Receita paga lote da malha fina do Imposto de Renda nesta segunda


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Cerca de 120 mil contribuintes que caíram na malha fina e regularizaram as pendências com o Fisco acertarão as contas com o Leão nesta segunda-feira (31). 

A Receita Federal pagará o lote da malha fina de março. O pagamento também contempla restituições residuais de anos anteriores.

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Ao todo, 120.039 contribuintes receberão R$ 253,88 milhões. Desse total, R$ 168,86 milhões irão para contribuintes com prioridade no reembolso.

Em relação à lista de prioridades, a maior parte, 75.790 contribuintes, informou a chave Pix do tipo Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) na declaração do Imposto de Renda ou usou a declaração pré-preenchida. Desde 2023, a informação da chave Pix dá prioridade no recebimento.

Em segundo, há 16.215 contribuintes entre 60 e 79 anos. Em terceiro, vêm 4.013 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério. O restante dos contribuintes prioritários são 3.163 contribuintes idosos acima de 80 anos e 2.405 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave.

A lista é concluída com 18.453 contribuintes que não informaram a chave Pix e não se encaixam em nenhuma das categorias de prioridades legais.

Aberta desde o último dia 24, a consulta pode ser feita na página da Receita Federal na internet. Basta o contribuinte clicar na aba Meu Imposto de Renda e, em seguida, em Consultar a Restituição. Também é possível fazer a consulta no aplicativo da Receita Federal para tablets e smartphones.

O pagamento será feito na conta ou na chave Pix do tipo CPF informada na declaração do Imposto de Renda. Caso o contribuinte não esteja na lista, deverá entrar no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) e tirar o extrato da declaração. Se verificar uma pendência, pode enviar uma declaração retificadora e esperar os próximos lotes da malha fina.

Se, por algum motivo, a restituição não for depositada na conta informada na declaração, como no caso de conta desativada, os valores ficarão disponíveis para resgate por até um ano no Banco do Brasil. 

Nesse caso, o cidadão poderá agendar o crédito em qualquer conta bancária em seu nome, por meio do Portal BB ou ligando para a Central de Relacionamento do banco, nos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição depois de um ano, deverá requerer o valor no Portal e-CAC. Ao entrar na página, o cidadão deve acessar o menu Declarações e Demonstrativos, clicar em Meu Imposto de Renda e, em seguida, no campo Solicitar Restituição Não Resgatada na Rede Bancária.

 

Cidades brasileiras têm atos contra anistia a golpistas neste domingo


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Manifestantes se reuniram em várias cidades brasileiras, neste domingo (30), em atos contra a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 8 de janeiro. A maior concentração foi em São Paulo, onde os participantes pediram punição aos participantes da depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes em janeiro de 2023 e ao núcleo político da tentativa golpista, a começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

As manifestações foram convocadas por entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Geral dos Trabalhadores (UGT), e coletivos como a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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Em São Paulo, a manifestação começou na Avenida Paulista e seguiu pela Vila Mariana até o prédio do antigo Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), onde eram presos e torturados os adversários da ditadura cívico-militar instaurada em 1964.

 


São Paulo (SP), 30/03/2025 - Movimentos sociais e sindicais realizam ato contra a anistia.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Movimentos sociais e sindicais realizam ato contra a anistia – Paulo Pinto/Agência Brasil

O sentido simbólico das manifestações foi o de ressaltar a importância da defesa da democracia e lembrar como a última ditadura impedia as vozes e os atos. Para uma das participantes do ano, Lenir Correia, a anistia dos atos de 8 de janeiro viria como uma carta branca para futuras tentativas de golpe: “É contra a injustiça que estamos aqui. Ele [Bolsonaro] foi uma pessoa que agiu contra o Brasil.”

“Quebraram todo o Congresso, picharam, fizeram o que fizeram. Trata-se de defender tudo que é público, que é nosso”, completou Lenir. Para ela, este tipo de protesto é importante para aumentar o número de pessoas contra a anistia e contra atos deste tipo.

Para o manifestante Sada Shimabuko, discutir anistia agora equivale a se colocar contrário à democracia. Para Rosemeire Amadeu, que também acompanhava a manifestação, com uma anistia é questão de tempo para que surjam novas tentativas de golpe.

Também participante do ato, Emmanuel Nunes disse que é importante dar apoio para que os réus sejam julgados nas vias normais, segundo o processo legal. “Para que não haja um conflito de poderes, pois se o Legislativo vota a anistia geraria uma crise entre poderes muito grande. Então a gente tem que garantir que haja o julgamento, e é importante o recado das ruas”, concluiu.

 


São Paulo (SP), 30/03/2025 - Movimentos sociais e sindicais realizam ato contra a anistia.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Movimentos sociais e sindicais realizam ato contra a anistia – Paulo Pinto/Agência Brasil

Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o domingo foi de planfletagem e de mobilização para o ato unificado contra a anistia que ocorrerá na terça-feira (1º). Quem passou por pontos da cidade, como a Feira da Glória, na zona central da cidade, pelo Museu da República, pelo Aterro do Flamengo e Praia de Copacabana, na zona sul, por pontos do Grajaú, na zona norte da cidade, encontrou grupos com cartazes, adesivo e panfletos.

“É uma questão que envolve pessoas de direita, pessoas de centro, pessoas de esquerda, pessoas que defendem a democracia. Essa é uma pauta até suprapartidária”, defendeu Sérgio Santana, que faz parte da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e da organização Advogadas e Advogados Públicos para a Democracia e estava na manhã deste domingo participando da ação em frente ao Museu da República, no bairro do Catete.

O grupo conversava com as pessoas e entregava materiais explicativos, que defendem que os atos orquestrados e até mesmo os planos para envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são criminosos e que aqueles que participaram de alguma forma devem ser punidos.

“Nós estamos aqui contra o golpe. Nós não queremos nem ditadura, nem tortura nunca mais. Esse é o nosso lema”, diz Regina Toscano, que também participou da ação e faz parte do Núcleo Resistência do PT.

Na terça-feira, ocorrerá o ato unificado no Rio de Janeiro. Os manifestantes caminharão do edifício que abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) até a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

A manifestação lembra também o aniversário do golpe de 1964 (31 de março), com o início da ditadura, e a busca ainda hoje pela preservação da memória, por verdade e por justiça. Segundo Sérgio Santana, o golpe de 1964 e os atos golpistas estão relacionados na medida em que atentam contra o Estado Democrático de Direito.

Vários outros atos foram registrados pelo país, porém com menor participação do que em São Paulo. Em Brasília, a manifestação aconteceu no Eixão Norte, altura das quadras blocos 106 e 107. Belo Horizonte, Fortaleza, São Luís, Belém, Recife e Curitiba foram outras capitais com mobilizações previstas para este domingo.

BNDES e Cepal abrem inscrições para primeira turma de capacitação


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A Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares abre, nesta segunda-feira (31), as inscrições para a primeira turma de capacitação em desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil e dos países da América Latina.

A escola foi criada em 2024 como fruto de cooperação técnica entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

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Ao todo, serão ofertadas 60 vagas, sendo 30 para brasileiros e 30 para latino-americanos. As inscrições devem ser feitas no site da escola até o dia 25 de abril.

Podem participar servidores ou ex-servidores de bancos públicos de desenvolvimento do Brasil e da América Latina ou de órgãos públicos afins como ministérios, secretarias, agências reguladoras, agências de fomento, dentre outros, que desenvolvam, preferencialmente, atividades de financiamento ao desenvolvimento.

Para participar é preciso ter graduação superior em qualquer área do conhecimento, além de fluência em português ou espanhol. É recomendado ainda ter nível intermediário de compreensão e leitura em inglês.

A seleção dos candidatos buscará garantir a diversidade de gênero e étnico-racial e, no caso dos não brasileiros, a diversidade de países de origem.

Primeira turma

A capacitação será realizada ao longo de 2025, em três etapas. A primeira, em junho, terá cinco dias de atividades exclusivamente presenciais na sede do BNDES, no Rio. A segunda será online e vai durar 11 semanas, de junho a agosto, com aulas ao vivo de três horas de duração. A última etapa vai ocorrer em setembro, com dois dias de atividades exclusivamente presenciais na sede da Cepal, em Santiago, no Chile. Os candidatos selecionados deverão dedicar cerca de três horas semanais para estudo individual.

Não serão cobradas taxas de inscrição nem de participação, mas os custos de deslocamento e hospedagem para as etapas presenciais serão de responsabilidade dos participantes ou de sua instituição ou órgãos de lotação.

O curso tem como objetivo, de acordo com o BNDES, promover formação para as especificidades socioculturais e econômicas dos países latino-americanos, além de orientar a execução de políticas públicas e formas sustentáveis de financiamento e formar líderes para atuar no desenvolvimento econômico, social e ambiental da região.

Maria da Conceição Tavares

O nome da escola é uma homenagem à renomada economista Maria da Conceição Tavares. A professora dedicou a carreira à pesquisa dos temas ligados ao capitalismo tardio e ao subdesenvolvimento socioeconômico no Brasil e nos demais países da América Latina.la tornou-se referência na defesa de uma sociedade mais justa e solidária e formou diversas gerações de economistas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade de Campinas (Unicamp), incluindo nomes como a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-senador José Serra, entre muitos outros.

Caminhada na Avenida Paulista busca conscientização sobre epilepsia


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Neste domingo (30), a Avenida Paulista recebeu a Caminhada pela Epilepsia. O evento fecha o Março Roxo, dedicado ao apoio à conscientização sobre a epilepsia. Na última quarta-feira (26), foi o Dia Internacional da Conscientização sobre a Epilepsia, o chamado Purple Day.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que haja de 2 milhões a 3 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença. No mundo, são 50 milhões de pessoas.

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O Ministério da Saúde aponta que a epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. É classificada como um distúrbio neurológico caracterizado por crises recorrentes, originadas por descargas elétricas anormais no cérebro.

Em casos de crises, o Ministério da Saúde recomenda evitar que a pessoa caia bruscamente ao chão, tentar colocá-la de costas, em lugar confortável e seguro, com a cabeça protegida. Também indica que não se deve segurar a pessoa impedindo seus movimentos. Outra orientação é retirar de perto objetos que possam feri-la e afrouxar sua roupas, entre outras medidas que podem ser consultadas aqui.

No Sistema Único de Saúde (SUS), há tratamento integral e gratuito para casos de epilepsia, que incluem desde o diagnóstico até o acompanhamento e medicação. Preferencialmente, o tratamento na rede pública começa com a atenção primária, em uma unidade básica de saúde (UBS). Caso seja necessário, o médico pode fazer o encaminhamento para atendimento especializado de média e alta complexidades.

Para Eraldo Olímpio, que tem um filho com epilepsia, a marcha é importante, pois serve como alerta para que não faltem medicamentos para os tratamentos na rede pública de saúde. Olímpio contou que o foi pego de surpresa quando o filho teve o diagnóstico, mas que ele não tem crises há uns dois anos. “Mas é preciso estar numa vigilância constante’, completou.

Na mesma linha de Eraldo, Menandra Santana Véter, também mãe de um menino com epilepsia, comentou sobre a importância dos medicamentos no SUS: “O remédio tem na UBS, mas às vezes falta. Daí é preciso ir de UBS em UBS até achar. Quem sai caçando o remédio é a avó dele. Aí tem hora que ela consegue ir perto de casa e tem hora que é preciso procurar em dois, três bairros para conseguir pegar.”

 


São Paulo (SP) 30/03/2025 - Caminhada sobre a conscientização. 
Foto: Guilherme Jeronymo/Agência Brasil

Caminhada pela Epilepsia, na Avenida Paulista – Guilherme Jeronymo/Agência Brasil

Uma das organizadoras do evento, Nívia Collin defendeu também mais conquistas para os cuidadores. “Dependendo do tipo de epilepsia,  precisa de cuidado em tempo integral, então precisamos lutar não só pelas pessoas que têm a doença e suas famílias, mas também para os cuidadores.”

Nívia também defendeu que haja equipamentos de qualidade para o tratamento em todo o país, e não apenas nos grandes centros como São Paulo. “Seria interessante ter, em cada cidade, um centro de epilepsia, com equipamentos e profissionais habilitados”, comentou.

Ela ainda disse que é preciso de mais divulgação sobre a doença porque o desconhecimento por parte da população é muito grande. ”Seria interessante que se falasse mais da doença nas mídias, que tivesse divulgação em novela, em cinema, enfim, para que as pessoas soubessem como é a epilepsia e como reagir em algum caso de crise”, completou.

O Purple Day é um movimento de caráter global que pretende expandir o entendimento sobre a epilepsia, além de combater preconceitos e estigmas com a doença. A caminhada é realizada pela Associação Brasileira de Pacientes com Epilepsia (ABE).

Teto para reajuste de medicamentos será divulgado nesta segunda


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A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) divulga, nesta segunda-feira (31), a lista com o novo teto de preços dos remédios vendidos em farmácias e drogarias. A Lei nº 10.742, de 2003, que trata da regulação do setor farmacêutico, prevê o reajuste anual dos medicamentos.

Isso não significa, entretanto, que haverá aumento automático dos preços praticados, mas uma definição de teto permitido de reajuste. Cabe aos fornecedores – farmacêuticas, distribuidores e lojistas – fixarem o preço de cada produto colocado à venda, respeitados o teto legal estabelecido e suas estratégias diante da concorrência.

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Para definição dos novos valores, o conselho de ministros da CMED leva em consideração fatores como a inflação dos últimos 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a produtividade das indústrias de medicamentos e custos não captados pela inflação, como o câmbio e tarifa de energia elétrica e a concorrência de mercado.

Em 2024, por exemplo, o reajuste anual do preço de medicamentos foi de 4,5%, equivalente ao índice de inflação do período anterior. A lista com os preços máximos que podem ser cobrados pelos produtos fica disponível no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com a Anvisa, a lei prevê um reajuste anual do teto de preços com o objetivo de proteger os consumidores de aumentos abusivos, garantir o acesso aos medicamentos e preservar o poder aquisitivo da população. Ao mesmo tempo, o cálculo estabelecido na lei busca compensar eventuais perdas do setor farmacêutico devido à inflação e aos impactos nos custos de produção, possibilitando a continuidade no fornecimento de medicamentos.

Caso o consumidor encontre irregularidades, é possível acionar os órgãos de defesa do consumidor, como os Procons e a plataforma consumidor.gov.br. Também é possível encaminhar denúncia diretamente à CMED, por meio de formulário disponível na página da Anvisa.

A CMED é composta pelos ministérios da Saúde, Casa Civil, da Justiça e Segurança Pública, da Fazenda, e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária exerce a função de secretaria executiva, fornecendo o suporte técnico às decisões.

Endometriose: conheça os sintomas e saiba como tratar a doença


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O mês de março marca a campanha de conscientização sobre a endometriose, doença silenciosa e dolorosa que pode provocar sérias dificuldades na vida da mulher se não for diagnosticada e tratada. A doença é caracterizada por uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. Um dos sintomas é a cólica intensa durante a menstruação, que pode ser constante e progressiva.

De acordo com o Ministério da Saúde, a estimativa é de que uma a cada dez mulheres sofra com os sintomas da doença e desconheça a sua existência. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), e 8 mil internações registradas na rede pública de saúde. O exame ginecológico é o primeiro passo para a identificação da doença, em especial o exame de toque, fundamental no diagnóstico em casos de endometriose profunda. Exames laboratoriais também podem complementar a confirmação do caso clínico.

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As unidades básicas de saúde (UBS) ofertam o atendimento e exames de diagnóstico, para evitar o agravamento da doença e, caso haja a necessidade de cirurgia, a paciente é encaminhada para um hospital. Os tratamentos para a endometriose variam caso a caso, de acordo com a idade da paciente.

O cirurgião ginecologista Roberto Carvalhosa, que atua na rede pública de saúde do município do Rio de Janeiro, no Hospital da Piedade, fala sobre os primeiros sintomas da doença. “Normalmente essas pacientes vão apresentar cólicas menstruais que se iniciam de uma forma mais branda até que vão se tornando severas. Muitas vezes elas começam logo na primeira menstruação, sendo que 90% dessas cólicas correspondem ao primeiro e principal sintoma, a chamada dismenorreia. A mulher pode apresentar, com a evolução da doença, dor pélvica crônica durante a relação sexual, e uma das características mais importantes é quando a mulher quer e não consegue engravidar, que é a infertilidade, vinculada à evolução da doença.”

Com 44 anos de profissão, Carvalhosa diz que, muitas vezes, a mulher procura os centros de saúde quando já está com dor. “Muitas das vezes, a paciente apresenta algum sintoma, às vezes por dificuldade numa relação sexual, e o que a gente vê muito em endometriose é que ela tem um tempo muito longo do diagnóstico, desde o primeiro sintoma. Às vezes essa paciente apresentou o primeiro sintoma logo nas primeiras menstruações e essa dor não foi valorizada. Em casa, ela escuta, quando você casar e tiver relação, isso vai passar. Aí quando passa aquele período mais longo, a doença continua evoluindo, com dor no período menstrual e, quando deseja engravidar, vai ver que já está com um quadro evolutivo muito severo, por vezes, comprometendo a sua fertilidade”, explicou o cirurgião ginecologista.

A estudante universitária Mônica Vieira, 25 anos, convive com a endometriose desde os 14 anos, logo após a puberdade. Entre os sintomas mais frequentes da doença, ela cita “cólicas menstruais intensas e dor durante a relação sexual”.

“A causa da endometriose não é bem conhecida pela literatura atual, existem várias hipóteses e linhas de estudo. A que eu sigo considera importante pensar na mudança do estilo de vida, na alimentação, prática de exercícios pélvicos que estimulem a diminuição dos sintomas. A endometriose é comum entre as mulheres, em parte porque temos uma cultura social de menosprezar a dor, adiar, dizer que é comum sentir esse desconforto todo mês durante toda a vida, mas não deve ser assim e esse pensamento atrasa o diagnóstico”, disse Mônica.

A estudante também falou sobre os cuidados que toma para levar uma vida normal. “O que eu faço é por meio da ginecologia natural, remédios manipulados com substâncias anti-inflamatórias naturais como a cúrcuma, também conhecida como açafrão-da-terra”, contou. “Eu também não uso hormônios e mudei meus hábitos de vida, porque entendo a saúde de forma integrada. Mas é fundamental dizer que esse tratamento não é igual para todas as mulheres. A endometriose tem graus variáveis de dor e localização, nem todas apresentam os mesmos sintomas, cada caso é único, devendo observar a história de cada paciente individualmente.” 

Segundo o cirurgião Roberto Carvalhosa, o tempo médio de diagnóstico da endometriose é de sete a nove anos. “O diagnóstico da doença é basicamente clínico. A entrevista médica é conhecida como anamnese. Se a gente faz uma anamnese rigorosa, a gente pode chegar a uma suspeita quase correta da doença, em torno de 78% a 80%. Se você complementar a sua anamnese precisa, com um exame clínico rigoroso, você pode chegar praticamente de 95% a 98% de suspeita correta do diagnóstico. Então, a gente pode afirmar que o diagnóstico da endometriose é feito na clínica, com anamnese e exame físico. Hoje em dia, o que a gente vê são os profissionais tendo uma tendência maior aos chamados exames complementares, que são ressonância, ultrassonografia, tomografia, em vez de fazer inicialmente um exame clínico adequado. Muitas vezes, o profissional não usa os critérios necessários ao exame clínico”, avaliou o especialista.

O médico disse que as mulheres chegam ao hospital, muitas vezes, com sintomas avançados da endometriose. “Uma paciente chega ao serviço médico e fala: ‘olha toda vez que eu fico menstruada eu tenho a sensação de que estou com uma alteração na minha urina ou tenho diarreia.’ Esse é um sinal muito importante para o médico suspeitar de endometriose. Porque se ela tem uma dor na menstruação crônica, sensação de inflamação na bexiga ou então diarreia ou tendo uma constipação no período menstrual, provavelmente essa endometriose já evoluiu a ponto de comprometer a bexiga e comprometer o reto.”

O cirurgião disse que às vezes essa queixa não é valorizada “porque a coisa é feita no sentido muito rápido”. “Isso é o que eu observo. Não só no serviço público. Hoje na conduta profissional o que tem mais é exame complementar do que exame clínico”, acrescentou.

Carvalhosa ressaltou que a doença não afeta apenas a saúde física da mulher. “É um sofrimento psicológico, ela perde a capacidade de trabalho, perde a capacidade de ter um filho que ela tanto desejou. É uma doença muito grave, apesar de ser benigna. E é na minha opinião, a cirurgia mais complexa que eu faço, de todas as cirurgias que eu realizo.”

Escola do Teatro Bolshoi no Brasil completa 25 anos


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Bruno Miranda era criança no ano 2000, quando o balé entrou em sua vida. Ele foi atraído pela dança quando fazia parte do Projeto Dançando na Escola, em uma unidade da rede pública de Santa Catarina. Na época, sua professora também trabalhava na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, que dava seus primeiros passos no país, e foi assim que ele conheceu a possibilidade de dançar balé. No ano seguinte, com o incentivo da família, Bruno entrou para o Bolshoi. Nesses 25 anos, os dois se tornaram referências na dança dentro e fora do Brasil.

Única filial no Brasil do famoso Teatro Bolshoi da Rússia, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (ETBB) funciona desde 15 de março de 2000, na cidade catarinense de Joinville, em Santa Catarina. Com 25 anos de atuação, a instituição de direito privado, sem fins lucrativos, tem apoio da Prefeitura Municipal de Joinville, do Governo do Estado de Santa Catarina e dos ‘Amigos do Bolshoi’, empresas e pessoas físicas socialmente responsáveis que contribuem com o projeto por meio de serviços prestados e patrocínios não incentivados ou incentivados por leis de incentivo à cultura municipal, estadual e federal.

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Nessas mais de duas décadas, a escola coleciona histórias como a de Bruno, por meio da oferta bolsas de estudo e benefícios para todos os alunos e seleções rigorosas, dando oportunidades a talentos de diferentes classes sociais.

‘Tudo que conquistei foi pela dança’

a lista dos aprovados para o Bolshoi era publicada em um jornal. “Minha mãe comprou o jornal e fiquei super feliz de ver meu nome lá. Fiz oito anos de curso na escola, depois, passei quase três anos na Cia Jovem [da ETBB]. Ao todo, foram 11 anos, e peguei bem o início do Bolshoi. Sou da segunda turma de formandos”, orgulhou-se em entrevista à Agência Brasil, direto da África do Sul.

“Parece clichê falar isso, mas o Bolshoi representa a minha vida. Eu não estaria onde estou hoje, morando na África do Sul, em Johanesburgo, trabalhando com balé e com dança, se não fosse o Bolshoi. A minha família sempre foi muito humilde. A gente nunca teve dinheiro para bancar estudos. Tudo que conquistei hoje foi por meio da dança, e poder dar um suporte para a minha família também”, afirmou.

A mãe deu apoio a Bruno, mas não pôde ir com ele na audição de seleção, porque tinha que cuidar dos outros três filhos menores. Foi uma tia, que pegou dinheiro emprestado para pagar as passagens de ônibus, que levou o sobrinho.

De lá para cá, a caminhada foi longa. Em 2009, logo após sua formação, ele conquistou seu primeiro contrato profissional e ingressou na Cia Jovem ETBB. Além da experiência como bailarino, participou de concursos e atuou como jurado em festivais.

Em 2011, Bruno se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar com a coreógrafa Deborah Colker e sua companhia, com quem viajou para diversas cidades dentro e fora do Brasil. Em 2013, o destino foi Belo Horizonte. Lá, trabalhou na Cia Sesc de Dança. Durante quatro anos, teve contato com coreógrafos nacionais e internacionais e ampliou sua experiência em diversas técnicas clássicas e contemporâneas.

Hoje, além de bailarino, é professor e coreógrafo. Desde agosto de 2017, integra o Joburg Ballet, em Joanesburgo, África do Sul, onde apresentou papéis principais e solos em balés de repertório e contemporâneos. Também naquele país, Bruno produziu duas temporadas para a companhia como produtor e coreógrafo.

“O que eu gosto na escola e sempre falo é que o Bolshoi não é só balé, tem outras modalidades de dança, contemporânea, popular. Eu também aprendi muito sobre música, sobre teatro. O inglês eu também aprendi dentro da escola. Aprendi a tocar instrumentos musicais e sobre saúde, tanto que escolhi a gastronomia como curso de graduação e, agora, estou terminando a graduação em nutrição, porque a nutrição e a dança têm tudo a ver. A gente precisa cuidar do corpo como bailarino”, descreveu.

Os planos futuros têm a ver com o desenvolvimento dos estudos de nutrição. “Quero me formar em nutrição e fazer pós-graduação em fisiologia e biomecânica do exercício, por que eu quero dar suporte aos bailarinos. Temos fisioterapia, pilates, mas acho que falta algo direcionado para o balé, para a dança”, ensinou.

Com formação em curso em outra área, o bailarino disse que não há chance de ele se desconectar da dança e do Bolshoi, que ainda o influenciam.

“Até hoje, tenho uma troca, uma ligação muito grande. Fui de férias, agora em dezembro e janeiro, e passei lá na escola. Fiz aulas, vi meus antigos professores. Foi muito legal saber também que os bailarinos e alunos, que estão lá, sabem quem sou eu. A minha ligação com o Bolshoi é tão forte que até hoje as pessoas sabem quem sou eu. Eu me formei em 2008, mas até hoje as pessoas comentam sobre mim, sobre minha carreira, ou me acompanham nas redes sociais. Isso para mim é o mais importante, porque isso vai me levar para o que eu quero no futuro”, apontou.

Se depender de Bruno, a vida vai seguir com a dança por mais alguns anos, mas, se precisar parar de dançar por qualquer motivo, quer continuar trabalhando com a nova geração. “Aqui, na África do Sul, além de ser bailarino, sou coreógrafo, fiz algumas produções para a companhia e também dou aula para a escola daqui”.

25 anos de Bolshoi

A história de Maikon Golini é parecida. Hoje, o ex-aluno da Escola Bolshoi no Brasil é professor e assessor artístico da direção da escola, cargo que ocupa há 15 anos. Somados aos 10 anos de formação, ele está desde o início do Bolshoi no Brasil. Maikon lembra com satisfação de quando entrou, aos 7 anos, na primeira turma da escola.

“Sempre fui um menino que gostava de dançar, desde pequenininho. Gostava de música, de estar me mexendo, mas não tinha entendimento que a dança podia ser uma profissão. Isso só apareceu para mim quando comecei a estudar no Bolshoi. Quando comecei a entender que poderia ser um bailarino profissional, a minha cabeça se voltou para isso e se tornou uma meta”, revelou.

“A gente brinca que eu e a minha geração fomos os pioneiros. Eu fiz o teste em 1999 e comecei a estudar no ano de 2000. A gente não sabia o que era o Bolshoi. Com 25 anos, a gente vê o impacto que esta instituição causou e como vem gerando frutos positivos”.

Para virar um aluno do Bolshoi, é necessário passar por uma peneira bem concorrida, a seleção nacional para ganhar a vaga e uma bolsa de estudos, que custeia toda a estrutura do aluno na escola até se formar.

“A gente vive em um país que não reconhece muito a dança como realmente uma profissão. O Bolshoi instrumentaliza isso, tem duração de oito anos, e o aluno vai aprender todas as vertentes necessárias para se tornar um profissional do mais alto nível. Hoje, a gente tem um índice de empregabilidade de 74%, com quase 500 bailarinos formados. A escola tem um nível para o mercado profissional da dança muito expressivo. Para criança e o jovem que sonham em ganhar a sua vida, em fazer a sua carreira na dança, a Escola Bolshoi é uma grande referência”, pontuou.

Além de cidades de Santa Catarina, a instituição recebe alunos dos mais variados estados brasileiros, entre eles Paraná, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e inclusive de outros países da América Latina e até da Rússia. De acordo com Maikon, depois de 25 anos de história, a escola é muito eclética e atende talentos do Brasil e de outros países. O bailarino conta que a proposta é que a escola cresça cada vez mais, abraçando esses diferentes talentos.

“O espaço artístico, mesmo sendo uma escola de formação em arte, é o espaço perfeito para integrar essas diferentes culturas, essas diferentes visões. É um espaço de muita troca. As crianças aprendem muito umas com as outras, questões de valores e de convivência”, analisou, lembrando que há alunos que tem origem em comunidades e realidades completamente distintas daquele universo da dança.

“A gente tem muitas crianças que saem de comunidades e de lugares de muita vulnerabilidade social e que têm as suas perspectivas de vida transformadas com o contado com a escola em Joinville. A arte e a cultura têm esse poder. Conseguir enxergar um futuro diferente daquele que está sentenciado naquele momento é uma coisa muito preciosa”, apontou.

Os alunos recebem bolsa para estudar, mas as famílias precisam bancar a moradia e a alimentação. Maikon contou que, para reduzir os gastos, surgiram as mães sociais, que geralmente são mães de um aluno do Bolshoi que abrem as suas casas em Joinville para receber outras crianças e jovens de famílias que não têm recursos financeiros de uma mudança para a cidade. “Acabam aparecendo essas pequenas repúblicas em que um responsável assume a residência das demais crianças”

“Fui aluno da escola e posso dizer que o apoio, o comprometimento da família junto com a criança faz toda a diferença na formação dela e no profissional que ela vai se tornar. Esse apoio familiar é imprescindível para que aquela criança consiga fazer os oito anos de curso, passar por todos os desafios inerentes à profissão. A gente costuma dizer que não é apenas o aluno que se torna Bolshoi, mas a família se torna Bolshoi, a comunidade que ele está inserido, e assim por diante”, apontou.

 

 

Anvisa suspende interdição de venda de creme dental da Colgate


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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a interdição do creme dental Colgate Total Clean Mint, determinada na última quinta-feira (27), após apresentação de recurso pela empresa. Ainda assim, a Anvisa emitiu alerta sobre a possibilidade de ocorrência de reações indesejáveis ao uso de cremes dentais que contenham fluoreto de estanho na formulação.

A orientação é que os consumidores e profissionais de saúde notifiquem as reações adversas às autoridades sanitárias pelo sistema e-Notivisa“A agência recebeu relatos de eventos adversos que indicam que a presença na formulação da substância fluoreto de estanho, que tem conhecidos benefícios antimicrobianos e anticárie, pode estar associado a reações indesejáveis em alguns usuários”, alerta a Anvisa.

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>> Algumas das possíveis reações adversas relacionadas ao uso de cremes dentais contendo fluoreto de estanho são:

  • Lesões orais (aftas, feridas e bolhas);
  • Problemas na língua;
  • Sensações dolorosas (dor, ardência, queimação);
  • Inchaço (amígdalas, lábios e mucosa oral);
  • Sensação de dormência (lábios/boca); e
  • Irritações gengivais.

“A recomendação é para que os consumidores observem sinais de irritação e interrompam o uso do produto nessa situação. Caso o desconforto seja persistente é importante procurar um profissional de saúde”, acrescentou, em nota.

Já os profissionais de saúde devem monitorar sinais de alterações bucais, orientar os pacientes sobre possíveis reações adversas e recomendar alternativas para indivíduos sensíveis. Ainda, segundo a Anvisa, os fabricantes devem garantir que os rótulos dos produtos contenham informações claras sobre possíveis reações adversas e instruções de uso adequadas.

Na quinta-feira (27), a Anvisa determinou a interdição de todos os lotes do produto Colgate Total Clean Mint, que é uma ação de fiscalização com o objetivo de reduzir o risco relacionado a exposição ao creme dental. Já o alerta sanitário é uma manifestação técnica que aborda sinais de riscos associados a algum produto sujeito à vigilância sanitária e serve como orientação aos consumidores e profissionais de saúde.

“No Brasil, dados oficiais de cosmetovigilância da Anvisa, somados a relatos em mídias sociais, plataformas de reclamações de consumidores e reportagens da imprensa, evidenciam um padrão crescente de reações adversas a esses cremes dentais”, alertou.

Colgate

O documento da agência indicava que o produto não deveria ser consumido ou comercializado por 90 dias, para que fosse realizada uma investigação sobre a inclusão da substância fluoreto de estanho na fórmula e as reações relatadas por consumidores, como: sensação de ardência, queimação na boca e até mesmo de lesões.

A linha de produtos Colgate Total Clean Mint substituiu a linha Total 12 da marca. A recomendação da Anvisa era para que o creme dental com a nova fórmula não fosse exposto ao consumidor até que fosse comprovada a sua segurança, mas não existia determinação de recolhimento dos produtos.

Com a suspensão da interdição, a venda está liberada. Segundo a Anvisa, a ação de fiscalização seguirá os trâmites administrativos da agência.

Em nota, a Colgate diz que o produto não oferece riscos à saúde, mas algumas pessoas podem apresentar sensibilidade a certos ingredientes. A empresa informou ainda que está trabalhando em colaboração com as autoridades e providenciando os esclarecimentos necessários.

Casos de sarampo preocupam, mas Brasil ainda é país livre da doença


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O aumento de casos de sarampo no continente americano acende um alerta para o Brasil, mas, por enquanto, os três casos confirmados aqui não comprometem o certificado de país livre da doença, reconquistado no ano passado.

“Para a gente perder essa recertificação, a gente tem que ter durante um ano, a partir do primeiro caso, cadeias de transmissão com o mesmo genótipo do vírus circulando”, explica a chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais da Fundação Oswaldo Cruz (Tiocruz), Marilda Siqueira, O laboratório é credenciado como unidade de referência regional para sarampo pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Por enquanto, o Ministério da Saúde confirmou apenas casos esporádicos: dois no Rio de Janeiro, em bebês gêmeos que ainda não tinham idade para se vacinar, e um no Distrito Federal, em uma mulher adulta que provavelmente foi infectada em uma viagem ao exterior.

Das 110 suspeitas notificadas até o dia 12 de março, 22 ainda estavam em investigação nessa data, de acordo com a última atualização do painel epidemiológico da pasta.

Os casos suspeitos de sarampo são de notificação compulsória, ou seja, devem ser comunicados imediatamente às autoridades de saúde. Há um protocolo rígido para quando são confirmados, que inclui a identificação e o monitoramento de todas as pessoas que podem ter sido infectadas pelo doente, e o bloqueio vacinal, que é o reforço da vacinação nos locais que essa pessoa frequentou, como escola e local de trabalho.

“O sarampo é causado por um dos vírus mais infecciosos que existem. Se alguém com sarampo chega em um ambiente com baixa cobertura vacinal, o vírus é transmitido para 17 pessoas, mais ou menos. Já o SARS-CoV, por exemplo, é transmitido para duas pessoas, apesar de ser um vírus que também é muito transmissível”, complementa a chefe do laboratório da Fiocruz.

Casos nas Américas

O risco se intensifica quando há surtos em outros países. Relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgado em 24 de março, aponta que, este ano, 507 casos foram confirmados em outros países do continente, superando a contagem de todo o ano passado. São 301 nos Estados Unidos, com duas mortes; 173 no Canadá; 22 no México e 11 na Argentina. A Opas avalia que o risco de disseminação da doença, com ameaça à saúde, é alto.

O último grande surto vivido no Brasil comprova como os vírus não conhecem fronteiras. Em 2017, o Brasil estava recebendo muitos cidadãos da Venezuela, onde os casos de sarampo estavam altos. No ano seguinte, os registros explodiram nos estados próximos à fronteira, e começaram a surgir também em outros locais.

“Os culpados, por assim dizer, não foram os cidadãos da Venezuela. É porque naquela época nós já estávamos com deficiência na nossa cobertura vacinal. Hoje em dia, com todas as conexões que nós temos, principalmente através da aviação,  naturalmente nós esperamos, não só no Brasil, um número de casos importados todos os anos. O que a gente não deve ter é essa grande batalha para que não tenha cadeias de transmissão. A gente tem uma ferramenta poderosa na nossa mão que é a vacina”, lembra Marilda Siqueira.

Vacinação

A vacina contra o Morbilivirus, causador do sarampo, foi desenvolvida na década de 1960, mas a imunização só foi intensificada no Brasil a partir dos anos 1990, quando autoridades de todo o mundo decidiram concentrar esforços no controle da doença, já que a maior preocupação anterior, a poliomielite, havia sido erradicada. Antes disso, o sarampo matava cerca de 2,5 milhões de crianças no mundo por ano.

Atualmente, ela é aplicada no Sistema Único de Saúde (SUS) como parte do imunizante Tríplice Viral, que também protege contra a caxumba e a rubéola. A primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de idade, e a segunda, aos 15.  Em 2024, o Brasil atingiu a meta de cobertura de 95% na primeira dose, mas menos de 80% dos bebês tomaram a segunda.

“A eficácia dessa vacina é de 93% a 95%, o que significa que 5% a 7% das pessoas não vão responder de forma adequada. Então a gente faz a segunda dose por dois motivos: para evitar essa falha primária e porque, com o passar do tempo, a proteção diminui naturalmente, e o reforço prolonga essa proteção”, explica o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.

Cunha complementa que o Brasil ainda está superando outro agravante: “Durante a pandemia, caiu muito a cobertura vacinal, então, vamos dizer, se a gente teve 70% de cobertura, significa que 30% daquelas crianças não foram vacinadas no tempo correto. Se elas não foram vacinadas até agora, elas vão engrossar um grupo de suscetíveis.”

Por isso, pessoas de até 59 anos, que não se vacinaram ou não sabem se foram imunizadas também devem procurar as unidades de saúde. Os dados das infecções registradas este ano nas Américas mostram que o sarampo não é uma doença exclusiva de crianças pequenas: quase metade dos infectados tem de 10 a 29 anos.

Ainda que os adultos tenham menos chances de adoecer com gravidade, eles transmitem a doença normalmente, inclusive para bebês menores de 1 ano e pessoas com alguma imunodeficiência que não podem se vacinar. Mas, se a cobertura de 95% for atingida para toda a população, nas duas doses, todos ficam protegidos pela imunidade coletiva, já que a vacinação em altas taxas quebra a cadeia de transmissão do vírus.

“O sarampo é frequentemente descrito como o melhor sinal de que a vacinação não vai bem em algum lugar, porque como ele é muito facilmente transmissível, qualquer perda na imunidade coletiva já permite que pessoas suscetíveis adoeçam, em especial, as crianças mais novas”, complementa a chefe de Saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Luciana Phebo.

Ela reforça que a queda na cobertura das vacinas de rotina, observada globalmente durante a pandemia de covid-19, é uma causa fundamental para esse aumento de casos de sarampo, mas também responsabiliza a hesitação vacinal, “que chegou a ser considerada uma das principais ameaças à saúde pública global”.

O termo significa o atraso ou a recusa em se vacinar, mesmo quando as vacinas estão disponíveis. A principal causa da hesitação é a perda do medo da doença, mas ela também pode acontecer quando as pessoas não estão bem informadas, e têm medo ou dúvidas sobre a vacina, ou quando acreditam em discursos falsos.

Estudo mostra que teleconsulta é eficaz no acompanhamento médico


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Uma consulta médica sem sair de casa, usando apenas o celular ou outro dispositivo eletrônico conectado à internet. Impulsionada pela pandemia, a teleconsulta ganhou espaço e passou a ser vista como uma forma de expandir o acesso e oferecer acompanhamento a pacientes das redes públicas e privadas de saúde. Mas a modalidade é mesmo confiável e eficaz?

Estudos em todo o mundo buscam responder a essa pergunta, assim como investigar em que situações deve ou não ser usada. Uma dessas pesquisas investiga a teleconsulta para pacientes com diabetes tipo 2 no sistema público de saúde brasileiro. O trabalho foi conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) e foi publicado na revista científica The Lancet.

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O estudo compara o acompanhamento de pacientes com diabetes tipo 2 por teleconsultas com endocrinologistas com o mesmo tipo de acompanhamento feito presencialmente por esses profissionais. A conclusão é que as teleconsultas se mostraram tão eficazes quanto os encontros presencias.

“É importante ter um estudo que mostre que realmente está comprovado que a teleconsulta é segura. Dá um embasamento para outros profissionais, para médicos que vão fazer a consulta, para gestores de saúde”, diz uma das autoras do estudo, Daniela Rodrigues.

A gerente de pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Rosa Lucchetta, complementa que o estudo não mostra que a teleconsuta é melhor do que a presencial, mas apenas que é também segura.


Brasília (DF), 27/03/2025 - Estudo mostra que teleconsulta é eficaz no acompanhamento médico. Rosa Lucchetta. Foto: Elias Gomes/Divulgação

 Gerente de pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Rosa Lucchetta. Elias Gomes/Divulgação

“A pesquisa teve o objetivo de mostrar que a teleconsulta é tão boa quanto a consulta presencial. A gente não está substituindo [a presencial] por um método mais acessível em que a população pode perder em benefícios de saúde, em segurança do seu tratamento. A gente, em hipótese alguma, está falando que teleconsulta é melhor do que o presencial”, reforça.

Por meio do Proadi-SUS, hospitais sem fins lucrativos de referência direcionam recursos que seriam pagos em impostos para apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês..

Diabetes e teleconsulta

O estudo acompanhou 278 pacientes, majoritariamente mulheres (60%), com idades entre 54 e 68 anos. Todos são pacientes do SUS em Joinville (SC). A cidade foi escolhida por possuir uma estrutura de telemedicina no serviço público.

Já a escolha por pesquisar pacientes com diabetes tipo 2, o chamado diabetes mellitus, se deu por conta do número de pessoas que convivem com a doença e pelas consequências, tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde, que a falta de acompanhamento adequado pode gerar.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença no Brasil, o que representa 6,9% da população nacional. Rodrigues explica que a doença exige um acompanhamento constante, algo em que a teleconsulta pode ajudar. Além disso, caso não seja feito o acompanhamento com os cuidados adequados, a doença pode levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.

“O diabetes é uma doença que, além de aumentar a chance de as pessoas morrerem se não for controlado, tem também um elevado índice de morbidade, ou seja, de gerar complicações. Isso impacta não só na qualidade de vida da pessoa, como também sobrecarrega os sistemas de saúde, público e privado. Então essa foi a condição sensível para ser estudada”, diz Rodrigues.

Puderam participar do estudo pacientes que já estavam em tratamento no SUS. Eles foram distribuídos em dois grupos: um deles teve consultas presenciais, e o outro, teleconsultas. Ambos os grupos tiveram as mesmas quantidades de consultas e foram tratados apenas com medicamentos e exames disponíveis na rede pública. Ao final do estudo, mostrou-se que o acompanhamento remoto com médico especialista foi igualmente eficaz.

O estudo é um dos poucos no mundo, segundo as pesquisadoras, que se trata de um ensaio clínico randomizado, ou seja, os pacientes foram distribuídos nos grupos de forma aleatória, o que confere maior segurança aos resultados.

“Você tem, na medicina, um procedimento que a gente coloca como o padrão ouro. Indiscutivelmente, é a consulta presencial”, diz Rodrigues. “Eu penso na teleconsulta como uma maneira de aumentar o acesso. Se a gente imaginar uma população ribeirinha que precisa de uma avaliação do endocrinologista, ela não vai mais precisar se deslocar três, quatro horas, em um barco, para ter acesso”, defende

A pesquisadora acrescenta que não apenas as populações isoladas são beneficiadas, mas também aqueles que vivem em grandes cidades, que enfrentam congestionamentos e falta de transporte público eficiente, por exemplo.

Telessaúde

No Brasil, o SUS foi pioneiro na implementação da chamada telessaúde, em 2006, com a criação do Programa Telessaúde Brasil Redes. Trata-se de uma das principais estratégias do Programa SUS Digital.  

Com a pandemia, o uso de tecnologias passou a ser mais difundido. Em 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM), publicou resolução que define e regulamenta a telemedicina, como forma de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação. “A telemedicina, hoje, é um instrumento de muita importância, dá um acesso a um grupo enorme de pessoas”, diz foi o 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes.

Fortes também defende que a telemedicina não deve substituir totalmente os atendimentos presenciais, mas complementá-los. “Tem algumas coisas que a mensuração feita à distância não consegue alcançar, como a cor real do paciente e o odor que o paciente exala. Isso tudo tem importância”, diz e ressalta: “Uma emergência tem que ser atendida nos estabelecimentos assistenciais, nos hospitais”.

Ainda segundo Fortes, a telemedicina não deve substituir a alocação de médicos em áreas remotas. “A gente recomenda que a contratação de médicos dê preferência para esses locais mais distantes e remotos”, defende.


Brasília (DF), 27/03/2025 - Estudo mostra que teleconsulta é eficaz no acompanhamento médico. Emmanuel Fortes. Foto: CFM/Divulgação

1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Emmanuel Fortes. CFM/Divulgação

Integração

As teleconsultas não são ofertadas de maneira isolada dentro do SUS, fazem parte de uma rede de atendimento, tanto mediada por tecnologia quanto presencial, que envolve as secretariais estaduais e municipais de saúde, além de universidades, que prestam suporte. Segundo a pesquisadora e professora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ilara Hämmerli, que é Integrante do Grupo temático de Informações em Saúde e População da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o serviço não deve ser ofertado isoladamente.

“A gente sabe que o médico isolado no seu consultório, seja ele presencial ou mediado pela internet, sozinho, ele ajuda naquele momento, mas ele não dá conta da complexidade os processos de saúde e doença”, diz. Isso porque os atendimentos exigem, muitas vezes, exames e encaminhamentos para atendimentos presenciais, e é necessário que a rede esteja estruturada para essa oferta.


Brasília (DF), 27/03/2025 - Estudo mostra que teleconsulta é eficaz no acompanhamento médico. Ilara Hämmerli. Foto: Virgínia Damas/Ensp

Professora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ilara Hämmerli. Virgínia Damas/Ensp

“A gente tem que garantir, para um projeto de fato cidadão, um processo de fato que respeite a saúde, que cuide da população brasileira, a integralidade da atenção. Ou seja, começa na atenção básica, mas, assim que [o paciente] precisar de um exame ou de alguma coisa, ele tem para onde ser encaminhado. E se ele precisar de uma internação ou de alguma coisa mais complexa, ele tenha garantido o acesso a esse hospital. Esse é o grande desafio, no momento, a integração dos processos de telessaúde no SUS como um todo, garantir essa integralidade da atenção à saúde”, explica.

A viabilidade da telessaúde passa ainda por garantir acesso a tecnologias a toda a população brasileira e também capacitar as pessoas para que saibam usar esses dispositivos de forma eficiente. Dados do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), mostram que apenas 22% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade têm condições satisfatórias de conectividade

Passa ainda, segundo Hämmerli, por garantir a segurança dos dados dos pacientes e mesmo a segurança nacional, evitando que informações importantes de saúde, exames e diagnósticos sejam compartilhados em aplicativos de grandes empresas de tecnologia, as chamadas Big Techs.

“É uma estratégia de Estado preciosa, mas que a gente precisa entender todas as salvaguardas e tudo que envolve a complexidade desse processo. Não dá para a gente achar que telemedicina ou telessaúde ou saúde digital é apenas botar a infraestrutura de uma operadora de internet, ter um médico ou um profissional de saúde fazendo o atendimento mediado pela tecnologia. Isso é importante, é necessário, mas não é suficiente para dar conta dos desafios complexos que hoje a atenção à saúde requer”, afirma Hämmerli. 

 


Médicos realizam atendimento remoto a pacientes que usam sistema público de saúde.

Médicos realizam atendimento remoto a pacientes que usam sistema público de saúde. – Davidyson Damasceno/IGESDF

Ministério da Saúde

De acordo como Ministério da Saúde, a Rede Brasileira de Telessaúde conta com 27 núcleos, chegando a todos os estados brasileiros. Entre 2023 e 2024 foram realizados aproximadamente 4,6 milhões de teleatendimentos, como teleconsultas, telediagnósticos, emissão de laudos à distância e teleconsultorias entre profissionais. 

Os serviços de telessaúde cresceram significativamente desde a pandemia de Covid-19. Na Atenção Especializada à Saúde, o número de consultas aumentou, de 2022 para 2024, 99,8%, saindo de 679.265 para 1.138.828 atendimentos. O número de atendimentos em 2024 superou até mesmo os de 2021 (1.080.318), ano de pandemia. 

A pasta tem como meta implantar dois Núcleos de Telessaúde por estado até 2026. Além disso, pretende ampliar o número de Pontos de Telessaúde nos diversos serviços de saúde e em regiões de vazio assistencial; fortalecer a integração entre os serviços remotos e presenciais; e expandir o uso da telessaúde para todas as regiões e perfis populacionais, especialmente os mais vulneráveis.

Segundo o Ministério, a telessaúde “é uma estratégia essencial para ampliar o acesso às ações e serviços de saúde e reduzir desigualdades regionais, levando atendimento e orientação especializada a locais de difícil acesso. Ela complementa o atendimento presencial, ampliando a capacidade resolutiva da rede, sem substituí-la”, diz a pasta em nota.  

Ao todo, o Ministério da Saúde destinou, em 2024, R$ 464 milhões para a transformação digital do SUS, incluindo a expansão da telessaúde, com adesão de 100% dos estados e municípios ao Programa SUS Digital.