua cidade natal. 

Aos 19 anos viajou para Bogotá, onde apresentou sua primeira exposição individual de aquarelas, guaches, tintas e pinturas a óleo na Galeria Leo Matiz, e com os lucros viveu algum tempo em Tolú. Em sua estada ali, produziu a pintura a óleo “Frente al mar”, com a qual conquistou o segundo prêmio de pintura no 9º Salão Anual de Artistas Colombianos. 

Seu momento de descoberta veio em 1956, quando morava na Cidade do México: o artista pintou um bandolim com um orifício sonoro incomumente pequeno, fazendo com que o instrumento assumisse proporções exageradas. Botero ficou entusiasmado com essas possibilidades aparentemente novas e isso desencadeou sua exploração do volume das figuras ao longo da vida. 

Em 1977, expôs pela primeira vez os seus trabalhos no Grand Palais de Paris e, em 1978, Fernando Botero pintou sua própria arte pastiche (reinterpretação de uma obra existente) intitulada “Monalisa”. A obra no estilo característico do “boterismo” homenageou uma das mais famosas pinturas a óleo ocidentais criada por Leonardo da Vinci. 

Foi também um escultor talentoso que criou formas que parecem ser uma extensão de suas obras bidimensionais. As peças escultóricas de Botero podem ser encontradas nas ruas de Medellín, Nova York, Paris, Barcelona, ​​​​Madrid e Jerusalém, entre outras. 

*Com informações da agência de notícias Télam 

 

Testes de segurança de urnas eletrônicas começam em novembro


Logo Agência Brasil

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu, este ano, um número recorde de inscrições de interessados em participar do processo de avaliação da segurança do sistema eletrônico de votação que será usado nas eleições municipais de 2024.

 

Notícias relacionadas:

Segundo o secretário de Tecnologia da Informação da Corte, Júlio Valente, entre os 85 pré-aprovados para participar do Teste Público de Segurança da Urna, há 56 interessados que se inscreveram em 15 grupos, além de outros 29 investigadores inscritos individualmente.

“Tivemos um número bem maior de pré-inscritos que nas edições anteriores do teste”, informou Costa, nesta sexta-feira (15), na primeira audiência pública que integra o cronograma do processo de testagem. A relação dos pré-aprovados está disponível no site do TSE.

Dos 85 pré-selecionados, 67 são homens e 18 mulheres. Em 2021, quando a Justiça Eleitoral submeteu ao escrutínio de especialistas o sistema usado nas últimas eleições presidenciais, 39 pessoas foram aprovadas a participar do processo de análise, individual ou coletivamente.

Conforme Costa destacou durante a audiência desta manhã, a possibilidade de contribuir para a correção de eventuais falhas ou fragilidades do sistema não se limita aos investigadores selecionados pelo TSE.

A resolução que trata da realização periódica do Teste Público de Segurança estabelece que cabe ao TSE convidar membros da comunidade acadêmica, especialistas em segurança da informação, além de um representante do Ministério Público Federal (MPF); da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); da Polícia Federal (PF); do Congresso Nacional; da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) para integrar a comissão avaliadora responsável por homologar os resultados da fase de testes.

“Se somarmos todas as instituições [aptas a participar do processo], chegaremos, certamente, à casa da centena de entidades que têm a possibilidade de vir ao TSE fiscalizar o desenvolvimento e inspecionar o código-fonte dos sistemas eleitorais”, disse Costa, assegurando que a participação também é garantida a representantes de partidos políticos e coligações partidárias, que acompanharam as seis edições do teste sem apontar qualquer problema no sistema eletrônico de votação e apuração capaz de interferir no resultado final das urnas.

“Inclusive, é preciso dizer, que durante a fase de testes, o código-fonte das urnas é aberto a qualquer cidadão brasileiro, maior de 18 anos [aprovado para participar do processo]. Para as entidades representativas da sociedade, a abertura do código-fonte ocorre um ano antes de cada nova eleição. Neste momento, ele já está aberto a inúmeras entidades que representam a sociedade, incluindo os partidos e as coligações”, disse o secretário, contrapondo-se a alegações de que os investigadores e demais participantes do processo não teriam acesso ao conjunto de instruções que condicionam o funcionamento do sistema.

“O código-fonte não é secreto”, garantiu Costa, destacando que, nesta edição, serão testados os modelos mais recentes de urnas eletrônicas, de 2020 e 2022, os mesmos que serão empregados durante as próximas eleições, além da versão do software [programa] que está sendo desenvolvida especialmente para 2024. Quanto ao fato de urnas de 2015 não passarem por novos testes, mesmo sendo usadas no próximo pleito, o secretário assegura que elas operarão com os mesmos parâmetros de segurança das mais recentes, além de já terem sido submetidas a testes anteriores, sem que qualquer vulnerabilidade tenha comprometido o funcionamento.

Plano

O teste do sistema que será empregado nas eleições municipais do próximo ano está previsto para acontecer de 27 de novembro a 1º de dezembro, na sede do TSE, em Brasília. Caso os investigadores selecionados apontem alguma vulnerabilidade ou falha que coloque em risco a integridade do voto ou o anonimato dos eleitores, a Justiça Eleitoral buscará corrigir o problema até maio de 2024, quando os investigadores voltarão a participar de uma nova rodada de testes a fim de confirmar se o eventual defeito foi sanado.

Antes disso, porém, os 85 inscritos pré-aprovados terão que apresentar, entre 9 de outubro e 3 de novembro, seus planos de teste, sem os quais não poderão participar do processo.

“Os pré-inscritos devem elaborar seus planos de teste, definindo o que e como executarão. Só assim podemos garantir a posterior reprodução dos testes validados conforme os critérios do edital”, explicou Costa.

Para o juiz auxiliar da presidência do TSE Cesar Mecchi Morales, os testes públicos de segurança são importantíssimos por permitir que a sociedade civil participe ativamente do aperfeiçoamento do sistema de votação eletrônica. Tendo atuado na ponta, como promotor eleitoral entre 1986 e 1990, Morales garante que o sistema eletrônico brasileiro é “excepcional, seguro e rápido”.

“Todos que tiveram a experiência de atuar na Justiça Eleitoral na época em que a votação era exclusivamente manual sabem que o sistema anterior, com votação em cédulas individuais de papel, contagem manual e totalização praticamente feita à mão, tinha diversas fragilidades. São conhecidas, na história do Brasil, situações de fraudes eleitorais. Felizmente, com a votação eletrônica, que é muito mais segura e confiável, isso ficou no passado”, disse o juiz.

Governo prorroga permanência da Força Nacional em Nova Olinda do Norte


Logo Agência Brasil

O Ministério da Justiça e Segurança Pública prorrogou, por 30 dias, a permanência da Força Nacional de Segurança Pública, em apoio à Polícia Federal, em Nova Olinda do Norte, no Amazonas. A portaria foi publicada na edição desta sexta-feira (15) do Diário Oficial da União

A medida cumpre decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para garantir a proteção dos indígenas e das populações tradicionais de Nova Olinda do Norte e região, dentro dos limites com os municípios de Borba e de Maués. Os agentes vão atuar nas atividades e nos serviços de preservação da ordem pública, na segurança das pessoas e proteção patrimônio, no período de 16 de setembro a 15 de outubro de 2023. 

Notícias relacionadas:

Atendendo a pedido do Ministério Público Federal (MPF), em junho de 2021, o TRF1 determinou que a União, por intermédio da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança, adotasse medidas para a proteção no município. De acordo com o MPF, as comunidades continuam expostas a um cenário crescente de violações aos direitos humanos, seja de traficantes, de invasores, de garimpeiros e da própria polícia militar do Amazonas. 

Em caso de descumprimento, a multa é de R$ 100 mil por dia de atraso na adoção das medidas. Também sob pena de multa diária no mesmo valor, foi determinado que o estado do Amazonas suspendesse qualquer operação policial na região do Rio Abacaxis. 

Massacre

Em maio deste ano, movimentos e organizações sociais voltaram a cobrar celeridade na identificação e responsabilização dos envolvidos no episódio que ficou conhecido como Massacre do Rio Abacaxis, ocorrido em agosto de 2020, na região dos rios Abacaxis e Marimari, entre Borba e Nova Olinda do Norte, a cerca de 130 quilômetros da capital Manaus. 

Na ocasião, forças de segurança realizaram operação, com a justificativa de combater o tráfico de drogas, que resultou nas mortes a tiros de quatro ribeirinhos e de dois indígenas munduruku, além de dois supostos desaparecimentos até hoje não esclarecidos. Além disso, há relatos de que dezenas de moradores da região foram agredidos e torturados durante as investidas policiais. 

PMs de São Paulo deverão manter câmeras corporais ligadas


Logo Agência Brasil

A Justiça de São Paulo determinou por meio de liminar que todos os policiais militares do estado utilizem câmeras corporais e não as desliguem em nenhuma situação. As câmeras também devem ser instaladas nos veículos da Polícia Militar (PM). A liminar, da noite de quarta-feira (13), também impõe que os policiais usem apenas algemas para imobilizar os suspeitos. O uso de cordas, arames, fios ou qualquer objeto semelhante está proibido. O prazo para que as determinações sejam cumpridas é de 90 dias, com multa diária de R$ 100 mil, caso sejam descumpridas.

“O uso das algemas é a exceção. A regra é a mera condução do detido, sem qualquer instrumento de contenção nos membros superiores e inferiores. A algema é a ferramenta adequada e posta à disposição de todos os policiais para a prisão de cidadãos. A súmula n. 11 do STF não trata da contenção do preso com outros instrumentos. Mas, é possível concluir que, se o uso de algemas é permitido apenas excepcionalmente, o uso de instrumento diverso só seria admissível em situações excepcionalíssimas, quando a contenção do preso fosse urgente e imprescindível, não havendo algemas à disposição naquele momento”, diz a decisão. 

Notícias relacionadas:

Reportagem da Agência Brasil, de maio de 2023, ajuda a embasar a decisão. O conteúdo, assinado pela repórter Elaine Cruz, é citado na liminar para destacar uma redução de 62,7% da letalidade policial, de 697 mortes em 2019 para 260 em 2022, a partir do uso das câmeras. “E, segundo informam as autoras [do processo judicial], no caso narrado na inicial os policiais teriam desligado as câmeras de filmagem dos seus uniformes, no momento da prisão, a fim de acobertar ilegalidades. Eis a urgência da medida”, diz o texto.

A medida cautelar veio depois de uma ação movida por quatro associações de defesa dos direitos humanos que entraram na Justiça após a divulgação do vídeo no qual um homem de 32 anos aparece sendo amarrado com uma corda pelos pés e mãos por policiais militares, por ser suspeito de participar de um arrastão em um supermercado da Vila Mariana, na capital paulista.

Segundo o boletim de ocorrência, ele estava com mais dois homens levando alimentos do comércio. A justificativa dada pelos PMs na época foi a de que o suspeito resistiu à prisão e por isso foi amarrado com as cordas. Os policiais foram afastados das atividades nas ruas.  

Por meio de nota, a Polícia Militar disse que os métodos de contenção utilizados pelos policiais militares durante as abordagens seguem os protocolos pautados pela instituição e pela legislação vigente. Segundo a corporação, em todas as ocorrências em que são constatadas desconformidades, os fatos são apurados rigorosamente por meio de inquérito policial militar.

“As câmeras corporais funcionam de forma ininterrupta, não permitindo o desligamento, mantendo assim as imagens gravadas. Sobre a ocorrência citada, as imagens do caso em questão foram encaminhadas ao Poder Judiciário, assim como o inquérito policial instaurado pela Polícia Civil”, diz a nota.

Vendas no comércio varejista crescem 0,7% em julho, diz IBGE


Logo Agência Brasil

As vendas no comércio varejista cresceram 0,7% em julho na comparação com o mês anterior. É o segundo mês consecutivo de alta. Em junho, o crescimento havia sido de 0,1%. No acumulado do ano, o resultado é positivo em 1,5%. Em 12 meses, há uma expansão de 1,6%.  

Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a alta foi de 2,4%. Com os resultados desta quarta-feira, o comércio varejista está 2,2% abaixo do nível recorde da série, de outubro de 2020.  

Atividades com alta 

Notícias relacionadas:

Na comparação entre julho e junho, quatro das oito atividades avaliadas pelo IBGE tiveram crescimento de vendas. O destaque ficou com o segmento equipamentos e material para escritório informática e comunicação, com alta de 11,7%. O ramo tem apresentado grande flutuação ao longo do ano, positivas e negativas. Segundo a pesquisa, o dólar e mudanças na política de importação ajudam a explicar a alta de julho.  

“Houve algumas mudanças na questão da tributação das importações, que acabam oferecendo um ímpeto maior na variação dessa atividade”, disse o gerente da PMC, Cristiano Santos.

A segunda maior alta foi no setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que apresentou expansão de 8,4%. O pesquisador do IBGE explicou que o setor se recupera de um comportamento negativo nos últimos meses.  

“A alta vem muito por conta de base de comparação baixa, mas também houve promoções pontuais. Algumas grandes lojas realizaram uma espécie de antecipação de Black Friday. Embora tenha sido algo bastante específico, focado, e não tenha atingido a atividade como um todo, foi suficiente pra dar essa virada de trajetória.”

Menos pressão da inflação 

Responsável por mais de 45% do setor de comércio, o ramo hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve crescimento de 0,3% ante junho. Nos últimos dois anos, esse segmento soma alta de 1,7%. Para o IBGE, o resultado positivo é reflexo de uma pressão menor da inflação. “Uma vez que diminuiu a pressão dos preços dos alimentos, a demanda tem margem para crescimento”, afirmou Cristiano Santos. 

A outra atividade que fechou julho com número positivo foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%). 

Apresentaram queda em julho as atividades tecidos, vestuário e calçados (-2,7%); livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%); móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%).  

Varejo ampliado 

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas teve retração de 0,3% ante junho. A forte queda nas atividades de veículos e motos, partes e peças (-6,2%) influenciou o resultado. “A política de mudança fiscal que culminou na redução do preço de alguns automóveis acabou se concentrando mais em junho, quando o setor registrou crescimento 8,8%”, justificou o gerente da pesquisa. 

Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado tem alta acumulada de 2,3%.  

Lei define regras para vacinação em estabelecimentos privados


Logo Agência Brasil

Lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União define regras para vacinação humana em estabelecimentos privados. O texto prevê que os locais sejam licenciados para a atividade por autoridade sanitária competente e que tenham um responsável técnico obrigatoriamente com formação médica, farmacêutica ou de enfermagem. 

“O serviço de vacinação contará com profissional legalmente habilitado para desenvolver as atividades de vacinação durante todo o período em que o serviço for oferecido”, destacou a publicação. “Os profissionais envolvidos nos processos de vacinação serão periodicamente capacitados para o serviço, na forma do regulamento.” 

Notícias relacionadas:

Ainda de acordo com o texto, compete obrigatoriamente aos serviços de vacinação gerenciar tecnologias, processos e procedimentos, conforme as normas sanitárias aplicáveis, para preservar a segurança e a saúde do usuário, e adotar procedimentos para manter a qualidade e a integridade das vacinas na rede de frio, inclusive durante o transporte; 

Além disso, os locais em questão devem registrar as seguintes informações no comprovante de vacinação, de forma legível, e nos sistemas de informação definidos pelos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS): identificação do estabelecimento; identificação da pessoa vacinada e do vacinador; dados da vacina: nome, fabricante, número do lote e dose; data da vacinação; e data da próxima dose, quando aplicável. 

Os serviços também devem manter prontuário individual com registro de todas as vacinas aplicadas acessível ao usuário e à autoridade sanitária, respeitadas as normas de confidencialidade; conservar à disposição da autoridade sanitária documentos que comprovem a origem das vacinas utilizadas; notificar a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação, inclusive erros de vacinação. 

A lei cita como direitos do usuário de serviços de vacinação acompanhar a retirada do material a ser aplicado do seu local de refrigeração ou armazenamento; conferir o nome e a validade do produto que será aplicado; receber informações relativas a contraindicações; receber orientações relativas à conduta no caso de eventos adversos pós-vacinação; ser esclarecido sobre todos os procedimentos realizados durante a vacinação. 

“O descumprimento das disposições contidas nesta lei constitui infração sanitária nos termos da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis”, diz a publicação. O texto entra em vigor em 90 dias. 

 

Polícia Federal resgata filhote de onça parda em comunidade do Rio


Logo Agência Brasil

Agentes da Polícia Federal (PF) resgataram um filhote de onça-parda na comunidade Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, presa em cativeiro numa casa no alto do morro. Após a realização de trabalho de inteligência em conjunto com a Força Especial de Controle de Divisas – Operação Foco -, além da participação da Polícia Militar e da colaboração dos próprios moradores, foi possível rastrear o local em que o animal estava sendo mantido ilegalmente e resgatá-lo.

A onça foi encaminhada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Seropédica, na Baixada Fluminense, para a realização de exames e reabilitação, com o objetivo de reinserir o animal na natureza.

Notícias relacionadas:

De acordo com a PF, os envolvidos responderão pelos crimes de tráfico de animais qualificado – visto que a onça-parda está ameaçada de extinção -, com pena de até três anos; maus-tratos aos animais, com pena de até um ano de reclusão; e receptação qualificada, com pena de três a oito anos.

As investigações seguem com a finalidade de identificar os responsáveis e verificar a origem do animal.

Demori estreia na TV Brasil e defende comunicação pública independente

Em meados de 2019, uma espécie de Titanic dava sinais de que iria começar a afundar no Brasil. Apesar de já muito questionada por juristas e diferentes setores políticos, a Operação Lava Jato, de combate à corrupção na Petrobras, era praticamente intocável e imune a críticas na imprensa e nas instituições de Estado do país.

Um dos seus principais protagonistas, o ex-juiz Sergio Moro, havia abandonado a toga para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, que estava em seus primeiros meses de mandato. Naquela altura, o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso em Curitiba e sequer pôde disputar as eleições do ano anterior.

O navio da Lava Jato começou a afundar a partir de uma série de reportagens jornalísticas produzidas pelo site The Intercept Brasil (TIB), em parceira com outros veículos de comunicação, que mostraram um conluio entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Sérgio Moro na condução dos processos da Lava Jato. O vazamento de conversas em um aplicativo de mensagens, que entrou para a história como Vaza Jato, revelou uma série de irregularidades jurídicas entre juiz e investigadores para obter provas, orientar testemunhas e combinar diligências judiciais.

Um dos nomes por trás da investigação jornalística foi Leandro Demori, que na época era editor-executivo do The Intercept Brasil e atuou na coordenação dos trabalhos. Jornalista e escritor gaúcho com trajetória em veículos como Zero Hora e revista Piauí, autor de livro sobre a atuação de um mafioso italiano no Brasil (Cosa Nostra no Brasil – A história do mafioso que derrubou um império), Demori mergulhou no jornalismo investigativo. A repercussão da Vaza Jato o alçou a um reconhecimento nacional, mas também o colocou na mira de inimigos. Ele chegou a receber ameaças de morte e passou a andar com segurança pessoal por um longo período.

Mais de quatro anos após essa drástica mudança, na vida pessoal e nos rumos do país, o jornalista agora se prepara para um novo desafio. No próximo dia 26 de setembro, Demori estreia um novo programa de entrevistas na TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O Dando a Real com Demori, ou DR com Demori, será exibido todas às terças-feiras, às 22 horas. Com duração de meia hora, Demori receberá nos estúdios da EBC, em Brasília, figuras emblemáticas da República para uma “conversa aberta e informativa”.

Produzido por profissionais da EBC e apresentado por ele, o programa é parte da nova grade da TV Brasil que vai estrear neste mês. O primeiro entrevistado será o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. A segunda conversa será com a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), a primeira mulher trans e negra a chegar ao Congresso Nacional.

Brasília (DF), 14/09/2023, O jornalista Leandro Demori, apresentador do novo programa da TV Brasil, Dando a Real, posa para fotos no estúdio do programa.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O jornalista Leandro Demori, apresentador do novo programa da TV Brasil, Dando a Real com Demori Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

“Acho que eu consigo juntar essa história de jornalismo que eu tenho, de ter memória das coisas, de ter feito muita cobertura, ter participado de muita coisa, conseguir ter uma conversa aberta e, ao mesmo tempo, uma conversa informativa, não leviana. A ideia é juntar isso e fazer televisão, fazer um programa que as pessoas se entretenham, mas saiam com a sensação de terem aprendido algo”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Sobre a expectativa de estrear na televisão, especialmente em uma emissora pública, Demori afirma que quer ajudar a reconstruir a independência da comunicação pública, como ocorre na maioria das experiências que ele mesmo acompanhou quando viveu na Europa.

“A EBC tinha uma ideia, ainda espero que prospere, que é a de ser uma emissora independente, como é na Itália, na Inglaterra, na França. É conseguir, de fato, fazer uma emissora que não fique ao sabor do jogo político do momento. Por isso, quando rolou esse convite, eu aceitei na hora, apesar de saber que iria ouvir críticas de colegas, do público, que enxergam a TV pública erradamente como cabide de emprego, como gasto desnecessário. Isso é um pensamento completamente idiota. A TV pública não é isso.”

“Precisamos aumentar a credibilidade na TV pública, fazer as pessoas gostarem, como a população passou a defender o SUS [Sistema Único de Saúde]. Quando as pessoas gostam, elas defendem. Isso aqui [EBC] é serviço de utilidade pública número um.”

Além de falar sobre comunicação pública, o novo apresentador da TV Brasil analisou o cenário de combate à corrupção e os desafios do jornalismo em tempos de hegemonia das plataformas digitais.

Confira os principais trechos da entrevista exclusiva à Agência Brasil:

Agência Brasil: Como será o formato do programa, o perfil dos entrevistados e o que as pessoas podem esperar do Dando a Real com Leandro Demori na TV Brasil?
Leandro Demori: A gente pegou o formato clássico do jornalismo, que é o formato de entrevista, um dos mais clássicos da televisão e do rádio, mas também com essa pegada que veio da internet, no pós-covid, misturando um pouco com o modelo de mesa cast, que tem grandes méritos de conseguir se comunicar bem com as pessoas: consegue audiência, as pessoas gostam e obtém uma retenção [dos espectadores]. Já vimos entrevistas de duas horas, três horas [nesse formato]. Porque é bom, entretém, as pessoas gostam da conversa, tem um sentido de papo mesmo. Não tem aquela onda de fazer pressão sobre o entrevistado, ficar botando contra a parede, não é essa a ideia.
Só que tem uma lacuna nos programas do tipo mesa cast, que é a preparação. Alguns são muito bons, mas, no geral, são mal preparados, você não consegue ver tréplicas, por exemplo. Alguém vai lá, fala uma bobagem e o entrevistador não está preparado para rebater. Ou não tem memória para saber como as coisas aconteceram. Então, acho que eu consigo juntar essa história de jornalismo que eu tenho, de ter memória das coisas, de ter feito muita cobertura, ter participado de muita coisa, conseguir ter uma conversa aberta e, ao mesmo tempo, uma conversa informativa, não leviana.
A ideia é juntar isso e fazer televisão, fazer um programa que as pessoas se entretenham, mas saiam com a sensação de terem aprendido algo. Os convidados serão principalmente figuras do poder da República mesmo. O primeiro entrevistado é o ministro Gilmar Mendes, do STF, e o programa vai ter duração de meia hora, todas às terças-feiras, às 22h.

Agência Brasil: Você tem uma trajetória como repórter na mídia comercial, depois em projetos de jornalismo investigativo, como é o caso do The Intercept Brasil. Qual a sensação, agora, de trabalhar em uma emissora pública, como a TV Brasil? E, na sua opinião, qual deve ser o papel da mídia pública em uma democracia?
Leandro Demori:  Eu acho que os colegas jornalistas [no Brasil] erram na visão que eles têm sobre comunicação pública. Eu morei um bom tempo na Itália e lá, a comunicação, principalmente de televisão, é pública. A [emissora] RAI é a TV pública da Itália. E você não tem isso só na Itália, tem em vários países do mundo. Na Itália são três canais de TV aberta da RAI, cada um deles focado em uma coisa. O RAI 1 realmente é um canal mais popular, com programas de auditório, programas como o Big Brother, tem alguns noticiários também. Mas se você vai para o RAI 2 e o RAI 3, são canais fabulosos, com documentários, programas de reportagens que a gente quase não tem mais no Brasil, programas de entrevistas longuíssimos, de três, quatro horas.
Tem uma cultura na Itália, com todos os seus problemas, de que o primeiro-ministro vai na TV pública dar entrevista, os ministros vão. As pessoas não se escondem, elas encaram a televisão pública como uma necessidade de falar com o público. 
Isso abriu muito a minha cabeça, quando eu morei lá, em 2008, 2009 e 2010. Era no mesmo momento que surgia a EBC, então eu fiquei muito empolgado com isso. E a EBC tinha uma ideia, ainda espero que prospere, que é a de ser uma emissora independente, como é na Itália, na Inglaterra, na França. É conseguir, de fato, fazer uma emissora que não fique ao sabor do jogo político do momento. Por isso, quando rolou esse convite, eu aceitei na hora, apesar de saber que iria ouvir críticas de colegas, do público, que enxergam a TV pública erradamente como cabide de emprego, como gasto desnecessário. Isso é um pensamento completamente idiota. A TV pública não é isso.
Outra coisa que me desafiou muito é ver o que aconteceu nos últimos anos com a EBC. A gente soube, é público, que a TV pública foi proibida de usar a palavra ditadura. Teve programa tirado do ar porque apareceu na tela um muro pichado com a imagem da Marielle Franco. Coisas absurdas, inaceitáveis.
Para mim, é uma honra trabalhar na TV Brasil, uma oportunidade imensa. Eu quero dar um pouco do que construí, do meu nome, da minha carreira, e mostrar para as pessoas que isso aqui é das pessoas, uma televisão pública, que elas vão ter entretenimento, informação, debates. A gente viu o que aconteceu nos últimos anos: sucateamento, censura, perseguições. Isso não pode acontecer e eu espero ajudar a colocar um tijolo nessa história, ajudar a emissora a se estruturar para não ficar ao sabor do jogo político.

Agência Brasil: A EBC chegou a ter, em seu formato original, mecanismos de autonomia como um Conselho Curador com ampla participação da sociedade civil e um mandato para diretor-presidente, similares aos que existem em outros países, mas que foram extintos no governo Michel Temer, ainda em 2016. Levando em conta esse contexto que você falou, sobre o desmonte da EBC nos últimos anos, já na gestão Jair Bolsonaro, quais as suas expectativas sobre o que deve balizar a reconstrução da comunicação pública no Brasil pelo atual governo?
Leandro Demori:  Não está na minha alçada, mas eu acho que a EBC deveria passar por uma estruturação que desse independência real para ela, isso é o mais importante. Veja que coisa curiosa: foi aprovada no Brasil uma “independência” do Banco Central que ninguém mexe no presidente da instituição. Por que alguém consegue mexer no presidente da EBC quando muda o governo? Então, a real independência no modelo que a gente tem no Banco Central deveria era estar aqui dentro. Isso é uma construção e eu espero que esse governo tenha vontade de fazer.
Na RAI, na Itália, quando as pessoas interferem muito politicamente na emissora, o povo reclama. No que me cabe, eu vou tentar também buscar por audiência. Jornalista normalmente é avesso a isso, acha que audiência tem que ser dada por programas como o Big Brother. Mas dá para fazer audiência com conteúdo relevante, as pessoas entendem e valorizam. E precisamos aumentar a credibilidade na TV pública, fazer as pessoas gostarem, como a população passou a defender o SUS [Sistema Único de Saúde]. Quando as pessoas gostam, elas defendem. Isso aqui [EBC] é serviço de utilidade pública número um. Em um contexto de pandemia, a TV pública seria a única emissora que poderia ficar 24 horas no ar alertando a população sobre covid-19. A TV comercial não faria isso, porque não vai parar de passar novela, Big Brother ou comercial por isso.

Agência Brasil: O ministro do STF Dias Toffoli invalidou todas as provas da Operação Lava Jato obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht, feito em 2016. Toffoli chamou de “armação” a prisão do presidente Lula, em 2018, e considerou o episódio um “erro histórico”. Como você avalia o impacto dessa decisão, tendo em vista que a mudança de percepção sobre a operação foi a principal decorrência da série de reportagens da Vaza Jato?
Leandro Demori: A decisão do Toffoli está quatro anos e meio atrasada. Eu entendo que o STF teve que tirar a tampa dessa panela de pressão aos poucos. O Supremo, durante muito tempo, foi quase um parceiro da Lava Jato, coadunando com tudo o que aconteceu ali, com as prisões ilegais, proibição de entrevistas, presidente Lula preso, proibição de autorização para que ele fosse a velório, prisões preventivas que se estenderam por até dois anos. Eu não tenho o menor prazer em defendê-lo, mas o Eduardo Cunha ficou preso preventivamente de modo ilegal, durante anos, sem julgamento. Ou você julga e condena, ou você solta.
Estou lendo um livro sobre o caso do Julian Assange e o relator especial da ONU [Organização das Nações Unidas], que é o cara que vai investigar o caso do Assange. As semelhanças que ele faz com a Lava Jato são absurdas. Maus-tratos e tortura, no limite. Você isola, humilha, amedronta, segue pontos para a pessoa se quebrar, entregar o que nem sabe.
A decisão do Toffoli é tardia, mas o STF foi despressurizando aos poucos. Primeiro reverteu a prisão em segunda instância, depois anulou os processos do Lula. O coração dessa decisão é uma avaliação técnica feita pelo ministro [Ricardo] Lewandowski, agora aposentado, que é perfeita: se você teve obtenção ilegal de provas você não pode usar no processo.
As pessoas que não gostam disso precisam reclamar com o Deltan [Dallagnol], com o Carlos Fernando, o Januário Paludo, o Sérgio Moro, porque eles obtiveram provas de forma ilegal na Suíça e trouxeram para o processo. No fim das contas, a ânsia deles, que era prender o Lula – que foi citado 22 mil vezes nas mensagens da Vaza Jato –, fez com que atropelassem vários institutos do Estado Democrático de Direito e do devido processo legal.
Agora, o Toffoli está navegando nessa maré, está se reposicionando no jogo todo, porque estava posicionado do outro lado. Mas eu nunca vou achar ruim um ministro, pelos motivos que for, se reposicionar para o lado certo, o lado do Estado Democrático de Direito, do uso de provas legais e a favor do devido processo legal. Para mim, está tudo bem.

Agência Brasil: Mais de quatro anos após a série de reportagens da Vaza Jato, você crê que o Brasil mudou de patamar, para melhor, em seus métodos de combate à corrupção?
Leandro Demori: O combate à corrupção tem um programa de fundo, que não podemos perder de vista. Isso está longe de ser qualquer teoria da conspiração porque todos os documentos estão aí. Os combatentes da corrupção no Brasil foram treinados em um modelo criado para o combate à corrupção nos Estados Unidos. É um modelo. No fim das contas, trata-se de uma usina de repatriação de dólares para o mercado americano, é isso que eles fazem. Os agentes do FBI [Polícia Federal dos EUA] viajam pelo mundo, falam com gente descuidada ou mal-intencionada, como era o caso dos procuradores de Curitiba, coletam informações, processam empresas estrangeiras nos EUA e levam dólares para lá. Isso é um sistema, os Estados Unidos não estão errados em fazer isso, do ponto de vista deles. Errados somos nós em termos sido treinados nisso e sermos usados para isso. É um pano de fundo, que substituiu a política de guerra às drogas.
Os EUA criaram a guerra às drogas nos anos 1960 e os países do mundo inteiro entraram nessa onda. Nos últimos 10, 15 anos, essa coisa veio despressurizando e vários países começaram a liberar as drogas, principalmente a maconha, inclusive os próprios Estados Unidos. Então, isso é uma arma geopolítica americana, que agora é a guerra de combate à corrupção. Eles identificam empresas que estão muito fortes em alguns setores e atuam em cima delas. Isso não aconteceu só no Brasil com as construtoras e com a Petrobras. Isso aconteceu na França com a Alstom, um caso clássico. Um executivo da Alstom que viajou pros Estados Unidos foi preso e ficou preso lá até começar a delatar. Levaram euros de um esquema de corrupção que tinha acontecido na França, com dinheiro francês, corrompido por franceses. Acho que as pessoas estão longe de entender isso e, possivelmente, quem está nos lendo ou nos ouvindo agora pelo rádio vai achar que a gente está falando na teoria da conspiração. Não tem problema nenhum, o tempo vai passar e tenho paciência suficiente para que as pessoas entendam, de fato, o que está acontecendo.

Agência Brasil: E sobre os procedimentos atuais, em meio às investigações de corrupção envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ajudante de ordens Mauro Cid, que assinou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Você vê diferenças em relação aos métodos anteriores?
Leandro Demori: No micro, eu vejo alguns momentos bons, mas outros preocupantes. O Mauro Cid ficou preso preventivamente por dois meses e meio, três meses e saiu. Não ficou preso preventivamente por um ano e meio, dois ou três anos, como era na Lava Jato. Isso é um avanço porque você evita, como eu falei antes, uma pressão para o cara entregar coisas. No sistema judicial, não se pode fazer isso. Também vejo uns bons movimentos, do tipo, se fosse no tempo da Lava Jato, o que o Mauro Cid pensou em falar para a Polícia Federal já teria vazado como cardápio de delação, já teria o nome de todo mundo ali, com 200 pessoas tendo o nome jogado na lama e depois, na hora de ver as provas mesmo, ia sobrar cinco ali [condenadas], e as outras 195 iam ser espezinhadas, humilhadas. Por mais que eu não goste da Cláudia Cruz, a mulher do Eduardo Cunha, nada se provou contra ela na Lava Jato, só que ela passou para a história como uma bandida.
Eu acho que as coisas estão mais contidas, as coisas ficam no sigilo durante mais tempo, mas eu acho que ainda tem muito vazamento seletivo de informação, principalmente para uma ou duas emissoras de televisão, aquelas maiores que estão sempre ali, e isso é ruim para o processo legal, porque o julgamento na praça é mais importante do que julgamento de fato. Nessa brecha, aparece o salvador da pátria, o outsider, um tipo como Bolsonaro. Então, eu espero que nesse processo do Mauro Cid, dos militares, do Bolsonaro, seja levado a bom termo, com respeito ao devido processo legal como se tem na Suécia, na Noruega, na Alemanha, que é o sigilo absoluto enquanto a pessoa não é denunciada. Tem muita coisa para melhorar, mas já está bem melhor que 2015, 2016, que era uma festa.

Agência Brasil: Como é que você avalia a qualidade do jornalismo hoje em dia, especialmente em meio às mudanças aceleradas, nos últimos anos, pela hegemonia das plataformas na distribuição, consumo e disponibilidade da informação, e de como os algoritmos interferem nesse ambiente, privilegiando discursos de ódio e outros tipos de conteúdo que causam mais engajamento?
Leandro Demori: Eu acho que a qualidade do jornalismo hoje, no geral – isso não só eu quem falo, já vi uma palestra do [jornalista] Élio Gaspari sobre isso –, é melhor do que no passado. Fiz uma pesquisa extensa para escrever um livro, que publiquei em 2016, sobre um mafioso italiano que viveu no Brasil, e li muitos jornais da época [anos 1960, 1970]. A qualidade média dos jornais do Brasil era horrível, essa é a real. As fontes eram muito ruins, era quase sempre o delegado que falava, o policial, o juiz ou o desembargador. Nunca ninguém ia lá ouvir o favelado, a pessoa que tomou tapa na cara, a vítima, a mãe da criança que tomou um tiro da polícia. Era um jornalismo muito mais feito da elite para elite, mais que hoje. Então, a qualidade do jornalismo feito atualmente é melhor, no geral.
Se você for pegar o que é produzido pela Agência Pública, se for pegar o que é produzido pela Ponte Jornalismo, o repórter não vai errar e contar história como um repórter de polícia dos anos 1970 contava. E você não tinha internet para desmentir como agora. Agora, por outro lado, plataformas dos algoritmos bagunçam o jogo porque a gente erra mais, pela pressa, e a gente não tem o controle da distribuição. Então, não somos nós que mandamos no que a gente faz. Isso faz com que a gente acabe piorando essa qualidade porque temos que jogar o jogo do algoritmo, de usar as palavras certas. Tem que usar repetição de palavra, o texto tem que ter até 48 caracteres no Twitter [plataforma X], no Instagram é de outro jeito, as escolhas editoriais são piores. Então, acho que as plataformas pioraram muito isso e por isso elas precisam ser reguladas, o que não temos no Brasil.
O Projeto de Lei 2630 foi combatido pelas maiores empresas já criadas pelo capitalismo em sua história. A gente não tá falando de gente que tá contando dinheiro. Google, Facebook, Microsoft, Apple, todos eles são muito mais poderosos, têm muito menos funcionários, têm muito mais lucro e influenciam muito mais no lobby nos Congressos do mundo todo do que a indústria do petróleo e dos carros jamais imaginaram. Fizeram uma compra de opinião no Brasil, inclusive de meios de esquerda, que as pessoas, do dia pra noite, começaram a bombardear o PL 2630. Na minha opinião, foi um erro. A gente deu um tiro no pé como jornalista.
O que vai acontecer se essa galera não for regulamentada é que, daqui a pouco, eles vão sentir que não tem mais clima para aprovar a regulação, e vão parar de financiar essa galera que foi quem teve opinião comprada, porque eles não precisam mais. Os caras tomaram conta do negócio de fato. Então, sou da opinião que o PL 2630 precisa voltar a ser debatido, precisa ser aprovado. Essa galera precisa responder judicialmente pelo que eles fazem e precisam dividir, de fato, a grana que eles ganham com o nosso trabalho. O Facebook, por exemplo, tentou tirar notícias no Canadá, tentou tirar notícias do Facebook na Austrália, e a audiência da plataforma caiu. Porque eles precisam do nosso trabalho. Eles são muito ardilosos porque ainda têm essa imagem de empresa fofinha, tech, bonitinha. Leva parlamentar para passear nos Estados Unidos, leva o jornalista para projeto de inovação tecnológica e você vai enredando as pessoas. Se a gente não aproveitar para regular essas plataformas, vamos perder uma oportunidade histórica superimportante.

Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco


Logo Agência Brasil

A maranhense Renata Estrela foi apresentada ao tiro com arco quando tinha sete anos. O esporte, ainda pouco tradicional no Brasil, estreitou os laços entre ela e a mãe.

“A minha mãe saía de manhã, eu estava dormindo. Ela voltava à noite, eu também estava dormindo. Então, ela procurou alguma coisa para fazermos juntas, porque estávamos perdendo contato, e achou o tiro com arco. Quando cresci, virou uma coisa séria”, recordou a jovem, hoje com 15 anos.

Notícias relacionadas:

Tão séria que Renata foi a Ribeirão Preto (SP) para disputar os Jogos da Juventude, principal evento esportivo do país para atletas até 17 anos, e voltará para São Luís com duas medalhas de bronze, conquistadas nessa quinta-feira (14). A primeira veio nas duplas mistas, com o conterrâneo Jonas Garcia, ao vencerem os paulistas Gustavo Pimentel e Rebeca Dantas. A seguinte foi obtida no individual feminino, em que derrotou Melissa Bonatti, do Distrito Federal, em um confronto definido na última flecha. Apesar de feliz com o desempenho, o que mais a satisfez vai além do resultado.

“O que fica são as amizades que fiz, com a galera de São Paulo, de outros estados. Isso, para mim, é o que mais importa. As memórias que você guarda, não os objetos. São amizades que você leva para a vida. Não só me aproximei da minha mãe [pelo tiro com arco] como ganhei uma família”, afirmou Renata.

A jovem de São Luís dividiu o pódio feminino com a mineira Gabriela Monteiro, medalhista de prata, e a fluminense Isabelle Trindade, que conquistou o ouro. Essa última, aos 17 anos, foi campeã sul-americana da Juventude no ano passado, em Rosario, na Argentina, e integra a seleção brasileira. Assim como Renata, Isabelle também iniciou no esporte com incentivo familiar.

14.09.23 - Jogos da Juventude 2023 - Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco. Foto: Beto Noval/COB

14.09.23 – Jogos da Juventude 2023 – Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco. Foto: Beto Noval/COB – Beto Noval/COB

“O meu primo começou [no tiro com arco], eu tinha oito anos. A gente era muito grudado. Eu fui experimentar também, acabei me apaixonando. Tem que ter muita concentração, foco. Gosto bastante da sensação. [Já ganha do primo?] Já, com certeza [risos]”, disse a fluminense.

Isabelle também foi medalhista de ouro nas duplas mistas, competindo ao lado de Emanuel Gravano. Na final, a parceria do Rio de Janeiro superou a de Minas Gerais, formada por Gabriela Monteiro e André Fonseca. Emanuel ainda levou a melhor sobre André na decisão individual masculina – a última da primeira participação do tiro com arco em uma edição de Jogos da Juventude.

Melhor do mundo

Diferentemente de Renata e Isabelle, Emanuel não teve influência familiar para entrar no esporte, mas, diretamente, a de uma atleta olímpica, a também fluminense Ane Marcelle dos Santos, que o apresentou à modalidade em 2017, durante uma clínica na escola do jovem de Maricá (RJ). Hoje, ele treina não somente com Ane Marcelle, mas também ao lado do atirador número um do mundo na atualidade, o conterrâneo Marcus D’Almeida.

“É muito bom [treinar com o Marcus]. A gente acaba pegando dicas, [aproveitando] a experiência dele. É uma pessoa muito maneira, que ajuda os iniciantes”, destacou Emanuel, que também faz parte da seleção brasileira.

Aos 25 anos, Marcus tem duas medalhas em campeonatos mundiais – foi prata em 2021 e bronze na edição deste ano – e mais duas em etapas finais da Copa do Mundo, sendo a mais recente um ouro inédito, conquistado em Hermosillo, no México, no último domingo (10). O sucesso do fluminense mostra aos jovens que competiram em Ribeirão Preto que é possível crescer na modalidade, mesmo sendomela ainda pouco difundida no país.

“Ele é uma das minhas maiores inspirações. Ver o quanto se dedicou e continua se dedicando. O foco dele, a história. Temos muito orgulho”, afirmou Isabelle, que, em abril, esteve com Marcus na etapa de Antalya, na Turquia, da Copa do Mundo.

“O Marcus é um ícone do tiro com arco, um ídolo para todo mundo, um exemplo, um espelho do que fazer e, também, do que o esporte pode nos dar”, completou Renata.

Além do tiro com arco, mais duas modalidades foram disputadas em Jogos da Juventude pela primeira vez nesta edição: triatlo e esgrima. Nesta sexta-feira (15), ocorrem as provas de águas abertas, mais um esporte estreante no evento. Neste sábado (16), último dia de competições, a TV Brasil transmite, ao vivo, as finais do handebol, a partir de 11h (horário de Brasília).

Rosa Weber defende atuação do STF durante julgamento de réus do 8/1  


Logo Agência Brasil

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, defendeu nesta quinta-feira (14) a atuação do tribunal no julgamento dos primeiros réus condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A defesa do trabalho da Corte foi feita ao final da sessão na qual os ministros condenaram três réus que participaram da invasão do Palácio do Planalto e do Congresso. 

Durante dois dias de julgamento, advogados que subiram à tribuna para defender a absolvição dos acusados proferiram ofensas e desacreditaram a atuação dos ministros. 

Notícias relacionadas:

“Ninguém gosta de ouvir que nós não somos amados. Para mim, o importante é que o povo brasileiro compreenda que o STF é um dos três pilares da nossa democracia constitucional e é o guardião da nossa Constituição. Ele continuará com altivez e firmeza e desagradando a alguns, mas na defesa do nosso Estado democrático de Direito”, afirmou. 

Na sessão de quarta-feira (13), o advogado Sebastião Coelho da Silva, que representa Aécio Pereira, condenado a 17 anos de prisão, disse que os ministros da Corte são as “pessoas mais odiadas do país”. Sebastião é ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) e é investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo suposto apoio aos grupos golpistas. Em um vídeo que circulou no ano passado nas redes sociais, ele aparece no acampamento que foi montado no quartel do Exército, em Brasília, pedindo a prisão do ministro Alexandre de Moraes. 

Na tarde de hoje, outro defensor comparou o presídio da Papuda, no Distrito Federal, onde os investigados estão presos, com o Holocausto e disse que Alexandre de Moraes “inverte o papel de julgador” para se tornar um acusador. 

Logo após a fala, Moraes rebateu as falas do defensor e afirmou que Hery Waldir fez um “discurso para postar nas redes sociais”. 

“É patético e medíocre um advogado suba à tribuna do STF com discurso de ódio e para postar nas redes sociais. Talvez para ser vereador nas eleições do ano que vem”, afirmou. 

Durante a sessão do STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou um ofício para manifestar apoio ao tribunal.  

No documento, que foi lido por Rosa Weber, o presidente da entidade, Beto Simonetti, demonstrou solidariedade pelos ataques sofridos pelos ministros durante o julgamento e “plena confiança” na correta condução do julgamento. 

“A OAB reitera sua posição no sentido de que os atentados ocorridos em 8 de janeiro se afiguram graves ofensas à estabilidade democrática no Brasil e propugna que todos os envolvidos sejam responsabilizados, assegurados o devido processo legal”, diz o documento.