Ministério pede que PF investigue assassinato de casal indígena no MS


Logo Agência Brasil

O Ministério dos Povos Indígenas pediu que a Polícia Federal (PF) assuma as investigações do assassinato de um casal indígena ocorrido nesta segunda-feira (18) em Aral Moreia (MS), cidade na fronteira com o Paraguai. Uma líder religiosa da etnia guarani-kaiowá e o marido, ambos idosos, foram encontrados carbonizados na aldeia Guassuty.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram imagens dos corpos em meio à fumaça provocada pelo incêndio criminoso que consumiu a casa onde moravam. Segundo o ministério, o crime ocorreu durante a madrugada, mas as imagens só foram divulgadas durante a tarde.

Notícias relacionadas:

O caso já está sendo investigado pelas Polícias Civil e Militar de Mato Grosso do Sul. Segundo a Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Ponta Porã, um suspeito foi identificado e detido, mas a identidade não foi revelada.

“O ministério segue acompanhando o caso de perto, para que o responsável por esse crime seja devidamente punido”, informou a pasta em nota. Segundo o comunicado, o Ministério dos Povos Indígenas recebeu a notícia do assassinato com pesar e indignação.

A líder religiosa era rezadeira na aldeia indígena. Ela e o marido foram mortos dentro de casa, onde não apenas moravam, mas também promoviam rituais espirituais tradicionais do povo guarani-kaiowá.

Haddad adverte França sobre tentativa de atrasar acordo Mercosul–UE


Logo Agência Brasil

Uma eventual tentativa da França de atrasar o fechamento da nova versão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) pode ter consequências trágicas, disse nesta segunda-feira (18) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em viagem a Nova York. Segundo o ministro, o acordo precisa ser fechado até dezembro porque a sobrevivência do bloco sul-americano depende do resultado das eleições na Argentina.

“O presidente Lula está insistindo com a Europa para que a gente feche o acordo ainda este ano. Não sei o que será do Mercosul se o acordo não estiver fechado e tivermos um resultado ‘exótico’ nas eleições na Argentina. Um país como a França tem de prestar atenção às consequências de um atraso”, declarou o ministro durante painel “A Economia Brasileira Rumo à Transformação Ecológica”, promovido pela Universidade de Columbia, em Nova York.

Notícias relacionadas:

Segundo o ministro, o fechamento do acordo é importante porque a criação de uma nova zona de livre-comércio deslocaria “o centro de gravidade” da economia global.

Estados Unidos

Mais cedo, em outro evento, Haddad disse que o Brasil pode usar a matriz energética verde para buscar um status privilegiado nas negociações bilaterais com os Estados Unidos, mesmo o país não tendo acordo de livre-comércio com o país norte-americano. Segundo ele, o tema será discutido na reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden na próxima quarta-feira (20).

“Estamos um pouco amarrados em torno de conceitos que às vezes não se adequam à situação particular de Brasil e Estados Unidos. Não temos acordo de livre comércio com os Estados Unidos, mas não é por isso que não podemos ter um status privilegiado nas negociações bilaterais, pelo fato de estamos no mesmo continente, termos valores comuns históricos e culturais”, declarou Haddad no evento “Transformação Ecológica e Econômica no Brasil e na Amazônia”.

Entre os valores que o Brasil e os Estados Unidos podem explorar conjuntamente, disse Haddad, está a agenda verde. O ministro afirmou que os consumidores norte-americanos consomem muitas mercadorias produzidas no México, que não tem uma matriz energética tão limpa como a do Brasil. Segundo Haddad, o governo norte-americano está interessado em diminuir a “pegada de carbono” dos consumidores da maior economia do planeta.

“Não podemos deixar uma potência como os Estados Unidos de costas para o Brasil, quando a eles interessa uma aproximação e a nós também. O Brasil está com uma legislação absolutamente adequada. Nós podemos tanto exportar essa energia limpa para países dependentes de combustível fóssil, como usar internamente para produzir manufatura verde”, declarou o ministro

Durante a tarde, Haddad teve uma reunião bilateral com o enviado presidencial do Governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry. O encontro foi privado, mas Haddad e Kerry participaram do evento posterior, promovido pela Universidade de Harvard.

Amazônia

Durante o painel da Universidade de Columbia, o ministro também disse que a meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 pode ser alcançada. “Temos o compromisso de zerar esse desmatamento até 2030. Eu penso que é factível. Não vejo dificuldade em cumprir a meta de desmatamento [zero], o governo está engajado nisso”, destacou o ministro.

Apesar de a preservação da Floresta Amazônica ser um objetivo central do governo, Haddad disse que o tema se insere dentro da transformação ecológica que o Brasil quer promover. “Temos enorme potencial de aumentar produção de energia limpa para consumo interno, exportação e para manufaturar produtos verdes”, declarou. Segundo Haddad, a reforma tributária contribuirá para a transição do país para uma economia mais verde e sustentável.

G20

Em relação à presidência brasileira no G20, grupo das 20 maiores economias do planeta, o ministro afirmou que o Brasil usará o mandato para impor discussões importantes, como o endividamento dos países e os juros altos na maioria do planeta. “Temos condições de oferecer possibilidades de discussão de temas relevantes. Vamos tentar encontrar soluções para os problemas da maioria dos países, como a questão do endividamento e dos juros altos”, afirmou.

Em relação ao aumento de gastos públicos por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, Haddad disse que os governos precisam prestar atenção aos mais pobres em vez de gastarem com armamentos. “O mundo precisa de atitudes mais generosas. É um show de desperdício diante de tanta miséria”, completou.

Rio Grande do Sul enfrentará temporais nesta semana


Logo Agência Brasil

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para temporais no Rio Grande do Sul nos próximos dias.

De acordo com os meteorologistas, uma frente irá estacionar entre esta segunda-feira (18) e terça-feira (19) em parte do estado, influenciando o tempo com a concentração de nuvens carregadas.

Notícias relacionadas:

A previsão é de mais chuva no centro-sul do estado. Volumes de água podem superar os 150 milímetros (mm).

Enquanto isso, o restante do país enfrentará uma onda de calor nesta semana. 

Mais de uma centena de municípios gaúchos estão em processo de reestruturação após os estragos deixados pelas chuvas intensas e enchentes em razão da passagem de um ciclone extratropical.

Segundo o governo estadual, quase 360 mil pessoas foram afetadas pelas inundações. Foram registradas 48 mortes e nove pessoas continuam desaparecidas.

São 20.988 desalojados (que abandonou a habitação temporariamente e se alojou em casa de parentes, amigos) e 1.088 desabrigados (que necessita de abrigo público).

Até o momento, seis trechos de rodovias estão com bloqueios totais ou parciais, por terem sofrido os impactos das chuvas.

 

Processamento de plasma pela rede privada está em pauta no Senado


Logo Agência Brasil

Está em discussão no Senado Federal uma proposta que permite o processamento de plasma humano pela iniciativa privada para desenvolvimento de novas tecnologias e produção de medicamentos. A proposta de emenda à Constituição (PEC) 10/2022 estava na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da última quarta-feira (13), mas foi retirada de pauta a pedido da relatora, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), que solicitou mais tempo para construir uma proposta de consenso com senadores e com o governo. 

A votação da PEC já foi adiada sete vezes na comissão, por ser considerada polêmica. A relatora havia incluído no projeto original a proposta de pagamento ao doador em troca da coleta do plasma, o que gerou reações contrárias de diversos senadores e também de órgãos públicos. Não há uma nova data para a análise da proposta na CCJ. 

Notícias relacionadas:

O plasma é parte líquida do sangue, resultante do processo de fracionamento do sangue total, obtido de doadores voluntários dos serviços de hemoterapia. Ele pode ser usado para a produção de medicamentos hemoderivados, como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação, que são utilizados por pessoas com doenças como a hemofilia.

No relatório, Daniella Ribeiro argumenta que a legislação brasileira está defasada em relação à coleta de plasma. “Precisamos urgentemente coletar plasma, estruturar uma rede apropriada para isso e produzir medicamentos derivados do plasma no país”, diz. A senadora cita um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que aponta o desperdício de quase 600 mil litros de plasma sanguíneo que não foram viabilizados para a produção de hemoderivados.

O autor da proposta, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), diz tratar-se de “um aprimoramento no texto da Constituição Federal, no intuito de possibilitar a atualização da legislação brasileira no que diz respeito à coleta e ao processamento de plasma sanguíneo”.

Para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), a PEC representa um risco à operacionalização da indústria pública, devido à dificuldade de obtenção de plasma para o fracionamento. “Hoje existe um controle muito forte, o Brasil tem condição de fornecer à população plasma de alta qualidade para a indústria, reconhecido internacionalmente. E a Hemobrás tem condições de fracionar todo o plasma brasileiro”, argumenta o presidente da empresa, Antonio Lucena. 

A Hemobrás é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Saúde, que tem como função social garantir aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o fornecimento de medicamentos derivados do sangue ou obtidos por meio de engenharia genética, com produção nacional.

O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União emitiram nota técnica questionando aspectos da PEC. “A solução para os hemoderivados no Brasil não passa por estimular a doação do plasma por meio da remuneração ou oferta de benefícios financeiros de qualquer natureza, sob pena de se desvirtuar o caráter altruísta e solidário desse ato, que, uma vez condicionado à prestação de vantagem econômica, afasta os ideais do pensamento coletivo e do compromisso com a cidadania, imprescindíveis para garantir isenção e segurança”, diz a nota.

Educação infantil recebeu no primeiro semestre R$ 443,09 milhões


Logo Agência Brasil

No primeiro semestre deste ano, o governo federal aplicou R$ 443,09 milhões na educação infantil, usando a verba para construir e manter creches. De janeiro a junho de 2022,  destinou R$ 110,8 milhões para essa finalidade e, em 2020, primeiro ano de vigência do Plano Plurianual (PPA) do governo federal anterior, R$ 39,3 milhões.

O levantamento sobre a execução do orçamento na área foi elaborado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a pedido da Agenda 227, movimento em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, que tem articulação com redes de instituições como a Childhood Brasil, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, o Geledés – Instituto da Mulher Negra e o Instituto Clima e Sociedade (iCS). As comparações foram possíveis a partir da obtenção e disponibilização de dados do SIGA Brasil, sistema que confere transparência a esse tipo de informação.

Notícias relacionadas:

O Inesc lembra, ao divulgar o balanço, que, em 2012, o governo mantinha 30 ações voltadas para a população infanto-juvenil e que, em 2022, as reduziu a uma única, o programa Criança Feliz, que foi lançado em 2016, tendo como foco o atendimento a gestantes e crianças de até 3 anos do CadÚnico e de até 6 anos contempladas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). Ainda segundo o Inesc, o programa enfrenta atualmente escassez de recursos.

Outra política pública mencionada é a Rede Cegonha. A Agenda 227 avalia que, desde 2019, houve “expressiva desidratação” dos recursos reservados a esse programa. A queda na verba autorizada, nesse caso, foi de 38%, passando de R$ 71,2 milhões, no primeiro semestre de 2019, para R$ 44,2 milhões, no primeiro semestre deste ano. Além disso, gastou-se somente uma parcela de 9,7% do total liberado, de janeiro a junho de 2023.

As entidades ressaltam, ainda, a importância de elevar o patamar do montante para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, que tem como público-alvo crianças até 9 anos. Na primeira metade deste ano, os R$ 3,09 milhões gastos serviram para quitar despesas de anos anteriores, de acordo com a análise do Inesc e da Agenda 227.

Imprensa acerta quando não noticia detalhes de ataques em escolas

Veículos de imprensa adotam a postura correta quando evitam dar detalhes sobre ataques armados em escolas. A cautela com a informação é uma forma de evitar um “efeito contágio” que poderia estimular novos casos de violência.

A avaliação é de especialistas e jornalistas que participaram nesta segunda-feira (18) do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, em São Paulo. O evento é organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca).

Uma das participantes das mesas de debate foi a americana Sherry Towers, referência em pesquisas sobre o impacto da cobertura da imprensa nos ataques a escolas nos Estados Unidos. Analisando a recorrência de episódios de ataques em estabelecimentos de ensino, ela chegou à conclusão de que há um efeito contágio, ou seja: pessoas se inspiram em casos noticiados para tomar atitudes semelhantes.  

“De 20% a 30% dos tiroteios em escolas nos Estados Unidos acontecem devido ao contágio. E o período de contágio é aproximadamente duas semanas”, afirma.

A especialista americana ressalta que os relatos de violência em escolas no Brasil são mais recentes que nos Estados Unidos, o que dificulta uma análise mais precisa, mas infere que “a dinâmica dos dados mostra que o contágio, muito provavelmente, tem um papel muito significativo no Brasil”.

Ataques no Brasil

Um levantamento do Instituto Sou da Paz aponta que, desde 2021, o Brasil registrou 24 ataques em escolas, que deixaram 45 mortes. Mais da metade deles nos últimos quatro anos.

Sherry Towers defende que a imprensa tenha cautela com as informações relativas a atos de violência que vitimam estudantes. Ela lembra do episódio que ficou conhecido como Massacre de Columbine, em Denver, nos Estados Unidos, que terminou com 15 mortos. “A mídia forneceu um verdadeiro roteiro. Por exemplo, que roupa eles usaram, que tipo de armas, as estratégias”, critica.  

A pesquisadora faz uma associação desse caso com dois ataques no Brasil: um em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, em 2019, que teve dez mortes ao todo; e outro em Realengo, Rio de Janeiro, em 2011, quando um atirador matou 12 crianças.

“Os atacantes copiaram o perfil dos crimes”, aponta. Segundo a americana, divulgar detalhes sobre como os agressores agem e se vestem “não é pertinente para prevenir outros ataques”.  

Recomendação

A avaliação da especialista vai ao encontro da recomendação da Jeduca para veículos de imprensa. Segundo a associação, para esse tipo de cobertura delicada não é recomendável informar nome dos agressores, detalhes sobre como os ataques e mortes se desencadearam, roupas utilizadas ou ambientes virtuais onde conseguiram informações que ajudaram no crime.

Após casos ocorridos este ano na cidade catarinense de Blumenau e em São Paulo, vários veículos de imprensa adotaram as recomendações. A Empresa Brasil de Comunicação adota esse protocolo em sua cobertura jornalística.  

Outra participante na mesa de debate foi a professora do departamento de psicologia educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha. A mesa foi mediada pela vice-presidente da Jeduca e repórter da Agência Brasil, Mariana Tokarnia.

A especialista da Unicamp faz um mapeamento de casos de ataques a escolas brasileiras. Ela identifica que o perfil dos agressores indica problemas psicológicos, histórico de bullying e associação com ideias de intolerância, como homofobia, racismo e discursos de ódio. Ela classifica esse conjunto como um cenário de adoecimento mental, fomentado também pelas redes sociais.  

A professora defende que a cobertura da imprensa sobre educação não seja apenas sobre dados quantitativos, resultados, e que haja uma preocupação também com o ambiente escolar.

“Qualidade de clima e convivência são funções sociais principais da escola”.  

Sobre veículos de imprensa concordarem em limitar a divulgação de detalhes de ataques a escolas, Telma observa de forma positiva. “Foi algo louvável, não foi por leis”, observa. “Foi um processo de autorregulação da mídia, e não um processo acrítico, foi um processo com discussões, debates, questionamentos”.

Sherry Towers também defende que esse controle da mídia seja por forma de autorregulação, sem imposição do Estado.  

“Esse é um caminho [regulação pelo governo] que causa muito deslize. É complicado falar para a mídia o que ela pode ou não pode dizer. A melhor forma é a própria mídia escolher a sua autorregulação”, diz.

Prática nas redações

Outra mesa de debates do primeiro dia do congresso da Jeduca reuniu apenas jornalistas. Victor Vieira, do Estado de São Paulo, ressaltou que a iniciativa de limitar a divulgação de detalhes de ataques precisou vir acompanhada de esclarecimentos da decisão para evitar interpretações equivocadas por parte dos leitores.  

“Transparência com o público para não parecer que é minimizar o ataque, que é um acobertamento, que é não querer mostrar quem é o responsável pelo crime”, explica.

Laura Mattos, da Folha de S.Paulo, classifica a decisão como sair do “piloto automático” e explica que o jornal analisa caso a caso as discussões.

“Foi interessante ter levado essa discussão para as páginas do jornal para mostrar o que a sociedade estava pensando e o que a gente podia internamente discutir e levar para os leitores”, conta.

Para Maurício Xavier, do O Globo¸ ainda estão em progresso as discussões sobre a forma ideal de cobertura de casos como esses. Por exemplo, a pertinência de fazer reportagens com perfis das vítimas e cobrir velórios. “São episódios muito duros de cobrir”, afirma.

“Eu acho que é uma discussão que ainda vai se ampliar e, talvez, a gente tenha que definir mais parâmetros no futuro”.

Com experiência de ter coberto para o jornal A Tribuna os ataques a escolas em Aracruz, no Espírito Santo, em 2022, a jornalista Lorrany Martins destaca o papel da imprensa como fonte confiável de informação.  

“As pessoas têm curiosidade em saber o que está acontecendo e elas procuram o jornalismo para entender”, aponta. “As pessoas começaram a receber as informações pelo WhatsApp, mas elas não acreditaram, elas queriam uma confirmação do jornal, da TV”, completa.  

“A gente fica numa situação complicada de, pela questão ética, não dar detalhes para não provocar o efeito contágio, mas também não pode só dar uma nota, o fato e pronto”, opina a jornalista.  

Congresso Jeduca

A programação do congresso termina na terça-feira (19). No encontro, são debatidos assuntos como inteligência artificial no jornalismo, novo ensino médio e educação midiática. Na abertura do encontro, nesta segunda-feira, os destaques foram projetos jornalísticos que recontam a história em perspectiva afrocentrada.

Rio permanece com tendência de alta de casos de covid-19


Logo Agência Brasil

O Boletim de Monitoramento de Dados Precoces da Covid-19 da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES), divulgado nesta segunda-feira (18), aponta tendência de alta nos casos positivos da doença, identificados por exames de antígeno e RT-PCR. Segundo a secretaria, apesar do aumento de notificações, a rede assistencial não está sobrecarregada de atendimentos, e sem pressão na capacidade instalada.

A taxa de positividade em ambos os exames (RT-PCR e antígeno) manteve tendência de alta passando de 18% e 36% para 20% e 39%, respectivamente. Na rede privada, houve redução no número de exames realizados para os testes laboratoriais (RT-PCR) e teste rápido (antígeno). Já na rede pública, houve aumento da procura pelo teste rápido (antígeno) nas unidades básicas de saúde, mas não houve aumento do exame RT-PCR.

Notícias relacionadas:

“Essa atualização nos indica que, neste momento, não há uma mudança significativa no cenário epidemiológico. A recomendação da SES-RJ segue a mesma, para que todos atualizem o esquema vacinal com a bivalente, especialmente os idosos e os grupos prioritários”, afirmou, em nota, Claudia Mello, secretária estadual de Saúde.

Segundo a pasta, as UPAs estaduais registraram estabilidade nos atendimentos de adultos, enquanto que houve queda no atendimento de crianças na última semana. A análise leva em consideração as semanas epidemiológicas 36 (de 3 a 9 de setembro) e 37 (de 10 a 16 de setembro).

Subvariante Éris

Até o momento, foram confirmados seis casos da nova subvariante Éris na cidade do Rio de Janeiro. Diante do atual cenário epidemiológico, novos casos sequenciados serão divulgados no Painel de Monitoramento da Covid-19, assim que confirmados por laboratório.

Os casos são investigados pela secretaria de Saúde da capital fluminense. A SES reforça a recomendação para que todos que ainda não tomaram a dose da vacina bivalente procurem os postos de saúde.

Mendonça autoriza ex-assessor de Bolsonaro a não comparecer à CPMI


Logo Agência Brasil

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), desobrigou o segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, ex-assessor de Jair Bolsonaro, de prestar depoimento amanhã (19), às 9h, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os Atos Golpistas.

Crivelatti trabalhou na ajudância de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid, e foi convocado a falar na CPMI.

Notícias relacionadas:

A decisão de André Mendonça foi proferida nesta segunda-feira (18) e motivada por um pedido feito pela defesa para desobrigar Crivelatti de prestar depoimento. Para os advogados, o militar foi convocado pela comissão na condição de testemunha, mas recebeu tratamento de investigado, com a quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico.

Segundo Mendonça, comparecimento ao depoimento deve ser opcional.

“Em situações similares já foram proferidas decisões por ministros desta Corte, reconhecendo àqueles intimados na condição de testemunha as mesmas garantias inerentes àqueles que ostentam verdadeira qualidade de investigado por fatos apurados na CPI ou CPMI”, decidiu o ministro.

Caso decida comparecer ao depoimento, Crivelatti deverá ter direito ao silêncio garantido, de ser assistido pelo advogado e de não sofrer constrangimentos morais e físicos.

Polícia Federal vai investigar irregularidades em acordos da Lava Jato


Logo Agência Brasil

A pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, vai encaminhar à Polícia Federal uma determinação para investigar a origem e o destino do dinheiro oriundo dos acordos de delação e leniência firmados na Operação Lava Jato.

“É um imperativo legal, se eu recebo um documento oriundo do CNJ com a narrativa de crimes, eu sou obrigado a mandar para a polícia judiciária para que ela proceda à investigação”, explicou. Ele disse que recebeu nesta segunda-feira (18) um ofício do Corregedor Nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, sobre os indícios de irregularidades.

Notícias relacionadas:

O Corregedor também sugere a criação de um grupo de trabalhob (GT) com instituições do poder executivo para analisar a situação dos depósitos judiciais. Segundo Dino, será feita uma consulta aos órgãos do poder executivo para verificar a possibilidade de realização do GT.

Na semana passada, o relatório parcial de inspeção realizada pelo CNJ na 13ª Vara Federal em Curitiba apontou que os acordos eram homologados pela vara sem todos os documentos necessários, como a apresentação das circunstâncias da celebração e as discussões ocorridas entre as partes.

Em Recife, festival debate jornalismo de causas


Logo Agência Brasil

O Instituto Fala! promove a partir do próximo dia 21, em Recife (PE), a quarta edição gratuita do Fala! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas, que se estenderá até o dia 23 deste mês, com atividades realizadas no Centro Cultural Cais do Sertão.

As inscrições para participar presencialmente estão abertas no site do Sympla, onde pode ser acessada também toda a programação. As duas primeiras edições, em 2020 e 2021, ocorreram de forma remota na plataforma digital do Sesc São Paulo. A terceira, no ano passado, foi realizada presencialmente em Salvador (BA).

Notícias relacionadas:

O cofundador e coorganizador do Fala! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas, Antonio Junião, disse nesta sexta-feira (15) à Agência Brasil que a expectativa é atingir mil inscritos. Quem não puder acompanhar diretamente as atividades poderá assistir os conteúdos das mesas de debate e rodas de conversa, que serão gravados e disponibilizados posteriormente no canal do You tube do Instituto Fala!. A estimativa é que, um mês após o encerramento do evento, as gravações estejam liberadas, segundo Junião.

Causas sociais

O objetivo desta edição é continuar a discussão iniciada em 2020 sobre trazer à tona o jornalismo que as mídias independentes, como Alma Preta (SP), Marco Zero Conteúdo (PE), 1 Papo Reto (SP) e Ponte Jornalismo (SP) iniciaram, que é o jornalismo ligado a causas, que englobam causas sociais, direitos humanos, equidade de direitos.

“O objetivo desse festival é continuar essa discussão e, também, abordar como as outras formas de expressão podem contribuir para o jornalismo que a gente faz. Como a cultura, a arte, a poesia podem contribuir”, disse Antonio Junião.

No jornalismo que o Instituto Fala! faz hoje em dia há muito dialogo com movimentos sociais. “Porque a gente procura levar o microfone a todos os territórios. A gente fala não só com organizações e instituições, mas fala também com as pessoas que estão na franja da sociedade e que têm contribuições a dar também. Isso inclui os movimentos sociais e culturais que trabalham com comunicação, que estão nos territórios atuando e não têm espaço para mostrar a produção do conhecimento que eles podem trazer”, disse o coorganizador do festival. Daí o Instituto levar uma gama variada de pessoas para dialogar no evento.

Fora do eixo

A escolha da capital pernambucana para sediar a quarta edição do Fala! – Festival, tal como ocorreu no ano passado, com Salvador, teve por objetivo sair do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, onde ocorre a maioria dos encontros de jornalismo. “O Brasil é um país de dimensões continentais e a gente precisa sair desse eixo, até para dar mais espaço para pessoas, culturas, rostos e vozes falarem. Por ser um festival preocupado em dar atenção a outras vozes, a gente resolveu diversificar as regiões. Por isso, a escolha de Salvador, cidade negra, e Recife.“

Mãe Beth de Oxum. Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas. Foto: Divulgação

Mãe Beth de Oxum. Foto: – Divulgação

Antonio Junião informou que embora ainda esteja em processo de discussão, a cidade de Belém (PA) deverá ser escolhida para sediar o próximo festival, em 2024. Alguns coletivos e organizações de Belém vão participar do encontro em Recife. “É uma construção que está bem encaminhada”. A intenção é descer também para outras regiões do país, além do Norte e Nordeste.

Para abrigar mais ações além do festival, foi criado o Instituto Fala! que este ano já lançou editais de jornalismo. Embora esteja baseado em São Paulo, a ideia é que o instituto seja itinerante, informou Junião.

Destaques

A programação inclui oficinas, performances artísticas, rodas de conversas e mesas de debate. Já confirmaram presença a comunicadora popular e patrimônio vivo de Pernambuco Mãe Beth de Oxum, o poeta Akins Kintê, as jornalistas Ana Maria Veloso, Flávia Lima e Karla Mendes, a educadora Ana Flor, a compositora Bell Puã e o cineasta indígena Takumã Kuikuro.

Na foto Karla Mendes. Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas. Foto: Fábio Nascimento/ Divulgação

Karla Mendes Foto: – Fábio Nascimento/ Divulgação

Serão colocadas em discussão as diferentes linguagens do cotidiano, como slam (declamação de versos em espaço público), literatura, teatro, música, artes visuais e cinema, tendo a diversidade de territórios e de saberes como premissa central. Outros temas a serem trabalhados incluem sustentabilidade das organizações, mudanças climáticas, racismo estrutural e ambiental, direito à cidade, genocídio preto, indígena e periférico, e acessibilidade.

Também serão apresentados ao público os trabalhos de reportagem e produção audiovisual dos quatro coletivos de comunicação de Salvador e sua região metropolitana: A Voz do Axé, Entre Becos, Kalifa LXXI e Raízes BA, selecionados por edital anunciado no final da última edição, em 2022, na capital baiana.

Homenagem

Na abertura oficial do festival, no dia 21, a partir das 18h30, será feita homenagem ao poeta e cronista da capital pernambucana Miró da Muribeca, falecido no ano passado.

“Muito popular no Recife, ele trazia uma produção que tinha muito a ver com literatura mas, também, com a crônica do dia a dia da cidade. A gente vai fazer um paralelo entre a produção de Miró e o que a gente constrói dentro desse tema de jornalismo de causas. As proximidades das coisas e como a arte e a cultura podem caminhar juntas do jornalismo”.

No segundo dia (22), os trabalhos começam às 10h. Haverá mesa-redonda sobre Comunicação e ancestralidade: memória e linguagem para a transformação, mediada por Rosenildo Ferreira, jornalista e fundador do portal de notícias 1 Papo Reto.

Os convidados abordarão o papel do jornalismo para conectar o passado ao presente e contarão como memória e subjetividades moldam as narrativas do agora, abordando temporalidades que compõem os textos noticiosos e ficcionais. À tarde, será realizada a oficina Jornalismo e outras formas de contar histórias, apresentando como o jornalismo pode se utilizar da literatura, poesia falada, teatro e do slam para inovar em narrativas.

No sábado (23), último dia do festival, iniciando as atividades, haverá apresentação do artista, bailarino, capoeirista, professor, pesquisador em dança e cultura afro do Recife, Orun Santana. A terceira mesa de debates, intitulada Território como meio e mensagem da comunicação posicionada, abordará os desafios colocados a comunicadores e pesquisadores que produzem conteúdos e narrativas a partir de seus próprios territórios.

À tarde, a oficina Grana e Afeto vai discutir as relações financeiras estabelecidas por indivíduos ou por coletivos, que podem ser determinantes na reprodução de um sistema desigual ou na luta contra esse mesmo sistema. O encerramento do evento está previsto para as 17h30, no Umbuzeiro, com a presença da diretoria do Instituto Fala!.

Em seguida, o local abrigará a última intervenção artística dessa quarta edição do festival, em um encontro entre o Som na Rural – veículo automotivo de comunicação urbana, a musicista Mãe Beth de Oxum e a cantora Rayssa Dias.