UnB promove Festa do Livro com foco em pensadoras negras

Tradição em várias capitais brasileiras, as feiras de livros de editoras universitárias estão chegando a Brasília. De terça-feira (19) a quinta-feira (21), a Universidade de Brasília (UnB) promove a 1ª Festa do Livro. O evento, no mezanino do Minhocão Sul, estreia com foco em um núcleo produtor de conhecimento crítico: pensadoras e autoras negras.

“Esse tema é uma maneira de puxar o debate da participação das mulheres negras em todas as esferas de interesse. De forma que esse protagonismo da mulher negra pudesse se tornar uma pauta para reflexão, tanto dentro da universidade como na comunidade do Distrito Federal como um todo”, explica a diretora da Editora UnB, Germana Henriques.

Com 35 editoras participantes, a 1ª Festa do Livro terá quatro lançamentos, quatro palestras, uma mesa-redonda, um workshop e um minicurso. Também haverá a exibição de ilustrações escolhidas no concurso organizado pela Editora UnB e a divulgação do resultado do edital de ensaios. Além dos quatro livros a serem lançados, haverá o lançamento conjunto de obras do Núcleo de Escritoras Pretas Maria Firmina dos Reis, constituído por professoras universitárias.

Entre alguns temas de destaque nos debates, estão a análise da política de cotas raciais; do lema “vidas negras importam”; da relação entre corpos negros e homossexualidade; e uma análise do racismo como neurose cultural, inspirada no trabalho da antropóloga Lélia González.

Todas as editoras participantes venderão livros com desconto de pelo menos 30%. No caso da Editora UnB, os preços terão reduções maiores, de 40% a 50%.

Paralelamente à feira do livro, haverá a Feira da Viração, onde funcionários da UnB venderão artesanatos, bijuterias e itens usados. “É por isso que chamamos o evento de Festa do Livro, porque queremos que seja muito mais do que uma feira”, justifica Germana.

Adiamento

Segundo a diretora da Editora UnB, a ideia da Festa do Livro estava em gestação desde 2016. No entanto, uma reestruturação na universidade e na própria editora adiaram a iniciativa. A primeira edição chegou a ser planejada em 2019 e ocorreria em 2020, mas a pandemia de covid-19 postergou novamente o evento.

“Essa será a primeira edição. A ideia é que a Festa do Livro ocorra em todos os anos, sempre no segundo semestre. Como em editoras universitárias de diversas capitais”, explica Germana. “Queremos que esse evento, que será muito mais do que uma simples feira, vire uma tradição no Distrito Federal.”

A programação completa da 1ª Festa do Livro pode ser conferida na seguinte página: festadolivro.unb.br. Outras informações também podem ser obtidas nos perfis da Editora UnB no Facebook, no Instagram e no Tik Tok.

Governo prevê recuperar R$ 46 bilhões inscritos na dívida ativa


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A recuperação de débitos inscritos na Dívida Ativa da União (DAU) deve reforçar o caixa do governo em R$ 46 bilhões no próximo ano, divulgou a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O valor já está incorporado à estimativa de receita de R$ 2,7 trilhões prevista no projeto de lei do Orçamento Geral da União de 2024, encaminhado ao Congresso no fim de agosto.

A Dívida Ativa da União representa os débitos de contribuintes que deixaram de ser cobrados administrativamente pela Receita Federal e passaram a ser executados na Justiça pela PGFN. Dos R$ 46 bilhões previstos para serem recuperados, R$ 12 bilhões virão do novo mecanismo de transação tributária em contenciosos, inserido na nova lei que reformulou o sistema de votação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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Criada em 2020 para ajudar empresas afetadas pela pandemia da covid-19, a transação tributária permite que o contribuinte renegocie débitos – tanto com a Receita Federal como com a PGFN – com descontos nos juros e nas multas. A adesão ao programa, no entanto, depende do pagamento de uma entrada e da análise da capacidade de pagamento do devedor, com o governo propondo um plano de pagamento das parcelas. A lei do novo Carf concedeu mais incentivos para tornar esse tipo de mecanismo mais atrativo aos contribuintes.

Além dos R$ 12 bilhões de débitos inscritos em dívida ativa, o projeto do Orçamento de 2024 prevê a recuperação de R$ 30,1 bilhões em dívidas com a Receita Federal. O governo conta com o dinheiro para aumentar as receitas em R$ 168 bilhões e tentar zerar o déficit primário no próximo ano, como estabelecido no novo arcabouço fiscal.

Segundo a PGFN, a transação tributária está se consolidando como um dos principais instrumentos de recuperação de recursos pelo governo. Para este ano, o órgão tinha estimado em R$ 30 bilhões a receita com a recuperação de débitos inscritos na Dívida Ativa da União. No fim do primeiro semestre, o órgão tinha recuperado R$ 21,9 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões vieram de acordos de transação tributária.

Novos incentivos

Inserida na lei do novo Carf, a transação no contencioso permite ao contribuinte negociar débitos ainda em discussão administrativa ou judicial. Segundo a PGFN, esse mecanismo tem três vantagens: contribui para a redução do litígio no Carf e no Judiciário; aumenta a disponibilidade de recursos no caixa das empresas; e recompõe a arrecadação do governo.

A PGFN estuda oferecer editais para regularizar, por meio de acordos consensuais, débitos relacionados a teses jurídicas sobre a base de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Em estudo preliminar, a procuradoria estimou que existem pelo menos 19 teses jurídicas de PIS/Cofins com valor em discussão da ordem de R$ 800 bilhões.

Ninguém acertou a Mega-Sena e prêmio acumulado vai a R$ 14,5 milhões

As seis dezenas do concurso 2.633 foram sorteadas na noite desse sábado (16), no Espaço da Sorte, na cidade de São Paulo. Não houve ganhador na faixa principal.

O prêmio acumulou e o valor para concurso 2.634, a ser realizado na terça-feira, está estimado em R$ 14,5 milhões.

Veja os números sorteados: 02 – 23 – 25 – 33 – 45 – 54.

A quina teve 47 apostas ganhadoras, cada uma vai pagar um prêmio de R$ 48.974,35, Já a quadra registrou 4.112 vencedores; eles vão receber, individualmente, R$ 799,67.

As apostas para o próximo concurso podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio, nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

O jogo simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 5.

Mostra reúne mais de mil obras para o Museu das Origens em SP


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Na madrugada de 8 de julho de 1978, um incêndio atingiu o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro e consumiu quase a totalidade de seu acervo. Mais de 580 obras, principalmente de pinturas, desapareceram com as chamas. Além disso, toda a sua biblioteca foi perdida.

Foi refletindo sobre esse incêndio e o risco para outras instituições culturais brasileiras que o pesquisador, ativista, jornalista e crítico de arte Mário Pedrosa surgiu com uma proposta inusitada para a época: criar o Museu das Origens. Sua ideia era reunir cinco museus que, mesmo organizados de forma independente, funcionariam de maneira orgânica e articulada.

São Paulo SP 15/09/2023   Exposição no Itaú Cultural, “Ensaios para o Museu das Origens” faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

“Ensaios para o Museu das Origens. Foto: – Paulo Pinto/Agência Brasil

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“Em face da destruição total pelo incêndio do MAM, é imperativo que se tire uma conclusão lógica da catástrofe: o MAM acabou. A situação mudou. Os tempos são outros, ou mesmo a ideologia que inspirou os que o fizeram mais de vinte anos atrás, mudou. Daí a necessidade de chamar outras forças e o Estado para criar outro estabelecimento congênere, com outras finalidades”, escreveu Pedrosa em artigo publicado na revista Arte Hoje, em 1978.

São Paulo SP 15/09/2023   Exposição no Itaú Cultural, “Ensaios para o Museu das Origens” faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

Mostra faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto – Paulo Pinto/Agência Brasil

A proposta de Pedrosa reuniria o Museu de Arte Moderna, o Museu de Arte Virgem (formado a partir do Museu de Imagens do Inconsciente), o Museu do Índio, o Museu do Negro e o Museu de Artes Populares. Mas sua proposta jamais se concretizou.

Inspirados na ideia, o Itaú Cultural e o Instituto Tomie Ohtake, duas instituições culturais localizadas na capital paulista, se uniram para criar uma exposição conjunta, que foi chamada de Ensaios para o Museu das Origens. A mostra está em cartaz em cinco salas das duas instituições [três delas no Itaú Cultural e duas no Tomie Ohtake] e reúne mais de mil itens, entre pinturas, esculturas, documentos, fotografias e vídeos, entre outros.

“Quando o MAM pegou fogo, Pedrosa olhou para isso como uma possibilidade de integrar as artes que ele estava pesquisando. A exposição Ensaios para o Museu das Origens traz cinco eixos, que são inspiradas nas propostas de eixos que o Mário Pedrosa fez”, explicou Juliano Ferreira, coordenador de artes visuais do Itaú Cultural, em entrevista à Agência Brasil.

Mário Pedrosa tinha recém-retornado do exílio ao Brasil quando o MAM foi consumido pelas chamas. “Quando ele voltou [do exílio] em 1978, o MAM do Rio de Janeiro pegou fogo. O incêndio havia sido causado por uma chama elétrica e grande parte do acervo do museu foi perdida. A partir daí, o jornalista e muitos outros críticos do momento se reuniram para pensar o que deveria ser feito com aquele museu e sob quais bases um museu que foi destruído poderia ser reconstruído. E aí Pedrosa fez essa proposta de reconstrução do MAM a partir de cinco museus”, disse Ana Roman, curadora adjunta da exposição.

“Dois deles já existiam, como o Museu do Índio e o Museu do Inconsciente, e os demais seriam formados. Esses cinco museus orbitariam em torno de um centro de atividades comuns. Eles teriam seus próprios curadores, suas próprias estruturas institucionais mas, de alguma forma, tudo estaria em diálogo constante. A é uma proposta muito interessante de se pensar o museu e muito interdisciplinar e contemporânea”, acrescentou a curadora.

Integração

A exposição agora em cartaz é resultado de uma extensa pesquisa e tem curadoria geral de Izabela Pucu e Paulo Miyada, curadoria adjunta de Ana Roman e participação dos curadores convidados Daiara Tukano e Thiago de Paula Souza. Embora ocupe dois espaços expositivos, ela é uma só, podendo ser visitada em qualquer ordem. Seu objetivo é fazer um percurso pela história do Brasil, tomando a arte e a cultura como alicerces e passando pela memória de múltiplas ancestralidades.

São Paulo SP 15/09/2023   Exposição no Itaú Cultural, “Ensaios para o Museu das Origens” faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

“Tudo se mistura e se integra”, diz curadora – Paulo Pinto/Agência Brasil

Para a mostra, não houve divisões por temas ou por museus. Tudo se mistura e tudo se integra. “O Mário tinha essa proposta de borrar essas fronteiras das artes, de trazer as grandes artes para o mesmo nível, sem divisão do que era popular ou erudito. Mais do que uma proposta, ele quis nos fazer pensar quais são os limites, o que é arte, o que é essa produção”, disse Ferreira.

Somando os espaços expositivos, a exibição se estende por 1,5 mil metros, com obras de artistas, coletivos e mais de 20 instituições culturais e museus dedicadas à preservação e difusão da memória brasileira.

“Revisitamos essa história do Mário Pedrosa, temos como um ponto de partida para olharmos para as instituições e gestos que temos na atualidade para contar um pouco dessas histórias. Elas são instituições que, apesar do descaso das políticas públicas e das dificuldades muitas vezes encontradas, resistem, sobrevivem, trazem e contam parte da história do Brasil e de nós brasileiros”,  disse a curadora adjunta Ana Roman.

“Temos esses cinco museus como ponto de partida, mas eles vão se desdobrando em outras coisas. Por exemplo, a gente olha para essa pluralidade dos museus trazidas pelo Pedrosa, mas a gente sentia falta de falar de um mundo da natureza. Então, para essa exposição, trouxemos também instituições como a Serra da Capivara, o Museu Goeldi [Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém] e o Museu do Marajó.”

São Paulo SP 15/09/2023   Exposição no Itaú Cultural, “Ensaios para o Museu das Origens” faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

Participam da mostra artistas, coletivos e mais de 20 instituições culturais e museus Foto Paulo Pinto/Agência Brasil – Paulo Pinto/Agência Brasil

O público que for visitar a exposição vai se deparar com estrutura comum para cada uma das salas. No centro delas há uma roda ou uma antessala, onde são apresentadas as histórias institucionais. Cada sala também apresenta obras de um artista convidado, que dialogam com o que está sendo apresentado. “Levamos artistas para as instituições e para os espaços institucionais e os artistas trouxeram trabalhos que dialogassem com aqueles espaços”, disse a curadora.

Outro destaque é a instalação de uma mesa documental, com pastas e documentos complementares para consultas.

Memórias e resistência

A mostra Ensaios sobre o Museu das Origens pode fazer o público refletir sobre a importância da memória, dos legados e institucionalização cultural, disse o coordenador de artes visuais do Itaú Cultural. “Mais do que do apagamento, a mostra fala sobre a questão do acervo e a importância da institucionalização da arte e desses acervos que resistem, apesar do Brasil.”

“A exposição é quase um chamamento para a gente olhar para essas instituições, para esse legado e esse acervo e olhar também para a importância dessa memória. Ela trata sobre resistência e sobre essa questão da preservação do acervo, com a precariedade e o desafio que são postos a esses museus”, acrescentou.

São Paulo SP 15/09/2023   Exposição no Itaú Cultural, “Ensaios para o Museu das Origens” faz um mergulho na proposta de Mario Pedrosa. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

“Estamos diante de instituições que, apesar das dificuldades, resistem e constituem lugares de memória”, diz Ana Roman. Foto: – Paulo Pinto/Agência Brasil

Segundo a resistência institucional, reforçou Ana, é uma das bases da mostra. “A exposição traz casos que falam sobre uma resistência institucional. Não só do MAM, que se reconstruiu e se reconstituiu, mas o museu é um exemplo interessante. Continua mudando e se transformando. Aqui, nessa exposição, estamos diante de instituições que, apesar das dificuldades e dos processos – e apesar do Brasil – resistem e constituem lugares de memória”, ressaltou. “A exposição é sobre esse atualizar, sobre instituições que se dobram em si mesma e viram outra coisa. A atualidade da exposição está muito nesse lugar.”

Para Ana, a mostra apresenta um olhar de esperança sobre o que vem sendo preservado e produzido no país. “É uma exposição que traz um pouco desse lugar de esperança e de olhar para o que tem sido feito. Muitas vezes a gente esquece que as coisas acontecem e estão acontecendo agora. E isso ocorre a partir de uma resistência popular, de movimentos sociais não institucionalizados, mas que estão colocando práticas instituintes constantemente e tomando frente desses processos de ressignificação e de pensar sobre sua própria memória”, destacou.

A exposição Ensaios para o Museu das Origens é gratuita e acontece até o dia 28 de janeiro de 2024. A curadoria das duas instituições também pensa em promover rodas de conversa, visitas virtuais, o lançamento de um catálogo e outras atividades para além da exposição. Mais informações podem ser obtidas nos sites do Itaú Cultural e do Instituto Tomie Ohtake.

Países do G77 e China condenam monopólios no setor de tecnologia


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Os chefes de Estado e de governo dos países que integram o Grupo dos 77 mais China divulgaram, neste sábado (16), declaração conjunta ao fim da cúpula realizada em Havana. O encontro teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento sintetiza, em 47 tópicos, a posição do grupo principalmente em matéria de desenvolvimento tecnológico. Este ano, sob a presidência de Cuba, o encontro do G77 + China discute o tema Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O grupo, criado em 1964 com 77 países-membros, foi ampliado e atualmente é composto por 134 nações em desenvolvimento do Sul Global pertencentes à Ásia, África e América Latina. A união do bloco com a China ocorreu nos anos 1990.

A declaração conjunta inclui uma crítica à hegemonia de grupos monopolistas no setor de tecnologia da informação e internet. “Rejeitamos os monopólios tecnológicos e outras práticas injustas que dificultam o desenvolvimento tecnológico dos países em desenvolvimento. Os Estados que detêm o monopólio e o domínio no ambiente das tecnologias de informação e comunicação, incluindo a Internet, não devem utilizar os avanços das tecnologias de informação e comunicação como ferramentas de contenção e supressão do legítimo desenvolvimento econômico e tecnológico de outros Estados. Apelamos à comunidade internacional para que promova um ambiente aberto, justo, inclusivo e não discriminatório para o desenvolvimento científico e tecnológico.”

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Em outro trecho, o grupo pede à comunidade internacional e aos organismos do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU) que “tomem medidas urgentes para promover o acesso desimpedido, oportuno e equitativo dos países em desenvolvimento a medidas, produtos e tecnologias relacionados com a saúde, necessários para lidar com a atual e futura prevenção de pandemias”.

Os países integrantes do grupo ainda defendem o papel na tecnologia no enfrentamento às mudanças climáticas, cujos efeitos têm impacto desproporcional nos países em desenvolvimento.

“Reconhecemos que todas as barreiras tecnológicas, nomeadamente as relatadas pelo IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas], limitam a adaptação às alterações climáticas e a implementação das Contribuições Nacionais Determinadas (NDC) dos países em desenvolvimento. Reiteramos, a este respeito, a necessidade de uma resposta eficaz à ameaça urgente das alterações climáticas, especialmente através do aumento da prestação de financiamento, da transferência de tecnologia e do reforço de capacidades com base nas necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento, de acordo com os princípios e o objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e do seu Acordo de Paris, incluindo a equidade e as responsabilidades comuns mas diferenciadas e respectivas capacidades, bem como com base na melhor ciência disponível.”

O texto inclui ainda menção contrária à imposição de lei e de medidas econômicas com impacto sobre outros países. “Rejeitamos a imposição de leis e regulamentos com impacto extraterritorial e todas as outras formas de medidas econômicas coercivas, incluindo sanções unilaterais contra os países em desenvolvimento, e reiteramos a necessidade urgente de as eliminar imediatamente. Enfatizamos que tais ações não só prejudicam os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e no direito internacional, mas também impedem gravemente o avanço da ciência, tecnologia e inovação e a plena realização do desenvolvimento econômico e social, particularmente nos países em desenvolvimento.”

Mais cedo, em discurso, o próprio presidente Lula criticou o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos contra Cuba desde a década de 1960.

Agenda

Ainda na capital cubana, Lula manteve agenda de trabalho com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Esta é a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff esteve na capital cubana.

De Havana, o presidente seguirá para Nova York, nos Estados Unidos, onde fará o primeiro discurso do debate geral de chefes de Estado da 78ª Assembleia Geral da ONU, na próxima terça-feira (19).

Será a oitava vez que o presidente Lula abrirá o debate geral dos chefes de Estado. Nos oito anos em que governou o Brasil, em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010.

O chefe do governo brasileiro também participará do lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente, juntamente com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Estão previstas ainda outras reuniões bilaterais, multilaterais e ministeriais entre os países participantes e diversos organismos internacionais à margem da assembleia.

Lula viajará aos Estados Unidos acompanhado de ministros que deverão participar de diversas reuniões temáticas nas áreas de direitos humanos, saúde e desarmamento.

Ferroviário é campeão da Série D do Brasileiro 2023


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O Ferroviário é campeão da Série D do Campeonato Brasileiro de 2023. Jogando no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, o time da casa fez 2 a 1 na Ferroviária, de Araraquara, e ficou com a taça do torneio na tarde deste sábado (16). A partida foi exibida ao vivo pela TV Brasil. Os gols do jogo foram marcados por Deizinho e Ciel para os vitoriosos e Vitor Barreto para o time de São Paulo.

Depois de fazer a melhor campanha durante todo torneio e chegar invicto à decisão, o Tubarão da Barra precisava vencer por qualquer placar para ficar com a taça e conquistar a quarta divisão nacional pela segunda vez (a primeira foi em 2018). A Ferroviária também dependia de uma vitória simples para conquistar o primeiro título nacional da história, já que a partida de ida, disputada em Araraquara, acabou com o placar de 0 a 0.

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No embalo dos aproximadamente 15 mil fanáticos torcedores do Ferrão, o time da casa partiu para cima logo no início do jogo e abriu o placar. Depois de receber um passe de Ciel, Deizinho mandou para a rede.

O time visitante mostrou força e empatou o jogo aos 38 minutos da primeira etapa. Vitor Barreto chutou colocado e deixou tudo igual.

Só que, logo aos 6 minutos do segundo tempo, o faro do artilheiro prevaleceu. Às vésperas de completar 42 anos, Ciel apareceu sozinho na área para completar o cruzamento e definir o placar: Ferroviário 2 a 1. Este foi o décimo segundo gol do centroavante no torneio e o vigésimo segundo dele na temporada.

Depois, foi só festa. Com uma campanha de 15 vitórias e 9 empates em 24 jogos, o Ferroviário se sagrou bicampeão da Série D de forma invicta.

Ao lado do Tubarão da Barra, garantiram acesso à Série C em 2024 a Ferroviária, vice-campeã, o Caxias-RS e o Athletic-MG.

 

 

Quilombolas lideram combate ao fogo na Chapada dos Veadeiros

A brigada formada por moradores do Quilombo Kalunga da Chapada dos Veadeiros (GO) é uma das pioneiras no uso consciente do fogo no Cerrado. 

O chamado Manejo Integrado do Fogo (MIF) é o conjunto de técnicas que usam o fogo como ferramenta para prevenir os incêndios florestais. O MIF é usado para queimar o excesso de vegetação seca que é propícia a se tornar combustível de incêndios de grandes proporções.   

Criada em 2011, o grupo é formado por 75 brigadistas, que combatem o fogo nos municípios goianos de Cavalcante e Teresina de Goiás, juntando o conhecimento tradicional sobre o fogo dos kalungas com as técnicas de pesquisadores do Cerrado que atuam no quilombo.  

Cavalcante (GO) 15/09/2023 – A brigada de incêndio da Prevfogo composta com membros da comunidade quilombola Kalunga, durante simulação de combate ao fogo no cerrado no Engenho II
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cavalcante (GO)  – A brigada de incêndio da Prevfogo com membros do Quilombo Kalunga é pioneira no uso de fogo controlado. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil 

A brigada do Prevfogo é unidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama) que atua no combate e prevenção de incêndios florestais. Já o Quilombo Kalunga é sétimo quilombo mais populoso do Brasil com cerca de 3.600 pessoas vivendo espalhadas em 39 comunidades por cerca de 261 mil hectares.  

A quilombola Alenir José Alves, de 36 anos, conta, orgulhosa, como é trabalhar na prevenção aos incêndios na região com o uso consciente do fogo. “Sempre digo: a gente trabalha para gente mesmo. Nós estamos preservando o meio ambiente do nosso próprio território”, disse. 

Além de reduzir os incêndios florestais no Território Kalunga, a atuação da brigada facilitou o trabalho dos agricultores locais. José dos Santos Rosa, de 69 anos, trabalha na roça desde os 10 anos de idade. Segundo ele, antes da chegada da brigada, o manejo do fogo era feito com folhas de buritis, uma palmeira característica do Cerrado.   

Cavalcante (GO) 12/09/2023 - Considerado um dos lideres da Comunidade quilombola Kalunga do Engenho II, senhor José dos Santos Rosa conta um pouco de histórias quando ele colocava fogo controlado em sua roça.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cavalcante (GO)- Considerado um dos líderes da comunidade quilombola Kalunga, José dos Santos Rosa conta como o fogo era usado no passado. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

“Quando você fazia uma roça você sofria para fazer o aceiro [faixa do Cerrado que é limpa para evitar que o fogo ultrapasse certa área] ao redor dela. Nós reuníamos a companheirada pra ir botando fogo e ir apagando com folha de buriti”, relatou.  

Canadá  

Reconhecida como referência entre os mais de 2 mil brigadistas do Brasil, parte da brigada acabou selecionada para representar o Brasil em ação humanitária no Canadá para combater os incêndios que atingiram o país da América do Norte neste ano. 

A brigada liderada pelos kalungas cedeu dez dos 42 brigadistas ligados ao Ibama que foram ao Canadá nos meses de julho e agosto.  

Cavalcante (GO) 15/09/2023 – A brigada de incêndio da Prevfogo composta com membros da comunidade quilombola Kalunga, durante simulação de combate ao fogo no cerrado no Engenho II. Foto: Charles Pereira Pinto/Arquivo Pessoal

Brigada de quilombolas ajudou no combate a incêndios florestais no Canadá – Foto: Charles Pereira Pinto/Arquivo Pessoal

“As autoridades canadenses ficaram impressionadas com o trabalho dos brigadistas do Brasil. Ficaram encantados com os meninos. Deram dois dias para eles fazerem uma vala, uma trincheira, e eles fizeram em duas horas”, contou Cássio Tavares, responsável pelo Prevfogo em Goiás.  

“Acho que é porque nossos brigadistas são tudo homem do campo. Acostumados a viver na mata, já sabem ligar com situações mais adversas”, avaliou o supervisor da brigada local, o kalunga José Gabriel dos Santos Rocha.  

A viagem ao Canadá revelou aos brigadistas brasileiros a enorme diferença entre as condições de trabalho do Brasil e do país da América do Norte. Os equipamentos de comunicação, as ferramentas e os veículos usados no combate ao fogo no Canadá chamaram atenção.  

“Lá a gente viu que os brigadistas no Brasil não são tão valorizados. Aqui faltam transporte, EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] e rádios comunicadores. Faltam condições de trabalho”, afirmou Charles Pereira Pinto.  

O responsável pelo Prevfogo no estado, Cássio Tavares, reconheceu a escassez de recursos. “Precisamos de mais recursos, mais veículos. Se vários focos iniciarem ao mesmo tempo, temos que ter veículos para levar os brigadistas”, explicou o servidor do Ibama, que informou atuar para melhorar as condições de trabalho do Prevfogo em Goiás.   

Os brigadistas do Prevfogo são contratados pelo Ibama para trabalhar por seis meses no ano, durante o período da seca, por uma remuneração no valor de um salário mínimo.  

Mulheres

Passar horas combatendo o fogo em meio às altas temperaturas é um trabalho que exige muito esforço físico e é dominado por homens. Atualmente, quatro dos 75 brigadistas da unidade de Cavalcante são mulheres.  

Cavalcante (GO) 15/09/2023 – Alenir José Alves, membra da brigada de incêndio da Prevfogo composta com membros da comunidade quilombola Kalunga, durante simulação de combate ao fogo no cerrado no Engenho II
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cavalcante (GO) – Alenir José Alves é uma das poucas mulheres na brigada de incêndio da comunidade quilombola Kalunga. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil 

A brigadista Alenir José Alves estuda Ciências da Natureza e trabalhava como guia na região. Quando a pandemia reduziu o turismo no Quilombo, ela decidiu tentar entrar na brigada.  

“Eu até pensava que era serviço de homem mesmo, mas quando entrei na brigada vi que podemos fazer a diferença. Nós mulheres somos capazes de fazer esse trabalho e tenho chamado as meninas para vir também”, disse Alenir. Ela disse que “viciou” no trabalho da brigada. “É a adrenalina. Você quer ver o resultado final”, completou.  

*O repórter viajou a convite do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam)

Lula: Heloísa foi morta por tiros de quem deveria cuidar da segurança


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Em viagem à Cuba para participar da Cúpula do G77, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, na tarde deste sábado (16), em suas redes sociais, a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. Segundo Lula, ela foi atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população.

“Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares”. 

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A menina estava passando pelo Arco Metropolitano do Rio de Janeiro com sua família quando o carro foi atingido por tiros, em 7 de setembro. A família diz que os disparos foram feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Depois de passar oito dias internada, Heloísa morreu na manhã deste sábado.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes usou também as redes sociais para dizer que a PRF precisa ter sua existência repensada. Ele lembrou o caso de Genivaldo de Jesus, morto por asfixia depois de ser trancado em uma viatura da corporação, que estava cheia de gás lacrimogêneo e spray de pimenta em suspensão, em maio do ano passado.

“Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses – e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais -, merece ter sua existência repensada. Para violações estruturais, medidas também estruturais”, escreveu Mendes.

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) Jorge Messias disse que é necessário rigor na apuração da morte da menina. “Lamento profundamente a perda da pequena Heloísa. É preciso apurar com rigor as causas e as responsabilidades dessa tragédia. Determinei à Procuradoria-Geral da União que acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível”.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, escreveu que um processo administrativo para apurar a responsabilidade dos agentes foi aberto no dia da ocorrência. “Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo, como a lei determina. Também já há inquérito na Polícia Federal, que será enviado ao MPF e à Justiça”, disse Dino.

A organização não governamental Rio de Paz, que historicamente faz atos na cidade do Rio de Janeiro para pedir o fim da violência, destacou que Heloísa é a 11ª criança morta a tiros neste ano na capital fluminense.

A PRF divulgou nota pouco tempo depois da confirmação da morte de Heloísa em que manifesta “extremo pesar”. A corporação afirmou que se solidariza com os familiares da menina e que sua Comissão de Direitos Humanos está acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu, na sexta-feira (15), a prisão dos três agentes da PRF envolvidos na ação que resultou na morte de Heloísa. O MPF também pediu nova perícia nas armas dos policiais e no carro da família de Heloísa, que foi alvejado. 

Uso consciente do fogo reduz incêndios na Chapada dos Veadeiros (GO) 

Brigadistas e pesquisadores do Cerrado apontam que o uso consciente do fogo vem ajudando a reduzir os incêndios florestais na Chapada dos Veadeiros (GO) nos últimos anos. Prática adotada por parte dos brigadistas da região desde o ano de 2014, ela se expandiu, principalmente, depois dos grandes incêndios de 2017 e 2020 que consumiram, respectivamente, 22% e 31% do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. 

O chamado Manejo Integrado do Fogo (MIF) é o conjunto de técnicas que usam o fogo como ferramenta para prevenir os incêndios florestais, como a queima do excesso de vegetação seca que é propícia a se tornar combustível de incêndios de grandes proporções.  

Na cachoeira de Santa Bárbara, por exemplo, localizada no Quilombo Kalunga (GO), a brigada formada por quilombolas põe fogo no espaço em torno das nascentes e das veredas que protegem o curso do rio para evitar que, no período da seca, incêndios alcancem a mata que protege as águas. 

Entre abril e julho de 2023, os brigadistas do Prevfogo realizaram queimas conscientes em mais de 2 mil hectares dentro do quilombo. O Prevfogo é a unidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama) que atua no combate e prevenção de incêndios florestais.   

Cavalcante (GO) 15/09/2023 – A brigada de incêndio da Prevfogo composta com membros da comunidade quilombola Kalunga, durante simulação de combate ao fogo no cerrado no Engenho II
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cavalcante (GO) – A brigada de incêndio da Prevfogo, formada por quilombolas, faz simulação de combate ao fogo no Cerrado.  Foto: Joédson Alves/Agência Brasil 

Conhecimento tradicional 

Apesar de adotado pelos brigadistas há quase dez anos, o uso consciente do fogo é parte do conhecimento ancestral do Território Kalunga, sétimo quilombo mais populoso do Brasil com cerca de 3.600 pessoas espalhadas em 39 comunidades por cerca de 261 mil hectares. 

O supervisor da brigada local, o kalunga José Gabriel dos Santos Rocha, contou que a queima do terreno sempre foi uma prática na comunidade.

“Nossos antepassados já faziam essas queimas nos pontos estratégicos. Queimavam uma área, dois anos depois queimavam outra área e iam remanejando o combustível. Isso sempre foi feito”, explicou.  

Por causa desse hábito, a antiga política de “fogo zero” sofreu resistência por parte dos moradores kalungas. A proibição total do uso do fogo foi adotada como regra pelos brigadistas desde a criação do Prevfogo em Cavalcante, em 2011.  

Com a política de fogo zero, Gabriel disse que a vegetação acumulava excesso de material que acabava virando combustível dos incêndios florestais. Com isso, no período da seca, temperatura alta e umidade baixa, “os incêndios florestais ficavam difíceis de combater”. 

Cavalcante (GO) 12/09/2023 - Membro da Comunidade quilombola Kalunga do Engenho II, Elias Francisco coloca fogo controlado em sua roça
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cavalcante (GO)  – Elias Francisco coloca fogo controlado em sua roça.  Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

 Enquanto a reportagem conhecia a comunidade Engenho II no quilombo, presenciou o agricultor Elias Francisco Maia, de 46 anos, colocando fogo e, ao mesmo tempo, apagando as chamas em torno da sua roça.  

“Só queimo onde quero, tenho total controle. Aqui no quilombo sempre teve fogo. No Parque [Nacional da Chapada dos Veadeiros] sempre foi política fogo zero, mas quando saiu um fogo ninguém conseguia controlar porque eles não faziam o manejo [do fogo]”, explicou.  

Fogo e Cerrado 

No Cerrado, o fogo faz parte da evolução biológica do bioma, destacou a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Cerrado, Ane Alencar.  Segundo a pesquisadora, existiu por muito tempo a ideia de que as chamas eram sempre ruins.  

“Isso vem de uma visão da Amazônia onde o fogo sempre foi visto como algo necessariamente ruim. Recentemente temos aprendido muito com a importância de se manejar o fogo de uma forma correta em ambientes adaptados ou dependentes do fogo. Isso é fundamental para o Cerrado e para reduzir o risco de catástrofes”, explicou. 

Uso do fogo pelos órgãos do Estado 

O responsável pelo Prevfogo em Goiás, Cássio Tavares, destacou que, no início, a prática do manejo do fogo não foi bem recebida por parte de órgãos ambientais do Estado, da sociedade e da academia. “Muitos foram taxados de loucos” por defender o método, contou o servidor do Ibama.  

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que faz a gestão do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, informou, em nota, que o uso consciente do fogo pelo órgão começou, de forma experimental, entre 2012 e 2014. 

De acordo com o ICMBio, o manejo do fogo para prevenção de incêndios florestais no Brasil foi motivado pela “troca de experiência com outros países que apresentaram resultados positivos na realização de ações de manejo”, em especial, com a Austrália. 

Como exemplo de sucesso, o Instituto citou o caso da Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins, que viu os incêndios florestais despencarem após o manejo do fogo pelo ICMBio, conforme ilustra o gráfico a seguir.  

Gráfico sobre uso do fogo

 

*O repórter viajou a convite do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam)

Franquias geram 160 mil novos empregos no Rio no primeiro semestre

O faturamento do setor de franquias no Rio de Janeiro alcançou R$ 10,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, com alta de 17% em relação a igual período do ano passado, superando, inclusive, o aumento registrado pelo mercado nacional, da ordem de 15%. Em número de operações, o mercado de franquias no território fluminense cresceu 4,1%, atingindo 18.410 novas unidades.

Outro dado que mostra a recuperação do estado como um todo foi a abertura de empregos pelo setor. “Nós tivemos160 mil novos postos de trabalho diretos”. O incremento foi de 15,4% na comparação com o mesmo período de 2022. Em média, são gerados nove empregos por unidade franqueada, o que resulta em 1,444 milhão de empregos indiretos adicionados aos 160 mil diretos, no Rio de Janeiro. “Temos uma recuperação bastante positiva no nosso estado”, disse nesta terça-feira (12) à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira de Franchising seccional Rio de Janeiro (ABF RJ), Clodoaldo Nascimento. 

Em ternos nacionais, o faturamento avançou 15%, passando de R$ 91,432 bilhões para R$ 105,107 bilhões, com total de 1,612 milhão de pessoas empregadas diretamente. Clodoaldo Nascimento destacou que multiplicando esse número pela média de nove empregos gerados por unidade, obtém-se total em torno de 11 milhões de empregos criados pelo franchising no Brasil.

Tendência

O presidente da ABF RJ analisou que a curva de desenvolvimento continua crescendo e que a tendência é positiva. “A tendência é de expansão, até em virtude da estabilidade da economia que começa a ser sinalizada”. Segundo ele, as pessoas estão retomando sua vida social, pós pandemia da covid-19, e começam a sair e viajar para outros destinos. “Tanto é que os segmentos que tiveram mais destaque foram os de hotelaria e turismo, evidenciando essa vontade das pessoas de sair de casa e poder passear.”

Seguem-se os segmentos de saúde, beleza e bem-estar; alimentação e food service (alimentação fora do lar); e moda. “Nós estamos com números hoje bastante superiores à pré-pandemia, inclusive de uma maneira nacional e não só no estado do Rio de Janeiro”. Em termos de faturamento, a expansão no primeiro semestre ficou 25% acima do período pré pandêmico. “Isso nos deixa felizes e mostra, realmente, a força do setor de franquias. No estado do Rio de Janeiro, Nascimento estimou que o aumento em comparação a 2019 deverá ficar entre 12% e 18%. O número ainda não foi consolidado.

Clodoaldo Nascimento afirmou que dentre os estados brasileiros, o Rio de Janeiro é o que vem apresentando o melhor desempenho, o que mostra que não só a capital, mas o interior, têm se mostrado bastante positivos para a abertura de novas franquias e, em consequência, de novos postos de trabalho, melhorando cada vez mais o faturamento. A região metropolitana, a Região dos Lagos e o Sul Fluminense têm atraído muitos empreendedores.

Expo Franchising

O presidente da ABF RJ informou que há franquias acessíveis para todos os bolsos, a partir de R$ 5 mil, para os chamados empreendimentos home based (baseados em casa), até R$ 2 milhões, que são as franquias macro, como lojas âncora de shoppings. O tema será objeto de palestra na 16ª Expo Franchising ABF Rio, feira tradicional do setor, que acontecerá no período de 21 a 23 deste mês, no Riocentro, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense. “A gente tem hoje inúmeras possibilidades para quem está querendo empreender e ser dono do seu próprio negócio, cujo crescimento é organizado”.

A feira trará novidades em termos de conteúdo. Mais de 20 startups (empresas nascentes) vão falar sobre franchising e oferecer ferramentas aos empreendedores. Haverá mentorias, podcasts (material na forma de áudio), onde serão entrevistados não só expositores, mas visitantes; além de palestrantes renomados do mercado, passando informação de como abrir uma franquia, cuidados que devem ser tomados, vantagens de ser um franqueado.

A 16ª Expo Franchising terá mais de 3 mil metros quadrados de área, com mais de 100 marcas de diferentes segmentos em exposição. São esperados mais de 15 mil visitantes. Clodoaldo Nascimento recomendou às pessoas que desejam entrar no setor que “abram aquela franquia com a qual se identificam. Nada melhor do que fazer algo que você goste”.

Na avaliação do governador Cláudio Castro, “os bons resultados demonstram a recuperação do setor e da economia fluminense, além de evidenciar a alta procura das marcas de franquias pelo estado”. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Vinicius Farah, o franchising é fundamental não só por movimentar bilhões de reais em investimento e negócios. “O setor gera milhares de postos de trabalho para a população e representa uma excelente oportunidade para quem busca empreender”, afirmou.