Hamas diz que cumprirá acordo e entregará prisioneiros no sábado


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Após ameaçar suspender a entrega de prisioneiros no próximo sábado (15), o grupo palestino Hamas informou, nesta quinta-feira (13), que vai cumprir com o cronograma previsto para entrega dos prisioneiros feitos pelo grupo no ataque à Israel em dia 7 de outubro de 2023.

“O Hamas confirma a continuação da implementação do acordo a partir do que foi assinado, incluindo a troca de prisioneiros de acordo com o cronograma especificado”, informou, por meio de nota.

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No início desta semana, o grupo disse que suspenderia a entrega de reféns devido às violações de Israel do acordo de cessar-fogo. Segundo autoridades de Gaza, 95 palestinos foram assassinados e outros 824 foram feridos pelas forças israelenses desde o dia 19 de janeiro, dia do início do cessar-fogo.

O governo de Israel prometeu retomar a guerra total em caso de suspensão da entrega dos reféns até o meio-dia de sábado, tendo recebido o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Hamas informou que tem negociado com os representantes do Egito e do Catar para discutir a implementação do acordo após as violações de Israel e remover obstáculos para o cumprimento das medidas.  

“Nossa delegação se concentrou durante as reuniões e comunicações na necessidade de aderir à implementação de todos os termos do acordo, especialmente no que diz respeito à garantia de moradia para nosso povo e à urgente entrada de caravanas, tendas, equipamentos pesados, suprimentos médicos, combustível e o fluxo contínuo de socorro e tudo o que está estipulado no acordo”, diz o Hamas no informe.

O grupo sustenta que Israel tem bloqueado a entrega de tendas, materiais médicos, mantimentos e equipamentos de remoção de entulhos, assim como o bloqueio da transferência de feridos, conforme teria sido planejado. “A ocupação israelense está obstruindo deliberadamente a viagem de casos médicos pela passagem de fronteira de Rafah”, denuncia.

* Matéria alterada às 12h40 para corrigir informação. No primeiro parágrafo o correto é “entrega dos prisioneiros feitos pelo grupo no ataque à Israel…” ao invés do informado que a “entrega dos prisioneiros acertada no dia 7 de outubro de 2023”.

No Rio, PF deflagra operação contra crimes eleitorais em Nilópolis


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A Polícia Federal (PF) deflagrou quinta-feira (13) operação para desarticular organização criminosa suspeita de praticar diversos delitos no âmbito das eleições municipais de Nilópolis, na Baixada Fluminense, em 2024, como compra de votos, fraude à cota de gênero, apropriação de recursos destinados ao financiamento eleitoral e lavagem de dinheiro.

A investigação teve início em outubro de 2024, quando 24 pessoas foram presas em flagrante, em Nilópolis, com valores que supostamente seriam destinados à compra de votos. Com o aprofundamento das diligências, a PF identificou um complexo esquema de corrupção eleitoral operado em Nilópolis durante as eleições municipais de 2024, que envolvia o uso de candidaturas laranjas e uma rede de apoio que se estendia a servidores públicos e políticos locais. 

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Na ação, policiais federais cumprem dois mandados de busca e apreensão.

Vendas no comércio fecham 2024 com alta de 4,7%, a maior desde 2012


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As vendas no comércio cresceram 4,7% em 2024 na comparação com o ano anterior. Além de ser o oitavo ano seguido de expansão, é também a maior alta desde 2012, quando aumentou 8,4%.

Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“É um número bastante expressivo”, apontou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

A alta anual se consolidou mesmo com o resultado de dezembro, que ficou 0,1% abaixo de novembro, movimento considerado pelo IBGE como estabilidade, ou seja, não é um recuo expressivo. Em comparação com dezembro de 2023, houve expansão de 2%.

A média móvel trimestral, isto é, o comportamento dos três últimos meses do ano, foi também de estabilidade (0%). O IBGE destacou que o resultado de dezembro coloca o comércio brasileiro 0,3% abaixo do ponto mais alto registrado em outubro de 2024.

“É uma estabilidade na alta”, avalia Santos sobre o comportamento do comércio no fim do ano.

O analista do IBGE explica que entre os fatores que impulsionaram o comércio em 2024 estão a expansão da massa de rendimento dos trabalhadores, o número de pessoas ocupadas e o crédito estável.

A taxa de desemprego de 2024, de 6,6%, foi a menor da série histórica do IBGE

Santos aponta que fatores que impediram um aumento maior das vendas são a inflação e a alta do dólar, que encarecem os produtos, notadamente os de informática e comunicação.

Em 2024, o país fechou com inflação de 4,83%, acima da meta do governo, de 4,5%. Já o dólar subiu 27% no ano passado.

Balanço 2024

Ao longo de 2024, oito das 11 atividades pesquisadas pelo IBGE apresentaram expansão, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, grupo que subiu 14,2%. É a única que, assim como o conjunto do setor de comércio, acumula 8 anos seguidos de alta. Os subsetores de produtos farmacêuticos em si e o de perfumaria e cosméticos também cresceram.

Cristiano Santos destaca ainda que, desde 2004, quando começou a série histórica do setor farmacêutico, só houve queda nas vendas em 2016, ano em que todo comércio brasileiro fechou com taxa negativa.

As demais atividades com alta em 2024 foram veículos e motos, partes e peças (11,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%), material de construção (4,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,6%), móveis e eletrodomésticos (4,2%), tecidos, vestuário e calçados (2,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,7%).  

As três atividades que tiveram diminuição nas vendas foram combustíveis e lubrificantes (1,5%), atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (7,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (7,7%).

O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria já vem acumulando quedas há alguns anos, com uma única alta, em 2022, nos últimos 11 anos. “Isso está relacionado ao crescente processo de digitalização de parte de seus produtos. O que vem sustentando essa atividade é o livro didático”, explica o analista do IBGE.

A pesquisa do IBGE buscou dados de 6.770 empresas formais do setor de comércio, com ao menos 20 pessoas ocupadas, de todos os estados e do Distrito Federal.

Série documental sobre datas nacionais históricas estreia na TV Brasil


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A TV Brasil apresenta a série documental inédita Dias de Luta a partir desta quinta-feira (13), às 23h. Com cinco episódios de 26 minutos, a produção independente se aprofunda na reflexão sobre datas que moldaram a história do país. Da assinatura da Lei Áurea ao Dia do Samba, a obra goiana busca refletir sobre o significado de acontecimentos relevantes para a população negra brasileira.

O novo seriado em cartaz na programação do canal público traça um panorama sobre diversos dias comemorativos. A atração destaca que essas datas existem para que a sociedade possa lembrar. Batalhas, guerras, leis e aniversários são temas geralmente indicados. Dias de Luta aborda o contexto no pós-pandemia de covid-19.

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Para analisar como esses fatos marcaram a vida dos negros no Brasil, a série traz depoimentos de convidados como o cineasta André Novais de Oliveira, a deputada federal Erika Erika Hilton, o babalaô Ivanir dos Santos, a historiadora Keilla Vila Flor, a estilista Naya Violeta, a pesquisadora Nutyelly Cena e o produtor cultural Raphael Gustavo, entre outros.

Idealizada por Gabriel Newton, que assina o roteiro e a direção dos documentários, a série Dias de Luta foi realizada pela produtora Estratos Filmes, de Goiás. O programa foi desenvolvido por meio do edital Prodav TVs Públicas.

Abolição da Escravatura e Consciência Negra pautam primeiro episódio

A edição de estreia do seriado investiga o racismo no Brasil. O primeiro programa apresentado na telinha da emissora pública aborda o 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura, e o 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra.


Brasília (DF) 12/02/2025 - Deputada Erika Hilton na série documental Dias de Luta em cartaz na TV Brasil.
Frame Estratos Filme/Divulgação

Deputada Erika Hilton na série documental Dias de Luta, em cartaz na TV Brasil – Frame Estratos Filme/Divulgação

A proposta é discutir como a percepção distorcida da história pode ser revisitada para promover uma comemoração mais alinhada com os valores da população negra brasileira. As entrevistadas Erika Hilton e Keilla Vila Flor e Nutyelly Cena oferecem perspectivas valiosas sobre o tema.

“Eu adoro simbolismos. Eles trazem aspectos muito importantes. As datas demarcam conquistas, uma história, um acontecimento que não pode ser esquecido e definem rumos para a sociedade”, afirma Erika Hilton. “É fundamental para pautar e frisar essas conquistas, lutas, angústias e anseios”, completa.

Professora de história, Keilla Vila Flor explica como se deu o processo de abolição da escravatura no país. “O 13 de Maio acontece no contexto histórico do máximo da exaustão do sistema escravista no Brasil. O Brasil foi uma das últimas nações a abolir a escravidão”, destaca.

“Todo o contexto está relacionado a essa ideia de que a escravidão precisa chegar ao fim. A lei precisa amparar isso também. O 13 de Maio acontece nesse momento de pressões dos grupos políticos abolicionistas para que ele se concretize”, analisa a historiadora.

A pesquisadora Nutyelly Cena traz um panorama da situação atual. “A população negra foi libertada – entre muitas aspas – no contexto da escravização, mas ela não foi inserida na sociedade. Foi jogada nas periferias, e alguns direitos não foram estabelecidos como deveriam. A partir daí, entram vários outros crimes, como o racismo, que é tão estrutural. Sofremos essa violência histórica”, pondera.

A deputada Erika Erika Hilton corrobora essa visão. “É claro que nossa ancestralidade nos abriu caminhos, mas nós precisamos abrir muito mais para retirar o povo negro dessa desumanização no processo escravocrata com plataformas mais contemporâneas que continua atuando em nossa sociedade”, analisa.

Temas discutidos na série documental

O segundo programa da série Dias de Luta tem como foco 28 de Setembro, o Dia da Lei do Ventre Livre, para debater a representação do corpo da mulher negra na sociedade contemporânea. Erika Hilton, Keilla Vila Flor, Nutyelly Cena, Rosana Silva e Camila Nunes oferecem suas contribuições sobre o assunto. Cada uma delas compartilha experiências e visões como mulheres negras no Brasil atual.


Brasília (DF) 12/02/2025 - Babalaô Ivanir dos Santos na série documental Dias de Luta em cartaz na TV Brasil
Frame Estratos Filme/Divulgação

Babalaô Ivanir dos Santos participa de episódio que aborda o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – Frame Estratos Filme/Divulgação

No terceiro episódio, o 21 de Janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, pauta a produção documental. O novo conteúdo no ar pela TV Brasil questiona como essa intolerância afeta predominantemente as religiões de matriz africana. O babalaô Ivanir dos Santos conduz uma análise a respeito de uma compreensão profunda sobre as especificidades da intolerância religiosa no país.

A quarta edição tem a participação de especialistas como o cineasta André Novais de Oliveira e o produtor cultural Raphael Gustavo. A partir da celebração do Dia do Samba, em 2 de Dezembro, o seriado trata das diversas expressões culturais e artísticas da população negra brasileira que transcendem o convencional, ocupando espaços em que tradicionalmente não se espera a presença negra.

No quinto e último programa, a série Dias de Luta propõe uma reflexão sobre o futuro. O que aguarda a população negra brasileira. Os desafios que essa parcela significativa da população encara entram em pauta. As estratégias de resistência e sobrevivência diante das adversidades contemporâneas são apontadas.

Valorização do conteúdo independente

A série documental Dias de Luta é exibida pela TV Brasil às quintas, às 23h. A produção é um dos conteúdos audiovisuais selecionados pela linha de fomento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), através do Prodav TVs Públicas.

A TV Brasil é um dos canais que mais exibem conteúdo independente nacional. Além de ser uma grande apoiadora da produção de atrações dessa natureza no mercado audiovisual do país, a emissora estimula novos realizadores.

Sobre o Prodav

O Prodav é uma parceria entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para incentivar a produção regional e independente.

A proposta é ofertar esse conteúdo para as emissoras públicas de televisão. A EBC distribui o material ao disponibilizar as obras para todos os canais de televisão do campo público que aderirem ao projeto.

Justiça é negligente em casos de tortura a adolescentes, diz CNJ


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Um adolescente de 15 anos é acusado de roubo, com uso de arma falsa. Ele participa de audiência na Justiça de maneira virtual. E diz à juíza responsável que, no momento da apreensão, um sargento da Polícia Militar (PM) o agrediu com uma garrafada na cabeça e um tapa no rosto.

O adolescente mostra o hematoma e afirma que não entrou em luta corporal com o PM, nem tentou resistir à apreensão. “Ele disse que não gostou da minha cara e começou a me bater.”

Apesar de o adolescente dizer que pode reconhecer o agressor, de as lesões serem visíveis e de existir um laudo do Instituto Médico-Legal (IML), nenhum dos atores do sistema de justiça presentes – juíza, promotor, defensora e assessora da juíza – mobilizou-se para investigar o policial.

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O caso é destacado na pesquisa Caminhos da Tortura na Justiça Juvenil Brasileira: O Papel do Poder Judiciário, feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre setembro de 2023 e setembro de 2024 em seis unidades federativas representativas das cinco regiões do país. Segundo a assessoria de imprensa do CNJ, as unidades federativas não foram identificadas na pesquisa por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A pesquisa busca compreender como ocorre a tortura contra adolescentes acusados de cometer delitos, quem são os responsáveis pelas agressões e como agem os magistrados nesses casos. A pesquisa focou nas audiências de apresentação, que funcionam da mesma maneira como as audiências de custódia para os adultos.

Os pesquisadores observaram 185 audiências de apresentação nas seis unidades federativas. Em apenas 38% das audiências, os magistrados perguntaram aos adolescentes como foram feitas as abordagens e apreensões. E, em 18,9% dos casos, perguntaram diretamente sobre tortura ou maus-tratos. Ou seja, a minoria segue os procedimentos da Resolução 414/2021 do CNJ. Desse total de audiências, foram feitas 23 denúncias de tortura.

“Os adolescentes se sentem à vontade para falar que houve algum tipo de violência policial quando os magistrados (as) dão espaço para o adolescente falar. Espontaneamente, é muito raro o adolescente falar de tortura e/ou maus-tratos (apenas cinco casos em todas as 185 audiências observadas, o que corresponde a 2,7% dos casos)”, diz um trecho da pesquisa.

Segundo a pesquisa, o tema da tortura aparece muito pouco nas audiências de apresentação porque os juízes não perguntam diretamente ao adolescente, não há preocupação em estabelecer escuta ativa e acolhedora, com vocabulário acessível, e porque os jovens têm medo de retaliações e perseguições.

A pesquisa revela que, em 91,3% das denúncias, os autores da violência foram policiais militares e que, em apenas nove das 23 denúncias de tortura, o caso foi encaminhado às autoridades, como o Ministério Público, a Polícia Judiciária e órgãos administrativos de correição.

Pela Lei 9.455/97, que trata da criminalização efetiva da tortura, a pena para esse crime é reclusão de dois a oito anos. A pena pode ser aumentada de um sexto até um terço, se o crime for cometido por agente público e se for contra criança ou adolescente. O crime de tortura é inafiançável, não pode ser alvo de graça ou anistia, e a pena deve ser cumprida em regime fechado.

Torturas e maus-tratos

Os pesquisadores verificaram situações de tortura que deixaram marcas aparentes nos corpos dos adolescentes, além de consequências no estado de saúde mental. Na maioria dos casos, as agressões ocorrem durante abordagem ou apreensão do jovem e no deslocamento até a delegacia.

Os tipos de violência relatadas pelos adolescentes foram socos, chutes, asfixia, tapas, choques, afogamentos e atropelamentos. Foram usados mãos, pés, cassetetes, armas de fogo, alicates, teasers, spray de pimenta, paus e veículos automotores. Alguns disseram ter ficado longos períodos dentro do porta-malas da viatura, mesmo depois de chegar à delegacia, e ter passado mal com o calor e a falta de ar. Além das ameaças diretas de morte, eles denunciaram de ameaças contra familiares, perseguições e flagrantes forjados.

Nas delegacias, foram relatadas condições insalubres das celas, ausência de banheiro, colchão ou cobertas, falta de alimentação e água potável. Também houve longos períodos sem comer, com a proibição de receber alimentos dos familiares. Adolescentes do sexo feminino relataram condições precárias em relação à higiene menstrual e a proibição de usar o banheiro na delegacia, além de revista íntima vexatória.

Mesmo com esses relatos, em apenas uma das 185 audiências, os magistrados analisaram o exame de corpo de delito. De acordo com o estudo, isso ocorre porque o juiz não pergunta sobre o exame, que pode não ter sido realizado ou não chegou a tempo para os autos do processo. E, mesmo com o relato de tortura por parte dos adolescentes, “não há garantia de que o (a) magistrado (a) analisará o laudo, ou mesmo requererá acesso ao laudo”.

Das 23 denúncias de tortura, em apenas oito, o juiz solicitou durante a audiência que o caso fosse registrado em ata de forma explícita. Em dez casos, a denúncia de tortura não foi encaminhada aos órgãos competentes.

Perfil

Em 88,1% das 185 audiências de apresentação pesquisadas, o adolescente era do gênero masculino, em 11,4%, feminino, e 0,5% (um caso) era trans. Quanto à raça ou cor, 51,9% eram pretos, 36,2%, pardos; e 10,3%, brancos. Somando pretos e pardos, são 88,1% adolescentes negros. Em 60% dos casos, os jovens tinham de 15 a 17 anos no momento da audiência.

Em 16,8% das audiências, os acusados estavam desacompanhados de responsáveis. A mãe foi a principal acompanhante (58,9%), seguida do pai (14%). Outros parentes do gênero feminino (avós, tias, irmãs, e curadoras especiais) aparecem na sequência. As acompanhantes do sexo feminino são a maioria: 67,6%. Em 8,6% dos casos, o adolescente tinha mais de um acompanhante.

Sobre a forma de apreensão, em 69,2% das situações, houve flagrante. Em 15,7%, os adolescentes foram liberados na delegacia com data marcada para a audiência e 8,6% foram apreendidos por mandado de busca e apreensão.

As principais acusações foram roubo (35,7%), atos associados à Lei de Drogas (Lei 11.343/2006 (17,3%) e furtos (11,9%). No momento das audiências de apresentação, 38,4% dos adolescentes confessaram o ato infracional, 51,9% negaram e 9,7% ficaram em silêncio.

Audiências de apresentação

Após a apreensão do adolescente, são previstas apenas duas audiências e, em regra, em apenas uma, ele é ouvido: na primeira fase do processo de apuração do ato infracional, quando se apresenta ao juiz. Nesse momento, é decidida a decretação ou manutenção da internação, e o adolescente tem o direito de ser acompanhado dos pais e de um advogado.

As regras referentes à audiência de apresentação são estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O momento é considerado o ideal para verificar legalidade da apreensão e se houve respeito aos direitos fundamentais do adolescente, mas muitos problemas foram verificados pela pesquisa nessa etapa.

O primeiro problema diz respeito à data da audiência, cuja marcação pode variar de 48 horas até 20 dias depois do momento da apreensão. Enquanto, em alguns lugares, o adolescente é apresentado imediatamente ao juiz, em outros, fica vários dias na delegacia antes disso.

Outra questão é o tempo de duração. Em 38% das audiências, a duração foi de menos de 10 minutos; em 33%, de 10 a 20 minutos; em 28%, mais de 20 minutos. Para os pesquisadores, menos de 20 minutos (o que corresponde a 71% dos casos) é um tempo inviável para cumprir a proteção integral do adolescente e do processo.

Também é questionado o formato das audiências: 80% ocorreram de forma virtual. A modalidade é permitida desde 2020, por causa da pandemia da covid-19, mas atualmente não é considerada a ideal pelos pesquisadores. “Percebemos, ao longo das observações, que a audiência virtual prejudica a garantia de defesa do (a) adolescente, principalmente no contato com a defensoria pública e na compreensão da audiência por parte dele (a) e de sua família”, diz o estudo. Problemas de conexão e de perda de privacidade do adolescente também foram observados.

Conclusões

A pesquisa do Conselho Nacional de Justiça conclui que a tortura no sistema de justiça juvenil é rotineira, mas silenciada por falta de apuração e responsabilização dos agressores, o que indica omissão e conivência da Justiça.

“É imperativo que o Estado brasileiro, em especial o Poder Judiciário, abandone a inércia e adote uma postura ativa e incisiva na proteção dos direitos fundamentais de adolescentes a quem se imputa a prática de atos infracionais”, diz trecho do estudo.

“A negligência institucional diante dessa realidade compromete não apenas a integridade física e psicológica dos (as) adolescentes como também a própria missão constitucional de proteção integral que deve guiar a atuação da magistratura brasileira. A Justiça Juvenil precisa ser reformada de maneira que a tortura deixe de ser tolerada e se torne inadmissível em todas as suas formas”, concluem os pesquisadores.

Flamengo derrota Botafogo e assume liderança do Carioca


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O Flamengo derrotou o Botafogo por 1 a 0, na noite desta quarta-feira (12) no estádio do Maracanã, para assumir a liderança da primeira fase do Campeonato Carioca. A Rádio Nacional transmitiu ao vivo o clássico, que foi válido pela 7ª rodada da competição.

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Com o triunfo, o Rubro-Negro da Gávea chegou aos 17 pontos, mesma pontuação do vice-líder Volta Redonda. Já o Alvinegro de General Severiano parou nos 12 pontos, na 12ª colocação.

O único gol da partida foi marcado pelo zagueiro Léo Ortiz aos 9 minutos do segundo tempo. O uruguaio Arrascaeta cobrou falta na direção de Danilo, que desviou para o meio da área, onde Léo Ortiz teve apenas o trabalho de escorar para o fundo do gol.

Na próxima rodada da competição o Flamengo enfrenta o Vasco, a partir das 21h45 (horário de Brasília) do próximo sábado (15), enquanto o Botafogo mede forças com o Boavista a partir das 19h do mesmo dia.

Vitória do Timão

No encontro entre Neymar e Memphis Depay quem saiu feliz foi o holandês, com a vitória de 2 a 1 do Corinthians sobre o Santos em Itaquera. Os artilheiros da noite foram o atacante Yuri Alberto, que marcou em duas oportunidades pelo Timão, e Guilherme, que descontou para o Peixe.

O triunfo levou o Corinthians aos 25 pontos, na liderança do Grupo A do Campeonato Paulista. Já o Santos é apenas o terceiro colocado do Grupo B com nove pontos.

Avião que transportava drogas é abatido pela FAB

Um avião de pequeno porte que transportava drogas foi interceptado e abatido pela Força Aérea Brasileira (FAB), nesta terça-feira (11), ao entrar no espaço aéreo nacional vindo da Venezuela, na Região Norte do país. A ação, realizada em conjunto com a Polícia Federal, seguiu os protocolos das Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo (MPEA), previstas em legislação federal.

Ao ser localizada e interceptada pela FAB, a aeronave suspeita não se identificou pelo rádio, nem modificou a rota para pousar em um aeródromo próximo.

Foram disparados tiros de advertência, também sem sucesso. Com isso, o avião foi classificado como hostil pelo governo brasileiro e foi alvejado com o chamado tiro de detenção, para impedir a continuidade do voo.

“Essa medida é utilizada como último recurso, após a aeronave interceptada descumprir todos os procedimentos estabelecidos e forçar a continuidade do voo ilícito. Com a execução do Tiro de Detenção, o avião interceptado, classificado como hostil, veio a colidir com o solo”, informou a FAB, em nota.

A localização do avião em solo ocorreu nesta quarta-feira (12), por meio de um helicóptero da FAB.

Com participação de agentes da Polícia Federal na ação, foram identificados dois homens sem vida e presença de drogas no interior da aeronave.

Operação evitou “banho de sangue”, diz secretário de Segurança do RJ


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O secretário estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, afirmou na noite desta quarta-feira (12) que a operação realizada ao longo do dia contra traficantes no Complexo de Israel foi organizada de forma emergencial, com base em informações de inteligência. Segundo ele, foi identificada uma movimentação dos criminosos para ocupar a comunidade do Quitungo.

“Nosso objetivo era evitar um banho de sangue na região”, disse.

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Segundo o secretário, a operação policial forçou os criminosos a recuarem. “A movimentação havia sido detectada pelas duas inteligências, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. E logo após as forças de segurança entrarem no Complexo de Israel, só pela resistência que encontraram, ficou confirmado que os dados de inteligência eram verdadeiros”, acrescentou.

O Complexo de Israel designa uma área na zona norte da capital fluminense dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), sob a liderança de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão. O grupo, que mantém presença em bairros situados paralelamente à Avenida Brasil como Parada de Lucas, Vigário Geral e Cidade Alta, tem buscado ampliar seu território de influência através de incursões violentas.

Peixão, que se declara evangélico, tem sido associado também à episódios de intolerância religiosa, envolvendo ordens para fechamento de terreiros e ameaças a lideranças da umbanda e do candomblé.

Apesar de diversas anotações criminais, ele nunca foi preso.

De acordo com Victor dos Santos, a ofensiva do grupo criminoso sobre a comunidade do Quitungo geraria um confronto com o Comando Vermelho, facção rival. A operação resultou em intenso tiroteio em Parada de Lucas. Um helicóptero da Polícia Militar foi atingido por tiros e precisou fazer um pouso forçado

Victor dos Santos explica que não havia uma informação específica sobre Peixão, mas acredita-se que ele e outras lideranças da facção tenham participado da movimentação. No entanto, não foram registradas prisões.

O secretário de Estado da Polícia Civil, Felipe Curi, justificou que o objetivo da operação não era prender criminosos, mas evitar a ocupação de outra comunidade. 

“O objetivo da operação não era esse. O objetivo foi cumprido. Era salvar vidas, era impedir a movimentação desses traficantes, era não deixar eles entrarem na comunidade do Quitungo e oprimissem a população e fazendo as barbaridades que eles fazem. Muitos moradores seriam expulsos das suas casas, muitos provavelmente seriam mortos por qualquer simples suspeita de ligação com o Comando Vermelho. E a gente sabe que muito bem como é o modus operandi desta facção. É matar e sumir com os corpos”, disse.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, tem adotado um tom crítico à política de segurança do estado. No entanto, mais cedo, elogiou a operação e disse que esperava pela prisão de Peixão.

“É delinquente, um marginal, que está aterrorizando uma área da cidade que não é de comunidade. Parada de Lucas é um bairro da cidade. Brás de Pina é um bairro da cidade. Cidade Alta é um conjunto habitacional com infraestrutura, com equipamentos públicos. Não dá para aceitar que uma área dessa seja dominada. Espero que dessa vez tenhamos um ação efetiva”, disse.

Fechamento de ruas

Antes de iniciar a operação, as forças de segurança determinaram o fechamento da Avenida Brasil e Linha Vermelha, as duas principais ligações entre o centro do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense, o que gerou reflexos em diversos pontos da cidade. Mesmo assim, diversas imagens foram compartilhadas nas redes mostrando pessoas que já se encontravam em deslocamento nas duas vias fora de seus veículos e deitadas no asfalto para se proteger dos tiros.

De acordo com o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, os criminosos buscaram desviar o foco da operação promovendo importações em outros locais da cidade. 

Em nota, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) lamentou “mais um caso de caos envolvendo situações de segurança pública e mobilidade urbana”. A entidade afirma que um ônibus foi incendiado, outro foi atingido por um tiro e mais três foram utilizados como barricada. Além disso, aponta que diversas linhas tiveram que alterar o itinerário, afetando os passageiros. “É evidente a necessidade de intervenção das autoridades de segurança pública urgentemente. Só assim, devolveremos o direito de ir e vir da população carioca”, acrescenta o texto.

Ainda não há informações precisas sobre o total de feridos. Um policial civil foi atingido por estilhaços próximo ao olho e será submetido a uma cirurgia. Mais três pessoas foram encaminhadas para unidades hospitalares. “Até agora a gente não sabe se esses casos tem relação com a operação. Mas sabemos que os ferimentos dessas outras três não têm gravidade. As pessoas provavelmente vão receber alta nas próximas horas”, afirmou Victor dos Santos.

Gilmar Mendes suspende investigação contra ex-governador de Goiás


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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta quarta-feira (12) o inquérito que investiga o ex-governador de Goiás Marconi Perillo. De acordo com informações divulgadas pelo STF, a decisão foi motivada por um habeas corpus protocolado pela defesa.

Perillo é investigado pela Polícia Federal (PF) por supostas irregularidades na área da saúde durante sua gestão no Executivo do estado, entre 2012 e 2018. O caso tramita na 11ª Vara Criminal Federal de Goiás.

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Na decisão, Gilmar Mendes afirmou que a Corte já tem maioria para formar novo entendimento sobre o alcance do foro privilegiado. Dessa forma, mesmo após o fim do mandato do gestor público, o político deve continuar respondendo às acusações no mesmo tribunal. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é responsável pelo julgamento de governadores.

Com base nesse entendimento, o ministro entendeu que a investigação deve ser suspensa para evitar constrangimento ilegal e a apresentação de denúncia em um juízo que não tem competência para analisar a questão.

A decisão do ministro será julgada no plenário virtual da Corte entre os dias 21 e 28 deste mês.

Foro

Em setembro do ano passado, o plenário do STF formou placar de 6 votos a 2 para firmar novo entendimento sobre o foro privilegiado. Contudo, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Pelo entendimento, o foro privilegiado de um parlamentar federal (deputado ou senador) fica mantido no STF se o crime tiver sido cometido durante o exercício da função de parlamentar. Essa é a regra válida atualmente. Contudo, no caso de renúncia, não reeleição ou cassação, o processo também será mantido na Corte.  

Delegação da OEA vai ao TSE para discutir liberdade de expressão


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A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, recebeu nesta quarta-feira (12) a visita de uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para tratar da liberdade de expressão no Brasil

A delegação faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA) e está no país, a convite do governo brasileiro, para fazer um diagnóstico local da questão.

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Durante a audiência, Cármen Lúcia explicou ao relator especial para a Liberdade de Expressão da CIDH, Pedro Vaca Villareal, o funcionamento do sistema eletrônico de votação brasileiro e dos mecanismos de segurança da urna eletrônica, a atuação do TSE no combate à desinformação no processo eleitoral, além de ressaltar que o código-fonte da urna é disponibilizado para especialistas e partidos políticos um ano antes das eleições.

Na segunda-feira (10), a delegação também esteve com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos que tratam dos atos golpistas de 8 de janeiro e os que suspenderam as operações da rede social X no ano passado.

A delegação da CDIH também vai se reunir com representantes do Executivo, Legislativo, Ministério Público, parlamentares de oposição, organizações que atuam com direitos humanos e as plataformas digitais para obter conclusões definitivas sobre a situação da liberdade de expressão no país. Após passar por Brasília, o grupo irá para São Paulo e Rio de Janeiro.